Governador ainda não recuou na fórmula do projeto Assitir que, se mantida assim, reduz de R$ 105 milhões para R$ 19 milhões o repasse estadual para manter funcionando o HU e o Pronto-Socorro
Não é à toa que o prefeito Jairo Jorge (PSD) participa pessoalmente de 10 em cada 10 atividades sobre o programa Assistir – aquele que 'desassiste' a Saúde financeira dos hospitais metropolitanos, em especial os de Canoas. Para quem não lembra, pela fórmula proposta pelo Governo do Estado, Canoas perde 8 em cada 10 reais que o RS investe em serviços hospitealares; em números totais, são R$ 86 milhões a menos dos R$ 105 milhões que recebia até 2021. Com os restantes R$ 19 milhões, tenho dito que o HU e o Pronto-Socorro não apenas encolhem, mas viram 'esqueletões' a céu aberto enquanto o povo, sem atendimento, vai recorrer à ambulância em busca de tratamento fora daqui.
Ontem, 23, JJ participou da intalação de uma comissão externa da Assembleia proposta pela deputada Patrícia Alba (MDB) que irá ampliar a discussão sobre a medida no Estado. Jairo tem sido contundente em cada encontro sobre o Assistir e tem, para isso, o apoio dos prefeitos de toda a região metropolitana, em especial os de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), e de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT). Através da Granpal e, agora, com a comissão externa da Assembleia, os prefeitos apostam em um diálogo mais franco com o governador Eduardo Leite (PSDB), que ainda não falou oficialmente sobre mudanças no Assistir e está envolvido na conturbada prévia do partido que escolhe até o final do mês o candidato tucano à presidência da República.
Para quem almeja vôos maiores, Leite não tem demonstrado transigência sobre o Assistir. E deu aos prefeitos uma 'pauta-bomba' para lidar até o final do ano: como fechar orçamentos para 2022 com um rombo no financiamento hospitalar? Nem dá para imaginar, por desumano, que dia 1º de janeiro, enquanto espumantes estiverem sendo abertos para comemorar o ano que chega, alas inteiras do HU serão fechadas permanentemente por falta de recursos – e que acidentados ou casos urgentes terão de ser dispensados no Pronto Socorro de Canoas por ausência de médicos ou serviços na unidade dramaticamente deficitária.
Esse é um tema tão sensível que a deputada Patrícia Alba, que é de Gravataí, encabeça a comissão mesmo que sua cidade acabe recebendo cerca de R$ 6 milhões a mais com o Assistir. Ela sabe que esse plus é imensamente inferior ao que será preciso para atender os pacientes a mais que chegarão sem atendimento de Canoas – e das 179 cidades que tem referência em Saúde por aqui. As cidades contempladas com mais recursos Interior afora não terão como ampliar serviços da noite para o dia – nem abrir cirurgias e procedimentos de alta e altíssima complexidade na virada do ano.
Qualquer um com a consciência no lugar não pode defender o indefensável Assistir. Vamos torcer para que não seja o governador esse único dom quixote às avessas contra os ventos das Saúde nas cidades gaúchas.