A crise no transporte coletivo que precisou do aporte de R$ 5 milhões da Prefeitura para manter congelada a tarifa das linhas municipais e para repor perdas da concessionária com a pandemia teve mais um episódio nesta terça-feira, agora relativo às linhas intermunicipais. A Sogil retirou os cobradores das linhas comuns. As municipais e intermunicipais semidiretas já estava sem cobradores. É o motorista quem recebe o pagamento do passageiro.
Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários Urbanos de Gravataí, Vilarci Gomes Peixoto, pelo menos 60 funcionários foram demitidos.
– Isso não está acontecendo somente em Gravataí. A Metroplan fez uma pesquisa que mostra que a maioria dos clientes usa passe ou cartão. Então, as empresas têm tomado a decisão de demitir os cobradores. A maioria das empresas da Região Metropolitana já fez demissões – disse à jornalista Giane Guerra, de GZH.
Em nota a Sogil explicou que desde 2016 tem reduzido o número de cobradores para enfrentar os custos do transporte, impactado pela queda no número de passageiros.
– Hoje, transportamos cerca de 50% do número de clientes se comparado a antes da pandemia. Se os custos não forem reduzidos, e a folha de pessoal é o maior deles (50%), teremos uma tarifa cada vez maior e menos atrativa, afastando ainda mais as pessoas do transporte coletivo. Por este motivo, foram estabelecidas algumas modificações operacionais, com medidas menos onerosas que beneficiem o sistema como um todo – diz trecho da nota da Sogil.
Siga a íntegra e, abaixo, concluo.
“…
Há um esforço sendo realizado para adequar os custos do transporte, em virtude da queda drástica no número de passageiros, realidade que não é apenas de Gravataí e da SOGIL, mas de outros municípios da RMPA e do Brasil afora.
Hoje transportamos cerca de 50% do número de clientes se comparado a antes da pandemia. Se os custos não forem reduzidos, e a folha de pessoal é o maior deles (50%), teremos uma tarifa cada vez maior e menos atrativa, afastando ainda mais as pessoas do transporte coletivo. Por este motivo, foram estabelecidas algumas modificações operacionais, com medidas menos onerosas que beneficiem o sistema como um todo.
A SOGIL já opera desde 2016 com linhas comuns onde não há cobrador. Atualmente, todas as linhas municipais tem esta configuração. Igualmente ocorre nas linhas intermunicipais semidiretas, onde é o motorista quem cobra a passagem. Estamos ampliando, a partir de hoje, esta mesma configuração para modal intermunicipal comum.
É importante salientar que 72% dos clientes utilizam o cartão TEU! para passar a roleta de forma independente (sem interferência de cobrador ou motorista), onde o cliente mesmo aproxima o cartão do validador para a validação da passagem.
…”
Ao fim, como tratei em artigos como Socorro milionário ao transporte público de Gravataí: a responsabilidade dos vereadores e o sincericídio de Zaffa é um debate inadiável, e o caos no sistema de Porto Alegre evidencia isso, com empresas paradas por falta de diesel e parcelando salários.
Nenhuma grande cidade escapará da impopular ‘institucionalização do subsídio’. Assim como os estados, responsáveis pela regulação das passagens intermunicipais, também precisarão encontrar soluções, ou o céu é o limite para aumento nas tarifas.
Em Gravataí, que com o aporte de R$ 5 milhões congelou as passagens municipais em 2021, Luiz Zaffalon (MDB) vai repetir o subsídio no ano que vem. O prefeito confirmou o estudo de alternativas, entre elas criar uma taxa no IPTU para financiar o transporte coletivo, na entrevista 6 meses na Prefeitura de Gravataí: Zaffa fala tudo.
Fato é que qualquer subsídio ou novo imposto para congelar ou até mesmo baixar a passagem precisa passar pela Câmara. Será um teste para a responsabilidade dos vereadores, que na aprovação dos R$ 5 milhões foram alvos no Grande Tribunal das Redes Sociais.
O que não reputo correto é criticar o subsídio para manter as passagens congeladas e também criticar o aumento nas passagens intermunicipais devido à falta de aporte às empresas, como tratei em Nem o ’Seu Sogil’, nem o Zaffa aumentaram a tarifa do Gravataí-Porto Alegre; A hora do pesadelo (o subsídio).
É caça-cliques, que só resolve a popularidade de quem o comete.
Não ajuda em nada as famílias dos cobradores demitidos na pandemia.
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