As eleições municipais deixaram Marco Alba (MDB) mais perto de assumir como deputado federal. Há um fato e uma possibilidade.
O ex-prefeito de Gravataí restou como segundo suplente do partido na eleição de 2022, com 68.245 votos. Os eleitos foram Alceu Moreira (125.647), Osmar Terra (103.245) e Márcio Biolchi (99.627).
O primeiro suplente, Giovane Feltes (91.887), foi eleito prefeito de Campo Bom, no último 6 de outubro.
Então, Marco Alba é hoje o primeiro suplente.
É o fato.
Vamos à possibilidade.
O MDB gaúcho experimenta um momento de estreitamento de inimizades. O vice-governador Gabriel Souza busca unificar o partido para garantir sua candidatura ao Palácio Piratini, em 2026.
Em 2022, Marco Alba apoiou Onyx Lorenzoni (PL) contra a chapa Eduardo Leite (PSDB)-Gabriel, abrindo dissidência no partido.
Após a eleição, uma tímida reaproximação começou a se desenhar entre Gabriel, Marco e a esposa deputada estadual Patrícia Alba (MDB), independente na Assembleia Legislativa.
Tímida porque, mesmo após visitas, agendas e fotos nas redes sociais reunindo os dois, votos de Patrícia a favor e contra o governo, o vice-governador não participou de atividades da campanha de Gravataí, na qual Marco enfrentou o candidato do governador, o prefeito reeleito Luiz Zaffalon (PSDB).
Mas agora tudo é 2026, nas campanhas eternas da política.
Gabriel pode articular a entrada de Márcio Biolchi no secretariado de Leite, abrindo vaga para Marco Alba na Câmara Federal e garantindo o apoio interno do ex-prefeito à sua candidatura a governador – tenha ele apoio de Leite, ou não.
Os rumores no meio político são de que Biolchi projeta concorrer a deputado estadual em 2026.
A articulação pode ter um avalista de peso: o chapéu de palha Sebastião Melo (MDB), para quem o casal Alba fez campanha diária no segundo turno.
Acontece que o prefeito reeleito de Porto Alegre tem como projeto futuro concorrer ao governo do estado. Não em 2026 – Melo se comprometeu a cumprir os quatro anos de mandato –, mas em 2030.
Assim, Gabriel seria o candidato ideal. Como Eduardo Leite está convicto de concorrer à Presidência da República, pelo PSDB, PSD ou outro partido, pode renunciar ao mandato como fez em 2022, para assumir o vice, Ranolfo Jr.
O vice-governador, tornado governador, caso vencesse a eleição de 26 não poderia concorrer à reeleição.
Melo seria, em tese, porque a política é uma ciência em movimento, o sucessor natural para 2030.
Imagino que tudo possa parecer mirabolante para o leitor menos acostumado aos estreitamentos de inimizades da política. Mas assim é a Real Politik.
Nem conversei com Marco Alba sobre isso, porque o conheço o suficiente para saber que negaria qualquer possibilidade.
Fato é que a chance de assumir como deputado federal existe. Difícil, mas há.
Recentemente, Gravataí já testemunhou que em política não existe impossível.
Para o então suplente Jones Martins (MDB) chegar à Câmara Federal, em maio de 2016, ‘só’ precisou um golpeachment para derrubar a presidente Dilma Rousseff (PT).
Ao fim, evoco Millôr, mais uma vez: “Se conseguir dispensar o indispensável, suportar o insuportável, e amar o odioso, você terá tornado possível o impossível”.