CANOAS | Alerta de spoiler: o quebra-cabeça de como a Câmara deve ficar depois da janela do troca-troca

O blog antecipa em 6 meses os movimentos de mudança de partido que devem ocorrer em Canoas na janela de março- alguns, já bem adiantados

Alerta: daqui para frente, há muita especulação.

Vereadores, partidos e líderes sociais já trabalham com os diversos cenários possíveis para as eleições de 2024 – sejam aliados do governo ou devotos da oposição. Com um quadro já bastante definido sobre as candidaturas majoritárias, é natural que aumentem as tratativas sobre composições de nominatas que vão disputar uma das cadeiras na Câmara de Canoas – sejam elas 21 ou 23, como tratei no post CANOAS | A base de JJ e os ’18 do Forte’; Márcio Freitas dentro, Leandrinho fora recentemente.

O preâmbulo para compor o cenário da Câmara é, necessariamente, a disputa pelo paço.

Mantendo-se o quadro atual, com Jairo Jorge no comando do governo, o prefeito deve ser candidato à reeleição. Rompido com o vice, Nedy de Vargas Marques, ao que tudo indica terá um companheiro de chapa que seja indicado pelo grupo político que orbita o deputado federal Luiz Carlos Busato (União Brasil). Essa hipótese, embora dada como certa pelos políticos melhor informados da Aldeia, não é uma certeza imutável. Partidos que compuserem a aliança na eleição podem – e alguns até já se movimentam para isso – indicar nomes à parceria.

Pela oposição, Nedy será candidato. Ou será impelido a ser, pelo menos.

O atual vice superou o impeachment numa articulação política que o colocou na cara na urna. E como ele próprio gosta de dizer, segue ‘peleando para não morrer por covarde’: do dia em que teve o mandato salvo por um requerimento articulado pelo vereador Márcio Freitas (Avante) em diante, todos os caminhos de Nedy o levam à 2024.

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O vice de Nedy, embora se especule que possa ser o próprio Márcio Freitas, está em aberto. Márcio acertou o compasso da dança com a base do governo e isso aponta para que, na hora da valsa das urnas, esteja outra vez ao lado de Jairo Jorge. Não é uma certeza, mas uma hipótese.

De um modo geral, os partidos preteridos na composição da base aliada devem lançar candidatos em 2024. É o caso do PL, partido ao qual está filiado o ex-presidente Jair Bolsonaro. Heider Couto, presidente da sigla em Canoas, trabalha para ter um nome nas urnas capaz de mobilizar o voto de direita expresso em 2022 na votação do capitão e, para isso, conversar com vereadores e líderes sociais dispostos à empreitada. Nilce Bregalda, filiada do partido, já se lançou.

Simone Sabin, do PTB, fez o mesmo – embora ela trabalhe por uma aproximação com Nedy e pela indicação do vice nessa chapa de oposição que se opera.

Um bloco lá, outro acolá

Dado este quadro, a Câmara de Canoas deve formar dois blocos distintos a partir da janela de março. O primeiro, da base do governo, com quatro partidos – PSD, União Brasil, PP e MDB – e a federação PT/PV/PCdoB.

Do outro lado, a oposição.

Esse bloco ainda não está claramente definido em termos partidários. É possível que o PL mantenha a cadeira que tem hoje, mas troque o vereador. Juarez Hoy (PTB) é simpático ao partido, defensor intransigente do bolsonarismo e está indisposto com o PTB – por ‘indisposto’, leia-se em pé de guerra. Mas ele também tem outros convites.

Abmael Oliveira seguirá Nedy, mas não fica no Solidariedade. Seu caminho será um partido à direita – quem sabe até o PTB de Simone Sabin, embora o mais provável é que forme a bancada do PSDB se o atual vice unir-se também aos tucanos.

E ainda tem Leandrinho, atualmente no PSD, que ficou sem clima no partido depois de ter engrossado o requerimento para derrubar o impeachment de Nedy.

A inflexão de cada um

1. Abmael Oliveira – Está no Solidariedade, mas não comunga dos pensamentos do partido. Se filiou em 2020 para disputar a eleição com o apoio de Nedy, que é padrinho de seu filho. Seguirá o vice para onde o vice for. A inclinação, hoje, é o PSDB. Ideologicamente, Abmael é conservador e certamente sonha com um partido bolsonarista para chamar de seu. Estrategicamente, busca a reeleição – e, de certa forma, entrega a estratégia nas mãos de Nedy, que tem habilidade para montar um partido capaz de fazer bancada em 2024.

2. Adriano Agitasamba – Está no PL, mas a exemplo de Abmael, não se fecha ideologicamente com o partido. Agitasamba tem uma formação mais à esquerda. Inclusive já foi filiado ao PT e ao próprio Solidariedade, partido pelo qual disputou a eleição de 2016. Seu caminho certamente será o de um partido da base do governo. A especulação o coloca no PCdoB, que está na federação com PT e PV.

3. Alexandre Gonçalves – Está no PDT e tem apoio e a confiança do partido. O problema é que o PDT perdeu muita força desde a saída de Jairo Jorge, em 2020, e a partir da parceria com Busato, naquela eleição. Uma parte dos filiados acompanhou JJ, outra engrossou a fila do União Brasil. Tem convite do União para disputar a próxima eleição.

4. Aloísio Bamberg – Fica no PP e segue na base de JJ.

5. Airton Souza – Airton vinha construindo uma alternativa de candidatura própria no MDB e se colocou como nome para disputa. O cenário com a parceria entre JJ e Busato o fez repensar a estratégia. Fica no MDB e segue na base de apoio ao governo.

