Menos de 24 horas após anunciar o maior pacote de investimentos da história do município, batizado de Cachoeirinha 2050, a administração do prefeito Cristian Wasem (MDB) deu início a uma articulação com o Governo do Estado para viabilizar uma das obras-chave do projeto: a construção de uma nova rodovia municipal em área pertencente ao Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA). A chamada Eletrovia, inspirada no traçado da futura RS-010, promete transformar a mobilidade urbana e consolidar a cidade como hub logístico da região metropolitana.
O programa, financiado por um crédito de U$ 78 milhões de dólares, quase meio bilhão de reais, do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), surge como resposta estrutural às enchentes catastróficas de maio de 2024, que deixaram 3 mil desabrigados e prejuízos econômicos milionários. Bairros como Meu Rincão e Vila Eunice foram arrasados, escolas e unidades de saúde danificadas, e a cidade ficou ilhada por dias.
— Foi um alerta para agirmos com urgência. Não são soluções pontuais, mas um redesenho da cidade para as próximas décadas — afirmou o secretário de Planejamento, Paulo Garcia, durante coletiva no Centro das Indústrias (CIC).
A rodovia que pode mudar o jogo logístico
Na quarta-feira (8), Cristian e Garcia, acompanhados do ex-prefeito de Gravataí Marco Alba (MDB), que carrega experiência de um município que executou mais de R$ 300 milhões em financiamentos nos últimos oito anos, reuniram-se em Porto Alegre com o vice-governador Gabriel Souza (MDB) e secretários estaduais para solicitar a cessão de parte da área do IRGA, onde passará a nova Eletrovia Urbana.
A estrada ligará a Avenida das Indústrias, próximo à Cientec, ao centro da cidade, integrando sistemas de drenagem resiliente, iluminação em LED, pontos de recarga para veículos elétricos e paisagismo sustentável.
— Essa via é um divisor de águas. Além de desafogar o tráfego nas avenidas Fernando Ferrari e Flores da Cunha, será um vetor de atração de investimentos — disse o prefeito, ressaltando que aguarda apenas a formalização da cessão para iniciar os projetos executivos.
O pleito incluiu ainda um apelo ao vice-governador, ao secretário estadual de Logística e Transportes, Juvir Costella e a secretária adjunta da Secretaria Extraordinária de Reconstrução, Ângela de Oliveira, para que o traçado definitivo da RS-010, ainda em estudos, mantenha passagem por Cachoeirinha.
— É essencial para a integração regional — reforçou Cristian.
O vice-governador Gabriel Souza prometeu “celeridade” na análise do pedido e garantiu articulação junto às secretarias responsáveis.
— Essa obra será um divisor de águas para a mobilidade e o crescimento econômico da egião metropolitana — afirmou.
Os três pilares do Cachoeirinha 2050
O programa divide-se em três eixos:
1.Infraestrutura Resiliente (R$ 78 milhões):
: Prolongamento da Av. Fernando Ferrari e construção da Eletrovia Urbana, que funcionará como dique contra enchentes (R$ 25 milhões).
: Urbanização do Arroio Passinhos, com canalização e recuperação ambiental (R$ 36 milhões).
: Viaduto na Fernando Ferrari com drenagem inteligente (R$ 7 milhões).
2.Edificações Públicas (R$ 72 milhões):
: Novo Centro Administrativo com Centro de Controle de Desastres (R$ 30 milhões).
: Centro de Eventos Sustentável com resistência climática (R$ 42 milhões).
3.Inovação e Gestão (R$ 2,4 milhões):
: Capacitação de mulheres e jovens em gestão de riscos.
: Sistema de georreferenciamento para monitoramento hidrológico.
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O financiamento, com garantia federal e prazo de 30 anos, será supervisionado por auditorias externas e tribunais de contas.
— Cada centavo será monitorado — garantiu Cristian.
As licitações estão previstas para 2026, após assinatura do acordo na COP30, em Belém (PA).
Por que o banco chinês investiu aqui?
Segundo Boris Utria, consultor do projeto, a escolha do AIIB deveu-se ao planejamento técnico iniciado em 2023, transparência e compromisso ambiental.
— É um crédito concessionário, com custo muito abaixo do mercado brasileiro — explicou.
Para o prefeito, o programa é um “pacto com as próximas gerações”. Intervenções como parques lineares de 8 km, jardins de chuva e arborização massiva visam criar uma cidade adaptada às mudanças climáticas.
— Não destruiremos o Mato do Júlio. Temos responsabilidade com o meio ambiente — afirmou o prefeito, natural de Cachoeirinha.
Analiso.
O ousado programa apresentado pelo prefeito serve como uma resposta às críticas pela falta de obras estruturantes no pós-enchente. Eu mesmo cobrei, um mês atrás, em Prefeito Cristian deve explicações às vítimas da enchente em Cachoeirinha; Foi eleito por e para isso.
E, ao menos nos planos apresentados, inclui ações técnicas, não na base de indicações de políticos. Os chineses são hoje os maiores investidores mundiais, mas não rasgam dinheiro.
Se o governo conseguir manter as contas em dia e manter em dia as certidões negativas de débitos, enfim, não cair no ‘SPC das prefeituras’, para não colocar o financiamento em risco, Cristian pode seguir os passos dos prefeitos Marco Alba (MDB) e Luiz Zaffalon (PSDB), que nos últimos oito anos transformaram Gravataí a partir de mais de R$ 300 milhões empréstimos.
Inegável é que Cachoeirinha, que terá quase meio bilhão, estava precisando de esperança – isto, hoje Cristian ofereceu.
Ao fim, hoje só resta acrescentar que a esperança ganhou uma ação prática, mesmo que ainda política: ao procurar o vice-governador e ter Marco Alba como um experiente aliado, Cristian garante interlocução com o governo estadual.
Gabriel Souza será governador em 2026, quando Eduardo Leite deixar o cargo para concorrer ao senado ou à presidência da república.
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