Série de apedidos publicadas nos últimos dias gerou desconforto entre governo e entidades e até entre integrantes do próprio Fórum; um deles, o La Salle, até ‘saiu do grupo’
Tudo é política na vida em sociedade, não refuto. O problema começa quando uma posição que deveria ser de neutralidade institucional vira ativismo. É na quebra dos limites que reside o perigo.
Esta semana, vivemos isso aqui em Canoas.
Na quarta, 31, o Fórum de Entidades mandou publicar no Diário de Canoas – link só para assinantes – um apedido tecendo críticas sobre a Saúde Pública no município. Reproduzo aqui parte do texto que foi publicado também pelo Notícias da Aldeia, do querido amigo Marco Leite:
O Fórum das Entidades Empresariais e de Profissionais Liberais de Canoas (Fórum) vem a público externar sua imensa preocupação com a deterioração da prestação de serviços na área da saúde do Município de Canoas.
(…)
Infelizmente, os 3 Hospitais da Cidade são pacientes em estado terminal, agonizando, beirando à falência múltipla.
As notícias e relatos de munícipes, como a falta de atendimento, de medicamentos e até mesmo de alimentos básicos nas casas de saúde, somados aos casos de cancelamentos de procedimentos, acendem, novamente, o alerta sobre a precarização do trato com a saúde pelo Município.
(…)
O apedido segue falando em ‘saúde degradada’, necessidade de ‘mudança drástica’ e de que precisamos de ‘gestores competentes’. A reclamação objetiva, no entanto, vem depois: o Fórum das Entidades alega que tentou marcar reunião com o governo, mas não obteve sucesso.
Na quinta, a prefeitura também publicou um apedido, respondendo ao Fórum. E as direções dos hospitais da cidade também. Acharam um desrespeito o que houve.
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A preocupação legítima dos integrantes do Fórum com a Saúde canoense não está errada, mas a forma e o conteúdo adotado, sim. E se entenderam antes que havia espaço para a crítica pública ao governo, precisam aceitar, agora, quando os contesto – não em defesa do governo, que jamais tive procuração para isso, mas em nome da sanidade institucional em que precisamos viver. A crítica expressa no apedido do Fórum é política, ativista, beira o ‘ter lado’ – exatamente o que as entidades não deveriam ter em relação aos governos, sejam eles capitaneados por quem forem.
Em 2020, aconteceu algo semelhante. O mesmo Fórum das Entidades criticou a conduta do então prefeito Luiz Carlos Busato durante os primeiros meses da pandemia, com o famoso decreto do ‘fecha-tudo’. O texto ‘derrapou na curva’, como escrevi à época em coluna no Diário de Canoas, quando sugeria ao prefeito que cortasse o próprio salário e de seus assessores para fazer frente aos novos gastos que viriam a ser necessários na Saúde. Soube depois que o texto havia sido produzido pelo então representante do Consepro, Cleiton Alves, um notório negacionista e defensor da invermectina e da cloroquina. A exemplo do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem era fã, dizia que fechar o comércio era o fim da picada. Acabou perdendo a vida para a Covid-19 antes que aquele mesmo 2020 chegasse ao fim. Era um amigo e não merecia o destino que teve, antes que alguém diga o contrário.
Esse enfrentamento político é o pai dos tensionamentos. E, no fundo, não nos levará a nada. Precisamos ser maiores do que o desafio que enfrentamos e, uma vez no posto de representantes do coletivo, deixar as paixões para as torcidas da política. O atual episódio dos apedidos, me parece, guarda alguma semelhança com o de 2020; especulo eu que que há alguém, entre o Fórum, fazendo o papel de pivô que coube a Cleiton à época. Um posição pessoal e, portanto, legítima, que acaba tomada como coletiva e perde o respeito e fica fora de contexto. Não é incomum que sujeitos políticos clamem que lhe digam que tem razão, mas isso provoca uma ruptura com a racionalidade – princípio essencial a boa convivência, inclusive a institucional.
Na quinta-feira, 1º, recebi um ofício que foi enviado pela Universidade La Salle comunicando o desligamento do Fórum das Entidades. Não conversei com o irmão Cledes Casagrande sobre o que motivou a decisão, mas imagino. A subseção da Ordem dos Advogados, a OAB Canoas, também estaria no mesmo caminho – mas ainda não pude confirmar oficialmente.
Espero que se supere tudo isso. Canoas precisa de diálogo, como bem lembra Marco Leite.
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