É um erro o vereador Clebes Mendes (MDB) propor um título de cidadão gravataiense ao secretário estadual de Logística e Transportes Juvir Costella (MDB). O homenageado não tem culpa. Mas a Câmara da quarta economia do RS não pode servir de palanque – eleitoral e/ou para revanchismos políticos.
Dos Grandes Lances dos Piores Momentos é que, reputo, a justificativa é para envergonhar, não comemorar.
O Projeto de Decreto Legislativo 18/2021 foi lido na última sessão do legislativo e deve ser votado em 45 dias. Clique aqui para ler o currículo e a justificativa do vereador para homenagear o colega de partido com a maior honraria de Gravataí, que fala na “incansável atuação para a conclusão e entrega das obras da ERS-118, bem como o recente anúncio da construção das elevadas da ERS-118 com a Av. Centenário, promovendo grande melhoria na qualidade de vida dos gravataienses”.
É uma fake news creditar a duplicação da ERS-118 a Costella, que, em nosso modelo presidencialista, e a analogia vale para o governador, não agiu mais do que como um despachante na conclusão das obras. Que na prática não ocorreu ainda, como alertei após a cerimônia de inauguração em dezembro, em Duplicação completa da RS-118 é uma fake news. A elevada, por exemplo, ainda é uma promessa. O lançamento do edital, apesar da garantia de novembro, que reportei segunda em O que mais preocupa Zaffa sobre pedágio em Gravataí; A 020 e os 5 pedidos ao governador, é empurrado de mês a mês.
E entendo ser motivo de vergonha tentar politizar, personalizar ou se aproveitar das obras na 118, que demoraram 20 anos, ao custo de R$ 400 milhões em dinheiro público.
É mais fácil achar vilões do que heróis, já que a obra perpassou os governos Olívio Dutra (PT), Germano Rigotto (MDB), Yeda Crusius (PSDB), José Ivo Sartori (MDB) e agora Eduardo Leite (PSDB). Com Costella participando, à exceção dos governos petistas.
Para piorar, com a duplicação ‘pronta’, a ideia do governo estadual é conceder a exploração à iniciativa privada com um novo pedágio, o que não é motivo de comemoração entre a maioria dos vereadores.
Politicamente também é um desastre.
Costella é candidato à reeleição como deputado estadual ano que vem. E é notório que Clebes fará campanha para aquele que quer homenagear usando da estrutura pública.
Já isso deveria ser impedido por algum dispositivo no Regimento Interno da Câmara – e aqui fica a sugestão para a reforma que está sendo estudada pelos vereadores.
Há, também, evidências de que a Câmara será usada para revanchismo político, já que Costella é, junto à direção estadual, um defensor de Clebes no processo aberto pelo MDB de Gravataí e que o ameaça de expulsão desde 2020 pela suposta infidelidade partidária por ter votado contra as contas do então prefeito Marco Alba (MDB) e ter, supostamente, feito campanha para Dimas Costa (PSD) e não para Luiz Zaffalon (MDB) na eleição para a Prefeitura, como tratei em MDB quer expulsar Clebes, Paulinho da Farmácia e Nadir por trabalhar para Dimas.
Se for aprovado o título de cidadão para Costella, outros vereadores também se sentirão no direito de apresentar homenagens a seus candidatos em 22.
Márcia Becker (MDB), por exemplo, poderia homenagear Patrícia Alba (MDB) por ser a primeira mulher deputada de Gravataí. Anna Beatriz da Silva (PSD) poderia homenagear o companheiro, Dimas. Ambas menções seriam até mais justas, por serem políticos com história na aldeia. Mas arriscaríamos ter até um Bibo Nunes cidadão de Gravataí.
Ao fim, reafirmo que Costella, o homenageado, não tem culpa. Se ele ainda não pediu a Clebes para poupá-lo do constrangimento de ter votos contrários, ou até o título rejeitado, eu peço: retira, vereador!
A Câmara não pode ser palanque político ou de DR partidária.