RAFAEL MARTINELLI

A bagunça na base de Zaffa: vereador pede demissão de secretário, o caso da carreta, a denúncia da patrola e o “guri de m.”

Câmara de Vereadores de Gravataí | Foto ARQUIVO

A base de vereadores do governo Luiz Zaffalon resta uma bagunça. Problemas transbordaram na última sessão da Câmara de Gravataí.

Reputo não só o secretário da Assistência Social Artêmio Airoldi não tem mais condições de permanecer no cargo, mas o líder do governo Clebes Mendes (PSDB) também parece se esforçar para se inviabilizar numa função que é nobre na política.  

As águas da política já tinham subido antes. Dia 9, em O ‘sequestro’ de carretas de donativos de Camboriú para Gravataí: Prefeitura e vereador explicam; Entre a fake e a real news, escrevi:

Fato é que resta o governo constrangido, tendo que dar explicações pelo envolvimento de vereadores da base na decisão sobre o destino da carreta. Uma coisa boa ficou sob suspeita.

Pelo que apurei, balança o secretário de Assistência Social Artêmio Airoldi, indicação de Bombeiro.

Vereadores da base de governo entendem que era responsabilidade dele, como secretário, ter tomado a frente da operação, para evitar desconfianças sobre a politização da solidariedade.

Se me permite o secretário, fosse eu já teria pedido demissão, já que, na catástrofe, Artêmio não aparece na “linha de comando”, em lista enviada pelo prefeito Zaffa no grupo de WhatsApp dos vereadores, que reproduzo:


Na mesma semana, em vídeo no qual se defendia de suposta fake news distribuída por influencer, Bombeiro Batista (Republicanos) colocou Zaffa e o vice, Dr. Levi Melo (Podemos), dentro da polêmica da carreta; assista clicando aqui.

Já nesta terça Cláudio Ávila (União Brasil), vereador da base do governo, assim como tinha feito em sessões anteriores, pediu a demissão de Artêmio.

– Está faltando um pobre no comando dessa crise em Gravataí. Alguém que saiba o que é passar fome, passar trabalho – disse o vereador, que chamou a gestão da Assistência Social de “pataquada”.

– Vou na Polícia, no Ministério Público se for o caso. Secretário Artêmio, se o senhor gosta de Gravataí, peça demissão – cobrou.

Apenas Bombeiro ensaiou uma defesa de seu indicado, que nos bastidores já não é tão incisiva.

– Quem não gostaria de dar alimento para todo mundo, um cesto básico para cada um que chega lá? Mas é preciso ver as regras da assistência social – argumentou, pedindo por “soluções” e “recursos”, além de criticar Ávila por se comportar como “paladino da justiça”, “intimidar” e “ficar ameaçando”.

– Dizer que foi nomeado incompetente agora é ameaçar? – interviu Ávila.

– O senhor, presidente – disse Bombeiro, dirigindo-se ao presidente da Câmara, Alex Peixe (PSDB) – leve ao nosso governo o que aconteceu nessa sessão de hoje. É importante o prefeito saber que se não tiver alimento para dar para todo mundo, o secretário é o culpado.   

Os ataques entre os vereadores, com insultos vazando pelo microfone, como um “vai tu!”, começa em 3h44 do vídeo abaixo, com a sessão na íntegra.


Dos Grandes Lances dos Piores Momentos, no mesmo dia da polêmica, em grupo de zap dos vereadores, Fábio Ávila, do mesmo partido de Artêmio e Bombeiro, questionou como estava funcionando a distribuição de cestas básicas.

“Se o senhor, do partido que indicou o secretário, não sabe…”, responderam colegas, em diferentes formas de ironia.

Na mesma sessão, em outro valo da bagunça, Roger Correa (PP), também da base do governo, denunciou o que, salvo melhor juízo, pode configurar abuso de poder político, caso o envolvido seja candidato a vereador.

Conforme relatou na tribuna, máquinas da Prefeitura deixaram de fazer obras no El Cadiz após morador informar que tinha pedido o serviço a ele, vereador.

“Vai falar com o Roger, então”, teriam dito os operadores que, conforme acusou o vereador, estariam fazendo obras a pedido de outro político, “que não é vereador”, como disse, sem citar nomes.

Assista ao pronunciamento do vereador aos 54 minutos e 30 do vídeo da sessão, que reproduzi acima.

Para estourar o dique da bagunça, Clebes Mendes, líder do governo na Câmara, ou seja, a cara e a voz do governo no parlamento, ao menos conforme a função institucional que exerce respondeu assim a intervenção do vereador e presidente do MDB Alan Vieira:

– Inclusive o senhor botou seu governo fora, vereador Alan. Como diz seu padrinho político: “guri de merda, botou tudo a perder” – disse, simulando a voz característica do ex-prefeito Marco Alba (MDB).

Assista a fala aos 3 minutos do vídeo abaixo.


Ao fim, é obvio que Zaffa tem que cuidar da gestão da cidade, e agora de uma catástrofe, e hoje experimentamos mais um repique com chuvas de um mês em 24h, mas não pode descuidar da política.

Ou vira um cada um por si.

Em Cachoeirinha, prefeitos têm restado reféns do que chamo ‘República dos Vereadores’, onde cada político manda no pedaço conforme grita o interesse eleitoral particular – que raramente deságua no interesse público.

E tem sessão hoje, 17h.

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