O Cleiton Correa de Amorim, que nasceu em Imbituba, Santa Catarina, no dia 28 de novembro – há 42 anos completados no ano passado – é um cachoeirinhense de coração desde 1992 quando lançou âncora do lado de cá da ponte sobre o Rio Gravataí, mais precisamente na Granja Esperança, onde vive até hoje.
Por aqui casou com Aline há 17 anos, e com ela cria e educa os filhos Lucas, 11 anos, e Miguel, seis. Também na Granja, em Cachoeirinha, ele construiu sua vida profissional. Primeiro como simplesmente Cleiton Amorim, um músico da noite que percorreu – e percorre ainda! – os palcos montados em praças de alimentação dos shoppings da região, se apresenta em bares e em eventos diversos.
E agora literalmente decola dando vida a um dos músicos mais emblemáticos da contracultura brasileira, movimento dos anos 60 e 70 do qual fez parte um ídolo nordestino, cabelos encaracolados, barbicha e sotaque forte na interpretação de “Maluco beleza”, “Ouro de Tolo”, “Metamorfose Ambulante”. Quem não ouviu falar – pelo menos isso – do mito Raul Seixas…
Ou quem não ouviu ou não gritou para um músico de bar um sonoro “toca Raul!”?
Pois Cleiton ouve isso com muita frequência quando põe sobre a cabeça "quase zerada" uma exuberante peruca no melhor estilo da cabeleira Raul Seixas. Fica mais “Raulzito” ainda quando aumenta o cavanhaque que cultiva, bem tipo Raul.
E se transforma de modo pleno quando sobe ao palco – qualquer palco! – com a indumentária do ídolo do rock brasileiro que contrariava e criticava o regime militar que nos anos 60 chegava ao ápice e no final dos anos 70 agonizava, cedendo vez à redemocratização nacional.
Raulzito!
Pois o Raul Seixas que habita bem perto de nós, no Vale do Gravataí, recebeu o Seguinte: na sua casa, nesta semana, para contar a trajetória do Cleiton Amorim e falar sobre o crescente sucesso que vem fazendo Raulzito Amorim e Os Feras, formação que, dependendo do espetáculo, pode ter 11 músicos no palco.
Músico desde sempre, como se define dizendo que iniciou na cantoria aos 11 anos e aos 14 já se apresentava em eventos e começou a se profissionalizar, Cleiton é um expert nas representações do que há de melhor da Música Popular Brasileira.
Interpreta com perfeição uma Tetê Espíndola e seu magistral agudo de “Escrito nas Estrelas” – …você pra mim foi o sol, de uma noite sem fim… – ou o tenor lírico Luciano Pavarotti e seu internacionalmente conhecido “O Sole Mio”.
Mas é como cover de Raul Seixas que Cleiton ganhou elogios do global Galvão Bueno – narrador esportivo – com direito a vídeo, divide shows com Jair Kobe e seu indefectível Guri de Uruguaiana, sobe aos mais importantes palcos da noite gaúcha e desfrutou, recentemente, da parceria de Rick Ferreira, guitarrista e fiel escudeiro do mito Seixas em uma turnê por várias cidades do Rio Grande do Sul.
No vídeo abaixo, Raulzito Amorim e Os Feras com Rick Ferreira, no palco do bar Opinião, em Porto Alegre.
Raul Seixas está ‘sepultando’ o estilo Cleiton Amorim?
O músico garante que não. Hoje, divide-se quase meio a meio entre o Cleiton voz e violão dos pubs, festas de aniversário, casamentos, eventos empresariais e o cover cada vez mais assediado e chamado para apresentações que já chegaram a reunir 15 mil pessoas em Nova Tramandaí.
— Gosto muito de interpretar Raul, mas o Raul não vai acabar com o Cleiton apesar de levar um excelente público por onde passa. O Raulzito Amorim e Os Feras, num projeto de formação completa, reúne um público médio de umas cinco mil pessoas. Mas já tivemos umas 15 mil, no verão passado, em Nova Tramandaí — conta o Cleiton Seixas. Ou será o Raulzito Amorim?
Menos 20 quilos
Cleiton conta que o cover de Raul surgiu quase como uma brincadeira, por sugestão de um amigo para um show que deveria realizar no Parcão de Cachoeirinha, no Parque da Matriz. Hoje, tem no repertório cerca de 40 músicas do rockeiro e conta que chegou a emagrecer aproximadamente 20 quilos para ficar com aspecto físico mais próximo do magérrimo Raul Seixas.
