BLOG DO RODRIGO BECKER

CANOAS | Bolsonaristas e conservadores se preparam para 2024; não necessariamente do mesmo lado

Conservadores vão às urnas em 2024 - não necessariamente para defender Bolsonaro. Foto: Arquivo RB

Partidos como PL e PTB, que estiveram com Bolsonaro em 2022, buscam protagonismo entre eleitores que deram a vitória ao capitão nas urnas canoenses

Barão de Itararé, título auto-concedido pelo humorista gaúcho Aparício Torelly, o ‘barão da batalha que não houve’, lembra uma frase que bem cabe bem ao momento político: “diz-me com quem andas que direi se vou contigo”.

Conservadores de todos os naipes andam de olho vivo no voto que os canoenses despejaram em Jair Bolsonaro em 2022, mas nem todos querem ‘andar contigo’ ao lado do capitão desconvertido de mito. O escândalo das joias é só o mais recente num corolário que tem de rachadinha a cheque de Queiróz na conta da ex-primeira-dama. É de constranger o São Tomé, que só acreditava vendo, mas deixa ainda mais de queixo caído os que se enrolaram em bandeiras verdes e amarelas e foram às ruas professar que não tinham bandido de estimação.

Conservadores de todas as matizes chegarão à 2024 buscando uma distância segura de Bolsonaro que lhes permita flertar com o eleitorado que o ex-presidente cativou em 2022 mas que não os obrigue a explicar o inexplicável. Especialmente se Bolsonaro for preso, o que não é mais uma hipótese teórica e sim um ‘quando’ no horizonte. PL e PTB, em Canoas, reivindicam para si o espólio eleitoral conservador e já buscam candidaturas para disputar na urna a sucessão de Jairo Jorge.

LEIA TAMBÉM

CANOAS | Hora de por a vacinação em dia: sábado, tem ‘Dia D’ no sábado, 19

CANOAS | Quarta tem Super Feirão de Empregos no Calçadão; também têm vagas e estágios exclusivos para jovens

No PTB, que dia 26 empossa oficialmente Simone Sabin na presidência municipal, a tarefa é reconstruir o partido após o apocalipse da saída de Luiz Carlos Busato, ainda em 2021. A ex-secretária de Desenvolvimento Econômico tem planos de concorrer, mas não faz questão de encabeçar a chapa e nem de impor seu nome acima de uma aliança de oposição. Dedicada a atração de empresas e investimentos estrangeiros e nacionais por conta de seus projetos de consultoria, Sabin tem em mente viabilizar uma proposta de desenvolvimento da Canoas de matriz conservadora. De direita, enfim – o que abre namoro com o voto de Bolsonaro em 2022.

A janela do troca-troca, em março do ano que vem, será determinante nesse processo. Se puder atrair vereadores à causa conservadora, o PTB ‘engorda’ à mesa de negociação. Mesa, digo, porque sozinho sabe que não pode fazer frente ao que venho chamando de ‘campo hegemônico’, formado a partir da aliança de JJ com Busato. Mesa, repito, pela possível aliança com Nedy de Vargas Marques, hoje o ‘ficha 1’ da oposição.

Nedy, cada vez mais tucano e menos Avante, especula com a ideia de uma frente ampla para enfrentar o campo hegemônico – melhor ainda se puder montá-la na cadeira de prefeito. É por isso que Nedy avança pouco o sinal para 2024: espera que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o TRF4, decida sobre a cautelar que pede um novo afastamento de Jairo Jorge para liberar as articulações. É a cautelar e não só o aperto de mão entre os partidos que definirá o quadro para 2024 – para um lado ou para o outro.

A força e a fraqueza do PL

Heider Couto, presidente do PL, já vem trabalhando nomes do partido e até de fora dele para disputar a eleição do ano que vem. Nilce Bregalda, funcionária pública que concorreu a deputada estadual no ano passado, levantou o braço para encabeçar a chapa, mas pode ter concorrência interna. Coronel Pacheco, negociador de reféns da Brigada Militar, também pôs o nome à disposição. E outros ainda podem vir: Giovani Cherini, presidente estadual do partido, mandou fazer uma pesquisa e orienta o PL a ter candidato próprio – talvez filiando um vereador ou uma liderança empresarial disposta a encarar as urnas.

O papo de que o deputado federal Bibo Nunes estava de mudança para cidade e que seria o nome para disputar a prefeitura não vingou. Bibo até teria desautorizado qualquer liderança a tratar do assunto – mas por se tratar de um homem público, a especulação sempre surge.

O problema, com Bibo ou sem ele, é Bolsonaro. Paradoxalmente. O capitão fez os votos que o PL espera chamar de seus em 2024, mas a ‘bagagem’ é pesada – escândalo das joias, rachadinha, casas compradas com dinheiro vivo, crise sanitária e por aí vai. Se o PL for às ruas só para salvar Bolsonaro, pode sequer conseguir salvar-se a si próprio.

O partido dos deputados

O Republicanos também está disposto a correr as ruas em busca do voto conservador canoense e tem nomes para oferecer à disputa. Além da sempre lembrada Beth Colombo, atual secretária de Educação, conta com filiados de peso na cidade: os deputados federais Franciane Bayer e Carlos Gomes. Nem um e nem outro se recusam a concorrer, desde que o partido defina que essa é a estratégia.

Hoje, no entanto, parece não ser.

O Republicanos faz parte do campo hegemônico e aposta muito na eleição de pelo menos dois vereadores no ano que vem – além da reeleição do pastor Alexandre Duarte, mais um. Se para isso tiver que abrir mão de uma candidatura própria para apoiar um grupo viável em 2024, pois bem. A relação de Beth com JJ é avalista desta possibilidade mas, importante que se diga, não é a única.

Frente única?

Uma frente conservadora, aliando PTB, PL e Republicanos, reputo improvável – não impossível.

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receba nossa News

Publicidade