coluna do cidade

A dor da dor da dor da dor da dor

A palavra morte escrita em esqueletos submersos

A palavra ganância escrita em esqueletos submersos

Na lama – onde o crânio de um boi se parte em vertigem

E um mamífero homem se acha em vantagem

Perante a dor de toda gente

Que nos diz em coragem

“eu nadei através do corpo do meu marido

Na lama

Ele era só um corpo no estouro da barragem

Ele era um grito no meu ouvido

Ele era a minha margem!”

A infância passa de marcha fúnebre até o cativeiro

O fruto dessa terra será bruto

Nem a peste que se nutriu de escuridão

Abateria assim seus inimigos

Ou contra seus amigos desceria a mão

Sem escudo

Sem refúgio

Abre bem a boca

A justiça irá adiante

Deixando meu povo triste

Mudo

O caminho do trovão

Esquadrinhou o altíssimo coração

Da paisagem

Como uma bomba nuclear

Que cobriu o rosto da nossa irmã

Do nosso irmão

Numa máscara sem ar

E querem os tolos uma arma a cada mão

E uma oração tosca

Quedando o espírito em salvação

As águas que entraram até a alma do meu povo

O mal que se fez mundo em profundo lamaçal

Que equidade tem nossos governantes?

Tão despreparados e claudicantes

Pra clamar

Pelas milhares e mais gargantas atoladas?

Assim como um gato brama nas correntes d’água e lama

Suspiram até as entranhas as línguas sem retidão

Contando unhas e ossos dessa terra devastada

Dessas terras desoladas.

 

(Nunca mais seremos como antes!)

 

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