JEANE BORDIGNON

Coletivo de Escritores Negros lança seu primeiro livro na 70ª Feira do Livro de Poa: A Feira também é preta!

Pelo terceiro ano consecutivo, o Coletivo de Escritores Negros (CEN) mostra seu trabalho na Feira do Livro de Porto Alegre. E nessa 70ª edição do evento, com ainda mais força e um gostinho especial. Além de lançar o livro Meu Corpo Negro – Territórios, o coletivo também está entre os finalistas do prêmio da Associação Gaúcha de Escritores (AGES) com a publicação de 2023, a revista Meu Corpo Negro – Memórias.

O Coletivo de Escritores Negros surgiu em novembro de 2021, com um grupo de autores e autoras motivados pela falta de espaço para o povo negro nos eventos culturais da capital do RS. Assim, o escritor Gilberto Soares propôs uma Feira do Livro Afro, que no dia 20 de novembro ocupou o Largo Zumbi dos Palmares. Foi o começo dessa caminhada, que começou a ser coroada no ano seguinte, com o lançamento da revista Meu Corpo Negro, dentro da programação da Feira do Livro de Porto Alegre.

Agora, em 2024, a maior feira do livro a céu aberto da América Latina conta pela primeira vez com uma curadoria dedicada à Literatura Negra. Sob a coordenação da escritora e musicista Lilian Rocha, uma variada programação inclui as expressões artísticas da cultura afro-brasileira durante os 20 dias do evento.

E o Coletivo de Escritores Negros também faz parte desse novo momento. No dia 16 de novembro, sábado, às 14h, no Auditório Barbosa Lessa do Espaço Força & Luz (antigo CCCEV) será lançado o livro Meu Corpo Negro – Territórios, a terceira publicação do grupo. “Traduzir o corpo negro como território que habita e é habitado por outros territórios é o eixo deste livro de contos, poesias e crônicas do Coletivo de Escritores Negros, diverso em sua composição identitária, interligado na perspectiva de olhar o passado, pensar e viver o presente para projetar o futuro antirracista”, assim o CEN apresenta esse novo trabalho.

Atualmente, o coletivo conta com mais de 40 escritores e vem participando de muitos eventos literários em várias cidades do estado. “Um verdadeiro quilombo literário” é a forma como o grupo se define. Os encontros neste ano aconteceram mensalmente no museu Júlio de Castilhos. E quem quiser acompanhar os movimentos desse coletivo tão forte, é só seguir @coletivodeescritoresnegros no Instagram.

Durante esse mês de novembro também está acontecendo a votação do Prêmio AGES Livro do Ano 2024, no qual a revista Meu Corpo Negro – Memórias concorre na categoria especial. Até o dia 30, os livros finalistas selecionados pelo júri especializado estarão à disposição das escritoras e escritores associados à AGES em uma sala on-line para votação.

A cerimônia de entrega do Prêmio vai ocorrer no dia 4 de dezembro no Espaço Força e Luz, que fica na Rua dos Andradas, 1223, pertinho da nossa querida Praça da Alfândega, que já esteve debaixo d’água neste ano, mas agora está tomada de cultura. É lindo ver a praça ocupada pelos livros e eventos novamente! E, melhor ainda, com muitos autores negros fazendo parte dessa verdadeira festa literária. 

Então, fica a dica para o dia 16 de novembro: às 14h, lançamento do livro Meu Corpo Negro – Territórios, no Espaço Força e Luz. Vá, adquira esse livro, que tenho certeza que está lindo, e conheça os autores. Eu tenho as duas primeiras revistas repleta de autógrafos, e lembro com muito carinho desses lançamentos.

E leia autores negros. Considero uma obrigação para nós, pessoas brancas… Precisamos ouvir o povo preto e olhar para fora da nossa bolha de privilégios. Nunca saberemos o que é viver na pele de uma pessoa preta, mas podemos (e devemos) buscar ter consciência do racismo estrutural em que estamos inseridos. Como bem disse a mestra Angela Davis: “Numa sociedade racista não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”.

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