“…
O sistema ‘3 As’ libera geral, do futebol ao lazer, passando pelo comércio. Vai, por exemplo, permitir shows em casas noturnas com até 300 pessoas, sem necessidade de autorização. Todos sentados, acreditemos.
Torçamos – e colaboremos – para que o ‘3 As’ não ganhe mais um ‘A’, de aglomeração.
…”
Foi o que conclui sábado, em Gravataí e Cachoeirinha: como estão números da COVID na estreia do ’3 As’; UTIs seguem lotadas.
Há quem simplifique e ache que quando encarno o Dr. Stockmann, de Um Inimigo do Povo, de Ibsen, sou contra o funcionamento de atividades comerciais que garantem o sustento de gente que perde o fôlego há um ano com a chegada dos boletos a cada fim de mês.
Mas os alertas que faço são para irresponsabilidades compartilhadas entre empreendedores e clientes, cuja consequência do 'quarto A', de aglomeração, leva a um 'quinto A', de abre-e-fecha, com prejuízo geral.
Uma prova está no Twitter de Gabriel Siota Ganzer, jornalista do Giro de Gravataí. Sob o texto “Gravataí, 16 de maio de 2021”, o maior especialista da aldeia na cobertura da segurança pública posta imagens de conhecida casa noturna, que fica na ‘CB da Aldeia’, perto da Guarda Municipal e não tão longe da Brigada Militar, onde a galera desmascarada e, pela idade, não vacinada, se embola, rebola, bebe e, aí não dá para ver no vídeo se compartilha narguilé, ao som do pancadão.
Sentado, conforme o protocolo sanitário, talvez só alguém descornado ou passando mal do trago ou do calor dos aerosóis humanos.
Aconteceu dois dias antes de os brasileiros que engasgam com quase 500 mil mortes ficarem chocados com imagens de festa-aglomeração no Copacabana Palace, o que fez com que a Prefeitura do Rio de Janeiro aplicasse multa de R$15.466,81 por infração sanitária gravíssima e interditasse a realização de festas por um período de 10 dias.
E horas antes do prefeito de Gravataí Luiz Zaffalon fazer um apelo por responsabilidade a partir da abertura de todas as atividades com o sistema ‘3 As’, em live que reportei na noite deste domingo em Abre tudo 24h: Zaffa apresenta novas regras para pandemia em Gravataí; ’Tudo que é licito pode funcionar’.
Ao fim, entre lícitos e ilícitos, para enfrentamento prático da pandemia, sem a colaboração das individualidades o ‘3 As’ do governador Eduardo Leite não é mais do que o sistema de colorir mapinha piorado.
Não que os alcaides não quisessem, mas o pincel que está nas mãos dos prefeitos é aquele com o qual só resta apagar o “quarto A”, de aglomeração.
Só que para isso não há nem estrutura, guardas ou brigadianos, em uma cidade de quase 500 km². Em resumo, na prática vale o slogan criado pelos publicitários da R&R Partners em 2000: “o que acontece em Vegas, fica em Vegas”.
Para piorar, Miguel Nicolelis alerta: “o General Inverno vem aí”, como detalho em O ’caminho da extinção’: Gravataí volta ter mais nascimentos que óbitos; O Nostradamus da pandemia e a profecia da terceira onda.
O Dr. Stockmann aqui não consegue deixar de ser um dos “idiotas que ainda ficam em casa”, como se referiu ontem o deprimente da república, só porque não temos mais a média recorde de 6,5 mortes diárias em março e hoje apenas 3 vidas são perdidas a cada 24 horas em Gravataí.
Idiota talvez, covidiota nunca.
Mal só faço para mim.
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