Gravataí ganhou seis posições, mas se mantém entre as piores do Brasil no ranking do saneamento. O levantamento feito pelo Instituto Trata Brasil com base em dados de 2019 mostra que o município subiu do 94º lugar para o 88º em 2021. O percentual da população atendida com água é de 95,24% e com esgoto 33,57%.
A expectativa de reversão dos números trágicos é, para o governo Luiz Zaffalon, a parceria público-privada (PPP) da Corsan com o consórcio Aegea, que envolve 9 municípios da Região Metropolitana e projeta universalizar os serviços, com investimento de R$ 1,77 bilhão em 11 anos.
Conforme o marco nacional do saneamento o prazo é até 2033. Mesma legislação que, conforme o governador força uma inevitável privatização pela incapacidade de investimento da Corsan e serve de justificativa para o governador tentar tirar da Constituição Estadual a necessidade de plebiscito para autorizar a venda da estatal.
A esperança de Zaffa segue a mesma.
– A PPP não muda com uma privatização. É a única alternativa.
Pedi uma análise sobre a privatização, e o prefeito, que presidiu a Corsan no governo Yeda Crusius, enviou WhatsApp.
“…
Quando fui presidente eu dizia aos funcionários que isto iria acontecer, que era o caminho natural para uma empresa que não cumpria minimamente sua missão.
Eu fui da CRT e lá ocorreu isso também, naturalmente.
Sou favorável a privatização como cidadão e prefeito de Gravataí.
Temos 20% de esgoto coletado e 85% com água potável, sendo que em grandes áreas da cidade falta água todos os dias.
A Corsan perde mais de 50% do que produz.
A cidade cresceu e a companhia não acompanhou e nem tem como acompanhar – isto está comprovado.
Não investe na recuperação e prevenção do Rio de onde ela tira a matéria prima. Faz buracos em toda cidade e não recupera à contendo e na rapidez que precisamos.
Em 2021, uma cidade grande como a nossa, não pode existir sem esgoto coletado e tratado; o rio Gravataí é uma cloaca. Não dá mais pra aceitar isto.
Tenho muitos e muitos empreendimentos parados por falta de esgoto e o rio podre.
A sociedade de Gravataí não aguenta mais a Corsan, disse há poucos dias para um diretor da empresa. Precisamos de investimentos e listamos quais são. Com a estatal já está provado que não serão feitos
…”
Ao fim, o especialista é Zaffa.
Resta-me, porém, uma certeza: além da polêmica política do plebiscito, não basta autorização para vender, é preciso depois ter quem queira comprar e arcar com os investimentos.
Na região metropolitana o bilhão para a PPP é barbada para reverter em lucro vendendo água, ainda mais com a Corsan tendo entrado com o investimento inicial.
A coisa fede quando é preciso outros 9 bilhões até 2033 para garantir água e esgoto para outros 200 municípios menores cobertos pela estatal.
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