Imergi num movimento cíclico nos últimos meses.
Primeiras ondas:
levar e buscar o filho mais velho na escola. Bolo para o café. Minha barriga cheia, de alimento e de gente.
Depois, vieram as dores de uma tempestade ruidosa.
Um pequeno sol surgiu. Nos primeiros dias, acompanhado de alguns períodos de nevoeiro, desconhecimento e incerteza.
Segundas ondas:
trocar fralda, amamentar, embalar. Trocar, amamentar, embalar. Sem hora certa. Na temperatura do amor e do leite que jorrava sem fim.
Aos poucos, o ciclo das marés foi tornando-se mais previsível. Um sorriso surgiu, junto das brincadeiras. Dois dentes também.
Terceiras ondas:
fazer sopa, amamentar, trocar, embalar, brincar, ver desenho, fazer bolo para o café, dormir juntinho, à tarde, ver filme com o menino mais velho, ler um livro, ouvir música. Tudo novamente possível. Todos os dias.
Até que chegou o tempo. Ser além mãe tinha data marcada.
Quartas ondas:
tirar o chinelo, colocar salto, pegar ônibus, usar bolsa que não tenha um ursinho. Deixar os filhos. Seguros.
Emergir.
O além mãe é lugar da mulher profissional, da existência descolada e independente. É, também, um bom lugar, de onde se sente o cheiro da brisa daquelas ondas e de onde se tira a segurança do sustento.
As quintas ondas incluem a mais essencial de todas: abraçar.
Chegar do além mãe e ser recebida com afeto. Afogar a saudade. Amar.
Este será meu plano de navegação, a partir dos próximos dias.