A Câmara de Gravataí aprovou na noite desta quinta-feira, com o voto de desempate do presidente Alex Peixe (PRD), aumento nos salários de vereadores, prefeito, vice e secretários, valendo a partir 1º de janeiro de 2025.
Reputo mais uma vez os vereadores escolheram o momento errado para um debate necessário: um pós-temporal, assim como aconteceu em setembro de 2023, após Gravataí também ter sido varrida por ventos, granizo e chuva.
Á época, publiquei artigo: É desastre político aumento de salário para próximos prefeito, vice, secretários e vereadores de Gravataí entrar na pauta da Câmara em dia de ciclone; Saiba os valores.
Para piorar, e a seguir explico, ao votar às vésperas do Carnaval fica parecendo que os políticos não tem coragem de enfrentar o debate sobre os salários pagos hoje na quarta economia gaúcha.
Antes da análise – e dos votos – vamos às informações.
Os vereadores eleitos em 2024 terão salário de R$ 14.660,04 mil mensais. Hoje recebem R$ 11.057.
O próximo prefeito receberá R$ 27.775,07. O salário atual é de R$ 19.972. O vice-prefeito aumenta dos R$ 13.980 de hoje para R$ 19.442,54 em 2025. Os secretários municipais seguiriam equiparados aos vereadores, passando de R$ 11.057 para R$ 15.619.
O impacto mensal é de cerca de R$ 1 milhão.
Os vereadores também aprovaram – com único voto contrário de Dilamar Soares – o vale-alimentação para servidores da Câmara; antecipei hoje em Dos 600 mil aos 30 milhões: vereadores vão aprovar hoje vale-alimentação para servidores da Câmara de Gravataí; É a ‘cascata 2024’ no colo do prefeito Zaffa – e em ano eleitoral. “É direito de todo trabalhador”, diz presidente do legislativo.
Os parlamentares também criaram um novo cargo de indicação política, a coordenadoria de comunicação, com salário mensal de R$ 8 mil. Dila foi novamente o único voto contra.
Para além do voto contrário, houve abstenções e ausências, que você pode conferir assistindo à sessão completa, que reproduzo ao fim do artigo.
Vamos à análise.
Para quem acha que os políticos acordaram hoje e resolveram “vamos aumentar os salários”, é preciso esclarecer: é obrigação constitucional que os vereadores votem a fixação dos salários – com ou sem aumento – antes da eleição de 6 de outubro deste ano.
Conforme a Constituição Federal, “as Câmaras Municipais fixarão o subsídio dos Vereadores no final de cada Legislatura para vigorar na subseqüente”. O entendimento do Supremo Tribunal Federal é que “(…) quando a lei fala em fixação de remuneração, em cada legislatura, para a subsequente, necessariamente prevê que tal fixação se dê antes das eleições que renovem o corpo legislativo. Isso decorre, necessariamente, da ratio essendi do preceito. (Recurso Extraordinário nº 62.594/SP)”.
O valor escolhido para os vereadores é o teto – 50% do salário dos deputados estaduais, R$ 31.238 – definido pelo artigo 29 da Constituição Federal para municípios entre 100 mil e 300 mil habitantes. Gravataí tem 265 mil habitantes, conforme censo do IBGE 2022.
Está na lei que a fixação dos salários deve ser feita nesta legislatura para vigorar na próxima. Não significa obrigação de aumentar os salários até o teto previsto constitucionalmente.
Já aconteceu, inclusive: entre 2013 e 2020 o ex-prefeito Marco Alba manteve salários de prefeito, vice e secretários congelados, refletindo nos salários de atuais prefeito, vice e secretários. Em 2020, em meio à pandemia, Neri Facin, como presidente da Câmara, também congelou os salários, fazendo com que os vereadores da atual legislatura recebessem o mesmo que os anteriores.
Não reputo os aumentos imorais, longe disso.
Critico que, ao invés de votar um projeto às vésperas do Carnaval, os vereadores deveriam ter coragem de enfrentar o debate sobre a necessidade do aumento.
Eu sabia da intenção, foi combinado nesta semana em reunião entre vereadores, mas não publiquei antes porque queria comprovar a desconfiança que tinha de que alguns políticos queriam esconder o debate da sociedade.
