Empresa ouviu mais queixas que elogios na sessão em que até o líder da oposição pareceu torcer pela nova licitação
A crise na Sogal não é novidade para ninguém; novidade foi o diretor da empresa, Marlon Casagrande, ter aceito – pela primeira vez em três anos – o convite do presidente da Câmara, vereador Márcio Freitas (PDT), para uma conversa franca e aberta sobre as condições do transporte público municipal. O papo, recheado de cobranças e desabafos dos parlamentares, aconteceu no Grande Expediente da sessão desta quinta-feira, 20.
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Na primeira fala, Marlon lembrou a queda no número de passageiros transportados. Segundo ele, no pior momento das restrições, foram 16 mil por dia – insuficientes para bancar o custo operacional do sistema. "Estamos retornando a casa dos 30 mil por dia, mas agora temos mais serviços disponíveis, como a volta do seletivo", explica.
E, claro, citou os aplicativos de transporte como causa do 'preparar para o impacto' que se ouve na cabine da comando da empresa – mas não os tratou como vilões. "Estão aí, não somos contra. Mas ajudaram a diminuir os passageiros do transporte coletivo, sem dúvidas", comentou Marlon.
Daí para frente, muita cobrança. Os vereadores Jefferson Otto (PSD) e José Carlos Patrício (PP), por exemplo, partiram para cima. Otto trouxe dados – ele é especialista em transporte e logística. Contestando a queda no número de passageiros, inclusive. "Em dezembro de 2019, o TCE trouxe um relatório que indica perda de apenas 3,41% de passageiros para o transporte por aplicativo. Então não dá para culpar o Uber", comentou. Já Patrício fez um desabafo, criticando especialmente os atrasos no pagamento dos funcionários e dos demitidos em acordo ao longo de 2020, que também sofrem com o dinheiro que não vem na data aprazada. "Dá a impressão de que a empresa não está nem aí par ao poder público, para os usuários, nem para os seus funcionários", disse Patrício. Os vereadores Link (MDB) e Aloísio Bamberg (PP) seguiram na mesma toada.
Alexandre Gonçalves (PDT) preferiu um caminho mais ameno: questinou sobre a necessidade de subsídio público para bancar o crescimento dos custos do transporte.
Juares Hoy (PTB), líder da Oposição, também demonstrou preocupação com o pagamento dos funcionários. "Mesmo com aporte financeiro do governo passado, com aporte do atual governo, a Sogal não consegue sair do buraco. Em breve, segundo consta, teremos a licitação e estaremos firmes e formes para acompanhar isso", comentou.
Jonas Dalagna (Novo) também interviu durante o Grande Expediente, lembrando que o modelo de transporte precisa mudar porque, do contrário, será ineficiente e caro mesmo com a mudança da empresa. Ao final da sessão, o blog conversou com o parlamentar, que resumiu bem o papo com o diretor da Sogal:
"Saímos de lá com mais perguntas do que respostas".
Para quiser – e tiver tempo -, a sessão da Câmara em que ouviu Marlon Casagrande está disponível na íntegra no YouTube e pode ser acessada por este link. A fala do diretor da Sogal começa com 14 minutos de vídeo e vai até 1h27.