Prefeito conversou com o governador nesta terça pela manhã e ouviu dele que região não sofrerá com falta de recursos por conta do programa
O futuro obscuro do financimento dos hospitais de Canoas com o anúncio, ainda em setembro, de que o Governo do Estado estaria criando o Programa Assistir e mundando a regra da distribuição da grana gaúcha para o setor, ganhou nesta terça-feira, 7, uma luz no fim do túnel. Em uma audiência com o governador Eduardo Leite, o prefeito Jairo Jorge ouviu dele que Canoas e a região não sofrerão um corte abrupto de recursos, como se desenhava na versão original do programa. "Para mim, a palavra do governador vale", disse o prefeito, em conversa com a imprensa logo após a inauguração da UPA do Idoso, no Rio Branco.
Lembrando: o Assistir é, na verdade, uma nova fórmula lançada pelo Estado para repartir a parte que lhe cabe no financiamento dos hospitais gaúchos. Na maioria das cidades, o governo incrementa o que a prefeitura recebe da União via SUS. Em Canoas, no entanto, a conta era um pouco diferente. O custo do Hospital Universitário e do Pronto-Socorro de Canoas era dividido por três: uma parte vinha de Brasília, uma do Estado e outra era bancada pelo município.
Com o Assistir, o Eduardo Leite propôs que os hospitais passassem a receber por produção, ou seja, um complemento financeiro pelo atendimento, consulta, cirurgia ou procedimento efetivamente realizado. E é a partir daí que começaram os problemas que poderiam fazer Canoas perder 8 de cada 10 reais que recebe para custear os hospitais – ou seja, R$ 86 milhões por ano.
A proposta do Estado era usar como base a produção dos hospitais informada em 2019, quando não havia pandemia. Na época, Canoas informava uma quantidade de serviços inferior aos pagamentos realizados e, por isso, o corte de verbas foi anunciado em setembro.
Jairo foi o primeiro prefeito da região a se insurgir contra o Assistir da forma como foi apresentado, na ocasião. Convenceu o presidente da Granpal, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, a segui-lo. E o argumento foi simples: sem Canoas para receber parte da demanda do Interior em busca de atendimento especilizado e de média e alta complexidade, a enxurrada iria parar nos hospitais da capital. Gravataí, que poderia receber um incremento de R$ 6 milhões a mais por ano, também aderiu à tese de JJ. São Leopoldo e Cachoeirinha vieram em seguida e a região formou um pacto: não ao Assisitir.
Entidade empresarias, como a CDL e a CICS, também emitiram cartas ao governo alertando para os riscos de uma queda brusca no financiamento hospitalar por aqui. O HU, por exemplo, talvez tivesse que fechar as portas; e o HPSC atender a menor de 20% de sua capacidade.
Na conversa de hoje pela manhã, Leite demonstrou sensibilidade em encontrar uma solução – mesmo que ela ainda não tenha sido anunciada. "Ele garantiu que logo adiante, nos meses de janeiro e fevereiro, vamos negociar para que a região não saia perdendo", conta Jairo. "Concordo que o pagamento possa ser por produção, parece justo. Mas não podemos ter perdas sob risco de cortar serviços".
"Agora vamos seguir as conversas com a secretária de Saúde, Arita Bergman, para encontrar uma nova fórmula, um complemento ou outro programa para avançar nesse tema".
É uma baita notícia.