— Estudei muito sobre Raul Seixas e quanto mais estudava mais me surpreendia com a personalidade dele. Descobri muita coisa como, por exemplo, que ele era um baita caretão, um cara tranquilo, que ficou loucão e se jogou de vez no mundo do álcool e das drogas quando conheceu o “mago” (o escritor e compositor Paulo Coelho).
O músico acredita que interpretar Raul Seixas é uma missão, porque está transmitindo aos jovens que não conheceram o ídolo do rock contestador de sotaque nordestino e – eternamente – óculos escuros, quem foi o compositor e intérprete que arrastava multidões aos seus shows pelo país afora.
— Gosto muito de tocar as músicas menos conhecidas do Raul e, por mais incrível que isso possa parecer, em todo show sempre vem uma legião de pessoas que sabe todas as músicas dele.
Fala Cleiton Raulzito Amorim!
E qual é a mais pedida?
— Não saberia dizer qual é a mais pedida, mas com certeza a que não pode faltar é “Maluco Beleza”. É um hino!
Qual é a preferida do Cleiton?
— Gosto muito de “Maçã”, uma letra nem tão conhecida mas com uma mensagem muito forte. É uma música que coloca o Raul muito mais a frente do seu tempo, com uma cabeça e um pensamento que só nos tempos atuais se tem conhecimento.
Tem muito Raul espalhado pelo estado?
— No Rio Grande do Sul tem sim, outros cover do Raul. Mas como eu, de se montar (caracterizar) e fazer um show específico com repertório do Raul, que eu saiba, é só eu mesmo.
O Cleiton sempre foi músico?
— Na verdade vivo só da música desde 2005. Antes fui vendedor de livros de porta em porta e, depois, representante comercial de uma fábrica de roupas. Sempre fui músico, desde pequeno, mas viver mesmo só da música é de 2005 para cá.
: Cleiton Amorim, nas fotos,caracterizado como Raul Seixas
QUEM FOI RAUL SEIXAS
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Raul Santos Seixas nasceu em Salvador, na Bahia, em 28 de junho de 1945 e morreu em São Paulo dia 21 de agosto de 1989.
2
Foi um cantor e compositor brasileiro, frequentemente considerado um dos pioneiros do rock brasileiro.
3
Também foi produtor musical da gravadora CBS durante sua estada no Rio de Janeiro e por vezes é chamado de "Pai do Rock Brasileiro" e "Maluco Beleza".
4
Sua obra musical é composta por 17 discos lançados em seus 26 anos de carreira e seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião, e de fato conseguiu unir ambos os gêneros em músicas como "Let me Sing, Let me Sing".
5
Seu álbum de estreia, Raulzito e Os Panteras, de 1968, foi produzido quando ele integrava o grupo Raulzito e os Panteras, mas só ganhou notoriedade crítica e de público em 1973 com as músicas de "Krig-ha, Bandolo!", como "Ouro de Tolo", "Mosca na Sopa", "Metamorfose Ambulante".
6
Raul Seixas adquiriu um estilo musical que o creditou de "contestador e místico", e isso se deve aos ideais que defendeu, como a Sociedade Alternativaapresentada em Gita (1974), influenciado por figuras como o ocultista britânico Aleister Crowley.
: O pai do rock brasileiro, Raul Seixas.
ONDE VAI TER CLEITON E RAUL
: Dia 8, hoje, na OTTI Cervejaria & Brewpub, na Rua Gravataí, 1.262, parada 52, em Cachoeirinha.
: Dia 13 na frente do Sesc de Gravataí, rua Anápio Gomes, a partir das 12h.
: Dia 13 no Shopping Gravataí, na avenida Centenário, a partir das 20h.
: Dia 14 no Spy 41 Bar, rua Nestor de Moura Jardim, 41, em Gravataí, a partir das 22h.
TOCA RAUL
: Dia 28 no Teatro do Sesc de Gravataí –Tributo a Raul Seixas – com ingressos já à venda.
Horário: 20h30min
Local: Teatro do Sesc Gravataí (Rua Anápio Gomes, 1.241)
Ingressos: R$ 15,00 para comerciários e dependentes com Cartão Sesc/Senac, R$ 18,00 para empresários e dependentes com Cartão Sesc/Senac e R$ 30,00 para o público em geral.
Mais Cleiton Raulzito Amorim Seixas!