6. Cezar Mossini – Ex-líder do governo Nedy na Câmara, chegou a romper com o governo em abril e ajudou a aprovar o requerimento de enterrou o impeachment do vice, em julho. Numa articulação com o secretário de Relações Institucionais, Mário Cardoso, voltou a conversar com o governo recentemente e aderiu à base. Fica no MDB.

7. Cris Moraes – Fica no PV, que está na federação com PT e PCdoB. É um dos principais aliados de Jairo Jorge na Câmara, segue na base e estará ao lado do atual prefeito na eleição.

Emílio Neto é, hoje, o nome do PT mais próximo a Jairo Jorge. Foto: Arquivo RB

8. Emílio Neto – Segue no PT e na base do governo. Tem a gratidão de JJ por seu papel na rejeição do pedido de impeachment feito em dezembro do ano passado contra o prefeito, quando ele estava afastado. E assumiu a ofensiva contra Nedy no plenário da Câmara, embora o resultado do impeachment não tenha sido o esperado. Numa eventual indicação da federação para o posto de vice de Jairo Jorge nas eleições do ano que vem, é o mais cotado para empreitada.

9. Eric Douglas – Está no PTB, mas não fica. Tinha convite do Solidariedade de Mário Cardoso, mas também recebeu uma oferta do União Brasil. A parceria entre JJ e Busato indica que os partidos não irão brigar pela preferência dos aliados: se Eric optar pelo União, segue tudo em paz.

10. Pastor Duarte – Republicanos. Fica e segue na base de JJ.

11. Dr. Laércio Fernandes – Está no Podemos e recuperou o mandato em recente decisão liminar emitida pelo ministro Raúl Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral. Nessa condição, devolve Jurandir Maciel (PTB) à suplência e abre conversas com a base para uma troca de partido em março. O temor de Laércio é que o Podemos, que o deixa a vontade para as relações políticas locais, não consiga formar legenda para eleger vereador em 2024.

12. Leandrinho – Está no PSD, mas só uma grande mudança no cenário seria capaz de fazer o partido aceitar que permaneça. Sua proximidade com Márcio Freitas pode indicar que siga o mesmo caminho do colega. Sua condição de oposição e a necessidade de buscar um partido para 2024 pode conduzí-lo ao PSDB se Nedy pousar no ninho tucano.

13. Link – Está no MDB e na base do governo. Não muda.

14. Gilson Oliveira – Está no ‘finado’ Avante. O partido era um dos principais aliados de JJ em 2020 e hoje abriga, além de Gilson, Márcio Freitas e o vice Nedy. Nenhum deles, no entanto, pretende manter-se filiado além de março do ano que vem. Ideologicamente, Gilson é conservador. Um caminho apontado seria a filiação ao Republicanos de Beth Colombo e César Augusto, que são da base e transitam pelo público evangélico.

15. Jefferson Otto – Sobrinho de Jairo Jorge, fica no PSD e na base.

Jonas Dalagna foi eleito pelo Novo em 2020, mas esteve em rota de colisão com o partido recentemente. Foto: Arquivo RB

16. Jonas Dalagna – Foi eleito pelo Novo em 2020, mas acabou em rota de colizão com a direção estadual que acusou até de praticar rachadinha – o que deu em nada porque não havia prova alguma a respeito. Já é tratado como ‘terceiro vereador’ do PP. Especulou uma candidatura a prefeito, inclusive, mas a aliança JJ/Busato também o fez repensar a estratégia, a exemplo de Airton Souza.

17. José Carlos Patrício – Fica no PP e na base do governo.

18. Juares Hoy – Não fica no PTB. Impossível colocar na mesma sala Juares e Simone Sabin, atual presidente da sigla, escolha que o vereador, inclusive, contesta. Faria gosto em se filiar ao PL, mas há uma clara preocupação com a força da nominata do partido para 2024. Na manga, guarda um convite pessoal do ex-prefeito Luiz Carlos Busato para ingressar no União Brasil. O problema, neste caso, seria o papel de oposição que vem fazendo a Jairo Jorge na Câmara. Não dá para descartar, ainda, que siga Nedy no PSDB.

19. Patteta – Está no PSD e fica. Amigo de JJ, base do governo e candidato à reeleição.

20. Maria Eunice – PT. Teve suas rusgas com o núcleo político do governo no episódio do impeachment de Nedy, mas o caso foi superado. No PT, defende uma candidatura própria que faça a disputa alinhada ao governo Lula. O partido, no entanto, não tem uma posição fechada sobre isso e uma boa parte dos pré-candidatos a vereador, inclusive, concordam com o apoio a JJ já no primeiro turno. A decisão final a respeito deve sair no início de 2024 e vai passar, ainda, por um diálogo franco na federação que inclui o PV e o PCdoB.

Márcio Freitas está no Avante e foi o vereador mais votado de 2020, quando concorreu ao cargo pelo PDT. Foto: Arquivo RB

21. Márcio Freitas – Está no Avante, mas dificilmente fica. Tem convite do PTB de Simone Sabin e até a disposição do partido para indicá-lo a vice – no caso de uma parceria com Nedy. Márcio alimenta o desejo de concorrer a prefeito, mas sabe que 2024 ficou distante com a parceria JJ/Busato e está de olho em um partido onde possa fazer um ‘estágio’ na Assembleia em 2026; o PTB poderia ser este partido – com 26 mil votos, pode ser deputado estadual pela sigla. No entanto, há outras possibilidades para o vereador mais votado de 2020. Inclusive no PSD de Jairo Jorge onde com uma votação até inferior à casa dos 25 mil votos pode eleger-se deputado. O ‘ok’ dado por Márcio à base do governo vai refletir na escolha partidária dele? Quem sabe: só o futuro dirá.

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