Em sutis – ou nem tanto – movimentos, o prefeito Luiz Zaffalon (sem partido) e o ex-prefeito Marco Alba (MDB) avançam pelos terrenos da III Guerra Política de Gravataí; cujos detalhei reportei e analisei em artigos, na ordem cronológica, como Declarada III Guerra Política de Gravataí: Zaffa vai sair do MDB para enfrentar Marco Alba; Bem-vindo à política, prefeito!, Bomba em Gravataí! Nota do MDB é um aceite da guerra entre Zaffa e Marco Alba, III Guerra Política de Gravataí: o que diz Zaffa sobre a nota do MDB e sua desfiliação e Ao demitir Paulão, Zaffa afirma autoridade de prefeito, mas dá um tiro no coração do MDB de Gravataí; Mas, calma: sem Putins, a guerra resta adiada.
Nesta segunda-feira, após um encontro entre os dois no Parque Tecnológico do nobre Prado Bairro-Cidade e no Colégio Sinodal Prado, o ‘Grande Eleitor’ do MDB e a ex-primeira-dama e deputada estadual Patrícia Alba (MDB) levaram o governador em exercício, Gabriel Souza (MDB), para agenda na periferia de Gravataí, no loteamento Breno Garcia.
– Sabemos da importância da tecnologia. Em nossos governos modernizamos o serviço público e abrimos as portas de Gravataí para aqueles que quisessem investir nesta área. Foi desta forma que, a partir de 2019, o empresário Carlos Johannpeter viu a possibilidade de instalar o Prado Tech aqui. Hoje este empreendimento já é uma realidade – disse Patrícia, que na nota de sua assessoria informou ter recebido o convite de Gabriel para ir ao Prado, e citou as presenças de Marco, do presidente do Instituto Prado, Carlos Gerdau Johannpeter, do diretor-geral do Sinodal Ivan Renner, do diretor do Colégio Sinodal Prado Tiago Becker e de Zaffa.
No Breno, onde fica a escola Suely Silveira Soares, que leva o nome da mãe de Marco Alba, e foi apresentado por Patrícia como “o maior empreendimento habitacional do sul do país, entregue pelo ex-prefeito Marco Alba em 2019, onde mais de 2 mil famílias vivem com dignidade”, o casal repassou ao governador em exercício a demanda de educação de nível médio para atender toda aquela região – compromisso firmado com o governo do Estado, em 2014, que prevê a construção de uma Escola Estadual de Ensino Médio na comunidade.
Ao fim, há uma notória reaproximação dos Alba com Gabriel e, ao menos em votos da deputada em projetos importantes na Assembleia Legislativa, com o governo Eduardo Leite (PSDB); mesmo tenha o casal apoiado Onyx Lorenzoni (PL) e Marco carregue a alcunha de ‘anti-Leite’, a partir da polêmica entre os dois quando o Mercado Livre anunciou a desistência de investir em Gravataí.
As conversas, que começaram em um almoço há duas semanas, se publicizaram com a agenda na periferia e podem ter uma confirmação no voto da deputada no projeto de reestruturação do IPE Saúde, por obvio tem relações com as eleições futuras; não só para a Prefeitura de Gravataí, em 2024, com bloqueios a eventuais movimentos de Zaffa, que segue sem partido, mas também para o Governo do Estado, em 2026 – como Leite não pode concorrer à reeleição, Gabriel é o candidato natural pelo MDB que hoje é de Marco e Patrícia, mas não mais do prefeito candidato à reeleição.
Insisto, como no artigo sobre o rompimento. Leiam Guerra e Paz, de Tolstói, para compreender. Ninguém é candidato de si mesmo. “A soma das vontades fez a revolução”, está lá, entre as 1255 páginas da primeira parte e às 2528 da segunda.
Um comandante em chefe nunca se encontra no início de nenhum acontecimento, condição em que nós sempre encaramos um acontecimento. Um comandante em chefe sempre se encontra no meio de uma série de acontecimentos em curso.
De modo imperceptível, minuto a minuto, o acontecimento toma a forma do seu significado, e a cada momento dessa coerente e ininterrupta transformação do acontecimento, o comandante em chefe está no centro de complicadas manobras, intrigas, preocupações, dependências, poderes, projetos, conselhos, ameaças, embustes, encontra-se o tempo todo na necessidade de responder a uma quantidade inumerável de perguntas que lhe são propostas, sempre contraditórias entre si.
São os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos: na III Guerra Política da Aldeia, pós Abílio x Oliveira, Bordignon x Stasinski – definição que não gostam nem um, nem outro, porque estão preocupados com a governabilidade que preserva os ‘civis’, os moradores de Gravataí – assim avançam Zaffa e Marco Alba; vezes sutis, outras nem tanto.
LEIA TAMBÉM
A III Guerra Política de Gravataí: a baixaria já contaminou a Câmara de Vereadores; A Caixa Pandora