ELEIÇÕES 2022

CANOAS | Busato alinhado para ser vice de Eduardo Leite; PSD está diante da ‘decisão do ano’

Eduardo Leite e Busato, na imagem durante encontro nos 80 anos de Canoas, podem estar juntos na chapa que disputa o governo gaúcho em outubro. Foto: Arquivo Seguinte:

Grupo político que orbita o prefeito afastado de Canoas não topa, por motivos óbvios, a parceria com o adversário de 2020 e até ensaia aproximação com Gabriel Souza

Perguntado por uma repórter já quase no fim da vida, o célebre traficante de narcóticos Frank Lucas, que foi retratado por ninguém menos do que Denzel Washington no filme ‘O Gângster’, respondeu com uma peculiar franqueza sobre como perdeu toda a fortuna que tinha adquirido em anos e anos de vida criminosa.

– Primeiro foi aos poucos. Depois, tudo de uma vez.

É mais ou menos assim que andam as conversas sobre composição das chapas majoritárias para eleição de outubro: primeiro, devagar. E agora, voando.

No início da semana passada, uma fonte ligada ao ex-prefeito Luiz Carlos Busato (UB) disse ao blog que as chances de acertar-se com Eduardo Leite para ser o vice do tucano na disputa pelo Piratini eram de 50 a 50. No início desta, diante da mesma pergunta, respondeu “90%”.

– A política é dinâmica e as coisas andam rápidas quando têm que andar – completou.

Leite e Busato vem conversando com regularidade, mas cada um tem o seu motivo para não confirmar oficialmente o que já se dá como certo nos bastidores. Busato ainda precisa do ‘ok’ do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, que tem dito que prefere não ter candidato do que apoiar um tucano em outubro. Além disso, interessa ao UB uma chapa forte para Câmara dos Deputados: é voto nessa chapa que define, entre outras coisitas, a participação do partido no fundão eleitoral para as eleições seguintes – e Busato é considerado um puxar de votos essencial para essa estratégia. Leite, por sua vez, ainda tem esperanças de um vôo nacional – agora ou mais adiante – e não quer melindrar o MDB de Simone Tebet dando razões para o rompimento já colocado aqui no RS. PSDB e os emedebistas tem um acordo para parceria que envolve a eleição no Estado, mas que não ecoa depois que o avião taxia na pista do Salgado Filho. Na vida real, a candidatura do MDB no RS é cada vez mais irreversível; se Gabriel Souza eventualmente titubear, o gringo José Ivo Sartori desce da Serra fardado para concorrer.

Sem o MDB, Busato é o ‘ficha 1’ para vice de Leite. De quebra, oferece à chapa o maior tempo de TV entre os partidos daqui e um polpudo fundão – se tiver a bênção de Bivar, que fique claro.

Nesse quadro, o PSD de Danrlei, Jairo Jorge e Ana Amélia Lemos parece dividido. Uma corrente que vinha sendo majoritária defende a parceria com Eduardo Leite desde o final do ano passado, quando o partido foi convidado a entrar no governo e aceitou. Danrlei foi secretário de Esportes de Leite e, até março, toda a conversa indicava uma preferência por andar junto com os tucanos. Agostinho Meireles, o número 1 de Leite no governo, inclusive se filiou à sigla em um grande ato em Canoas. O próprio Jairo defendeu em mais de uma ocasião a aliança com Ranolfo Vieira Jr. durante o período em que Leite ainda cotava-se como presidenciável. A parceria com Busato, no entanto, chacoalhou com tudo.

O povo de JJ, por óbvio, não quer fazer campanha para o desafeto político que recém enfrentaram nas urnas, em 2020. E pressionam por dentro para que o PSD tome outro rumo. Atento a isso, Gabriel Souza convidou o vereador Jefferson Otto, líder do governo, filiado ao PSD e sobrinho de Jairo, para uma conversa na quarta-feira, 22, pela manhã. O plano de Gabriel é simples: se não puder ter o PSD inteiro, quer pelo menos abrir uma dissidência – e aposta que a turma que orbita o prefeito de Canoas possa lhe emprestar um apoio velado, pelo menos no primeiro turno.

Se Otto trocou uma ideia com JJ antes do papo com Gabriel, não sei. Mas a ida dele lá é, por si só, emblemática. O recado, claro e inequívoco, é o de que o PSD precisa ouvir a objeção que Jairo tem a Busato se quiser contar com o apoio da principal figura pública da cidade. Do contrário, arrisca a criar uma fratura política com todos os elementos para se transformar em abismo até outubro. Mesmo afastado da militância, um não a JJ é um não a um dos pilares do PSD no Estado; nem Danrlei quer isso, nem Eduardo Leite, por mais que este último torça por Busato e que o ex-goleiro do Grêmio tenha uma boa relação com o ex-prefeito do qual foi companheiro de bancada por dois mandatos em Brasília – uma delas, inclusive, pelo PTB.

Ana Amélia Lemos, também interessada na composição para sustentar seus planos de voltar ao Senado pelo partido, foi quem levou à reunião da Executiva do PSD a eventual posição de JJ a respeito da aliança com Leite se Busato for o vice. Digo ‘eventual’ porque, recluso da política desde que foi afastado da prefeitura em 31 de março, Jairo Jorge não deixa vazar qualquer opinião sobre o assunto.

Mas conhecendo os nossos protagonistas, nem precisa.

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