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COM VÍDEO | Pão quentinho é tradição da Kipão

Há 28 anos, Francisco de Assis abriu a padaria na Morada do Vale e virou referência | GUILHERME KLAMT

Rotina de padeiro não é para qualquer um. Enquanto todos dormem, eles já estão na labuta para garantir o pão quentinho na primeira hora da manhã. Uma rotina que o Francisco de Assis Tristão, 62 anos, aprendeu a conviver nos últimos quase 30 anos e não perdeu mais o hábito.

— Eu acordo às três, quatro, cinco horas da manhã. Depende da necessidade do dia — conta.

E já foi bem pior. Era o sacrifício necessário para prosperar como pequeno empresário em Gravataí no começo dos anos 1990.

— Eu fechava a padaria às 22h, levava a mulher e os filhos para casa, para eles dormirem, e à 1h30min eu já estava de novo ali, eu e um padeiro, para começar a função novamente — recorda o hoje empresário em expansão.

 

 

O seu Assis, como é chamado entre os funcionários, é o proprietário da Kipão, aberta em 1990, e hoje uma referência em pão quentinho e qualidade de atendimento no bairro Morada do Vale. Uma tradição que Assis, os dois filhos e a esposa agora levam para as margens da RS-020, na forma de mercado, no bairro Neópolis. Ali, recentemente, foi aberta a filial da Kipão.

— Nós vimos a necessidade de expandir, porque antes atuávamos só como padaria, mas foi um mercado que acabou esmagado com esse negócio de pão congelado. Hoje em dia, qualquer mercadinho com um forno simples, compra o congelado e vende pão. Então eu consultei a família e todos toparam em apostar nessa nova localização. Eu acredito que é uma aposta de futuro, como foi na Morada do Vale. Naquele tempo, o bairro não era nada do que é hoje, quase uma cidade. A mesma coisa a Neópolis. Eu penso no futuro deste lugar — justifica.

 

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Assis orgulha-se de conhecer pelo nome 90% dos clientes da padaria original, na Morada do Vale. No bairro, a empresa também já mantém a Ki-Legal, que é a loja de brinquedos, e, mais recentemente, o filho, Everton, conhecido como o Alemão da Kipão, toca o Stop, outra inovação em Cachoeirinha. Trata-se de um centro de food trucks. Sucesso total de público a cada final de semana.

Mas até tornar-se um empresário em crescimento, Francisco de Assis suou muito. Veio aos 18 anos para Gravataí, saindo de Sombrio, em Santa Catarina, para a casa do irmão, que já morava na Rua Alegrete, em Cachoeirinha.

— Eu não tinha nem documentos. Cheguei com uma sacolinha, a minha certidão de nascimento e, realmente, muita vontade de trabalhar e fazer a minha vida. Era dia 4 de janeiro de 1975, vim para o casamento do meu irmão e fiquei. No começo, eu dormia, com uma caminha de armar, debaixo da mesa da casa — lembra.

 

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Não levou 20 dias para que ele encontrasse um emprego como servente. Casou-se com a irmã da esposa do irmão. Ficou tudo em família, como eles brincam. E esta seria uma tônica para o futuro  “dos alemão”, como o próprio Francisco diz.

Em pouco tempo ele já estava trabalhando no ramo de vendas. Primeiro como auxiliar, depois como vendedor em empresas como a Danone e a Phillip Morris. Desta época, carregou consigo a importância de uma boa relação com fornecedores. É um dos seus orgulhos manter este bom relacionamento nos atuais negócios mantidos pela família.

— Em 1988, fiz a minha primeira aposta, resolvi trabalhar por conta e comprei um açougue que estava quebrado. Eu ficava no açougue e a minha esposa, muito caprichosa, cuidava da limpeza do local — conta.

 

Os pães da Morada

 

Mas este não seria o ramo definitivo dele e da família. Diariamente, Francisco de Assis seguia da parada 70, onde ficava o açougue, até a Morada do Vale levando os dois filhos junto. Tinha um objetivo: fazer pesquisa de mercado. Especificamente, de padaria.

Chegava em frente a uma padaria que funcionava por ali e contava o número de clientes que entravam e, mais ou menos, quanto saía de pães. Não demorou para fazer a sua investida. Comprou uma pequena padaria no bairro, com um forninho. Era insuficiente, logo percebeu. E aí comprou o forno de cinco metros. Pouco tempo depois, outro, de 10 metros.

— O pessoal começou a gostar e o crescimento não parou mais. Vendíamos até 12 mil cacetinhos por dia — recorda-se.

O segredo para o sucesso, acredita, está no bom atendimento.

— Nós conhecemos o nosso cliente. Muitos deles pelo nome, e eles nos conhecem também pelo nome. Isso faz a diferença. Além, é claro, da qualidade. Todos buscam, em uma padaria, o pão quentinho e a limpeza, a higiene. Em um mercado, o bom atendimento, preços justos. Nosso esforço é para manter essa qualidade no que fazemos.

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