O vereador de Gravataí Thiago De Leon (PDT) abriu a campanha para deputado estadual anunciando que vai doar metade do salário líquido para escolas públicas. O professor cumpriu a promessa ao ser eleito vereador, doando mais de R$ 100 mil até 2022, repassando mensalmente R$ 3,5 mil a cada escola.
Em vídeo que você acessa clicando aqui, De Leon se compromete a doar R$ 9,3 mil, que corresponde a metade dos R$ 18.600 que, com descontos, sobram a cada mês para os deputados.
– Todo mês vou ajudar três escolas diferentes, com R$ 3,1 mil cada. Ao fim do mandato, serão 144 escolas, com R$ 445 mil doados – disse.
Ao fim, minha opinião é impopular, mas reafirmo o que escrevi ainda no ano passado, em Vereador de Gravataí doar salário é bom para escolas e ruim para política, não só sobre De Leon, mas também sobre o vice-prefeito de Gravataí Dr. Levi (Republicanos) doar metade do salário.
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Reputo não ser papel de vereador fazer doações, mesmo que para instituições públicas (o que desconfigura compra de votos). Fiscalizar e legislar é a obrigação, o que, registre-se, Thiago também faz – e bem para um estreante de 26 anos.
Mas eliminar a remuneração dos políticos, ou exigir pela pressão na campanha que doem parte dos vencimentos, afasta da política quem não tem condições financeiras de se manter sem o salário.
Uma política só das elites não faz bem à democracia.
Pior: pode fazer com que o político pague de bonzinho doando de um lado e, de outro, morda os assessores na rachadinha de salário que, conforme o ministro do STF Alexandre de Moraes, é crime com enriquecimento ilícito e danos ao erário – o que configura ‘ficha suja’ e, em caso de condenação, inelegibilidade por 5 anos.
Parênteses: não há nenhum relato ou indício de que Thiago esteja envolvido nisso; e nem é seu perfil, arrisco ser fiador. Investigados até hoje foram outros. Nenhum processado ou condenado.
Ao fim, se aplaudo Thiago por doar parte do salário para escolas públicas, em vez de comprar uniformes para clubes de futebol ou distribuir dinheiro para eleitores, também critico por, no que considero o mundo ideal, colaborar com o Zeitgeist, o espírito do nosso tempo, que não permite aos políticos nada além da presunção de culpa.
Thiago pode doar e sobreviver bem. Assim como o vice-prefeito e médico Dr. Levi (Republicanos), que repassa todo seu salário para o Banco de Alimentos. Os dois moram na Paragem Verdes Campos, um dos condomínios nobres de Gravataí.
Não é justo exigir o mesmo de um político da periferia.
É um erro que boas ações como a de Thiago e Levi induzem o eleitor.
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