Hoje entrou na pauta.
Por que os vereadores favoráveis não enfrentaram com transparência o debate e argumentaram que há dificuldade para atrair para a política, como candidatos à Câmara, e principalmente como secretários e CCs nos governos, pessoas com qualificação técnica, experiência ou potencial de crescimento profissional, que abdicam de aceitar convites para o serviço público porque podem ganhar bem mais na iniciativa privada?
Fato é que são grandes as responsabilidades de prefeitos, vices, secretários e vereadores – estes mais privilegiados porque podem exercer outras funções, com obrigatoriedade de comparecer apenas nas duas sessões semanais, terças e quintas, às 19h.
Alerto que essa falta de coragem para debater a pauta só alimenta o Grande Tribunal das Redes Sociais, que não permite aos políticos nada além da presunção de culpa.
Porque é obvio que todos vão entender que parte da Câmara tentou esconder o aumento, como uma coisa imoral e escandalosa, o que não é, por ter publicizado o projeto na pauta apenas às 17h30, para ser votado ainda hoje, a partir de acordo entre líderes partidários.
E, acrescento, assim como em 2023, sem respeitar, como observei na abertura do artigo, um compreensível ‘luto social’ devido à tragédia climática de 16 de janeiro.
O próprio líder do governo, Clebes Mendes, em seu primeiro pronunciamento na sessão disse que “muito já foi feito, mas muito há para fazer” na reconstrução da cidade após o fenômeno climático que atingiu todos os bairros de Gravataí.
Na tribuna, Cláudio Ávila fez uma defesa brilhante, mas inócua, porque ninguém ouviu, já que só os vereadores sabiam que o aumento seria votado hoje.
Na plateia só testemunhavam uns poucos assessores dos parlamentares. Na transmissão pelo YouTube, enquanto o vereador falava, apenas 10 pessoas assistiam.
Ávila errou apenas ao elogiar a Câmara por “votar antes da eleição”. Isso é uma obrigação legal, como referi acima. Não teria como ser diferente.
Vale o mesmo para o presidente Peixe, que pediu a palavra em seguida e também não se escondeu na defesa da necessidade do aumento para atrair gestores qualificados.
Até falou para um pouco mais de internautas que Ávila: 19.
Ao fim, a votação precisou ser desempatada por Peixe, como se fosse algo absurdo.
Não é gosto por nadar contra as águas, mas não sou contra o aumento para vereadores, prefeito, vice e, principalmente, secretários, a partir de 2025. O bilhão anual de Orçamento de Gravataí comporta, significa zero depois da vírgula.
O que condeno é o jeito que a coisa foi levada à votação e quase reprovada, como se um crime fosse. Não é. Vai ficar parecendo. Escrevam.
Aí, todas as bancadas tem culpa, tenham seus vereadores votado a favor, contra, ou se acovardado, já que assinaram acordo para que o aumento fosse votado hoje.
Reafirmo: preparem-se para o Grande Tribunal das Redes Sociais. O que poderiam ter respondido aos eleitores antes, com mais tempo e argumentos, vão responder agora. E, se me permitem uma sugestão: respondam, não bloqueiem. Funcionário que dá block em patrão acaba demitido.
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OS VOTOS
Votaram a favor dos aumentos – Alex Peixe, Bino Lunardi, Bombeiro Batista, Cláudio Ávila, Clebes Mendes, Fábio Ávila, Fernando Deadpool, Márcia Becker, Evandro Coruja e Roger Correa.
Votaram contra os aumentos – Alan Vieira, Alison Silva, Anna Beatriz da Silva, Claudecir Lemes, Dilamar Soares, Mário Peres, Paulo Silveira, Áureo Tedesco e Thiago De Leon.
Abstenção – Carlos Fonseca.
*Demétrio Tafras estava ausente devido a atestado de saúde.
Assista a sessão na íntegra (quando posto o artigo, ainda estão em andamento os debates)
Respostas de 2
Engraçado é que o aumento dos servidores foi de 3,8% e não temos vale alimentação nenhum. Os direitos são só dos políticos e protegidos, pra variar. E o restante dos servidores??
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