RAFAEL MARTINELLI

Convenção confirma Almansa e Ester como ‘candidatos do Lula’ na nova eleição de Cachoeirinha; ‘Somos a única mudança’

David Almansa (PT) conversou com o Seguinte: após a convenção que confirmou sua candidatura a prefeito e de Ester Ramos (PSOL) a vice na nova eleição de Cachoeirinha, marcada para 30 de outubro.

Siga trechos da entrevista.


Seguinte: – Agora já podes falar como candidato a prefeito. Como te apresentas?

Almansa – Com muita alegria, energia e, como mostrou nossa convenção, uma militância empolgada como nunca. Não sucumbi aos velhos acordos da política tradicional, aos governos fatiados e posso me apresentar como a mudança de verdade.

Seguinte: – É uma eleição para um governo de dois anos. O que muda na elaboração do plano de governo?

Almansa – É necessário um programa emergencial. Nossa candidatura busca atacar os principais problemas da cidade com urgência, para preparar a cidade para um projeto de médio e longo prazo. Vamos reformar todas as escolas, contratar professores, fazer uma nova constituinte escolar a zerar a fila da educação infantil, que hoje é de 600 crianças. Para atender a LDB o governo fez uma gambiarra: abriu turmas de meio turno, onde as crianças só ficam pela manhã ou tarde, e as mães e pais tem que se virar no contraturno. Na saúde vamos mudar o organograma, priorizar os funcionários de carreira, os técnicos, e fortalecer as unidades básicas de saúde para que resolvam 85% das demandas da saúde, como preconiza o SUS. Vamos priorizar também a zeladoria da cidade, deixar limpa, bonita, melhorar a auto-estima que ajuda o setor comercial. E também vamos combater a fome com as compras públicas, feitas pela Prefeitura, como por exemplo comprando dos empreendedores o pãozinho para a merenda. Vamos criar a moeda social, para que a renda mínima que vamos oferecer seja gasta no comércio local. Também quero retomar o uniforme nas escolas, mas produzido por cooperativas de costureiras de Cachoeirinha.

Seguinte: – Há dinheiro?

Almansa – Precisamos repensar o orçamento. Como se conseguiu R$ 5 milhões para a empresa de ônibus e não se viabiliza renda mínima, microcrédito? A Prefeitura vai gastar R$ 20 milhões em limpeza urbana, o mesmo que o governo Miki, porque segue recorrendo a contratos emergenciais. É preciso acabar com isso. Visitei ecopontos em Gravataí e pareciam escolas de tão organizados. Há dinheiro na conta, tem contrato assinado, mas é preciso exigir os serviços adequados. Não faremos mágica em dois anos, mas já nos 100 primeiros dias a população perceberá uma mudança profunda.

Seguinte: – Em entrevista anterior criticaste R$ 80 milhões não utilizados na educação, de contas do Fundeb e MDE. Esse dinheiro está disponível emergencialmente?

Almansa – Com esse dinheiro vamos reformar todas as escolas. O governo está gastando de forma desorganizada, sem planejamento, comprando vagas em escolas privadas, no que há inclusive controvérsias sobre a legalidade, ao invés de contratar professores, investir nas escolas públicas ou ampliar os atuais convênios com escolas sem fins lucrativos, onde há vagas ociosas. O Conselho Municipal de Educação tem um estudo pronto. Queremos também chamar o Judiciário, o Ministério Público, para achar a alternativa mais eficaz, já que há muitas ações judiciais de famílias buscando vagas para as crianças. Hoje há modelos de construções pré-moldadas que permitem uma ação rápida.

Seguinte: – A Câmara de Vereadores aprovou financiamento de R$ 80 milhões. É só propaganda, ou um dinheiro disponível?

Almansa – A Câmara autorizou, mas há ainda muitos trâmites burocráticos, certidões necessárias da Prefeitura. A Caixa Federal vai avaliar a capacidade de endividamento. Vamos focar em fazer bons projetos, que resolvam demandas históricas de mobilidade, mas também quero acabar com aluguéis. Precisamos pensar num centro administrativo de gere economia.

Seguinte: – Criticas o subsídio ao transporte coletivo. Mas qual a saída, sem aporte dos governos, para que as tarifas não fiquem impagáveis para os mais pobres, que são obrigados a usar o transporte coletivo e sustentam o sistema?

Almansa – Criei a Frente Parlamentar sobre o tema na Câmara e estudo muito esse assunto. O subsídio parece ter vindo para ficar, mas é preciso buscar novas fontes de financiamento, que não o caixa da Prefeitura. Vou dar total transparência a esse debate. Precisamos reformular o Conselho Municipal de Transportes e trazer a população para essa discussão. Se a empresa diz que é caro colocar ônibus maior em bairros pequenos, vamos consultar o povo sobre linhas com baldeação, portais da cidade, corredores exclusivos, aplicativos de controle… O que não acho correto é usar o subsídio público e o serviço piorar para o usuário.

Candidato a governador Edegar Pretto e vice Pedro Ruas participaram da convenção


Seguinte: – E a escolha de Ester Ramos, ex-presidente da Associação Comercial de Cachoeirinha (ACC) e atual presidente do PSOL, como vice? Ester é sua vice em Cachoeirinha, e o companheiro dela, Pedro Ruas o vice de Edegar Pretto a governador.

Almansa – Considero a melhor opção. Nosso programa emergencial precisa de uma aliança com o setor produtivo. Conversamos com empresários e comerciantes, que reclamam que indicações para secretarias de indústria e comércio são feitas por critérios políticos, não por conhecimento de desenvolvimento econômico. Eu venho de uma relação popular, da periferia, um jovem que estudou e tem coragem para liderar um rompimento com um histórico negativo da política de Cachoeirinha, e a Ester une a experiência de uma mulher que tem um lado claro, preside um partido de esquerda, mas tem muito trânsito no comércio e indústria. Ela traz credibilidade ao nosso projeto, quebra o gelo. É também uma unidade geracional. Nas conversas que tivemos com comerciantes e empresários, ninguém reivindicou nada para si. É perceptível a vontade profunda de mudar, a necessidade de uma política séria para construir uma cidade melhor.

Seguinte: – Ser a chapa do Lula é bom ou ruim em Cachoeirinha?

Almansa – É ótimo. Tenho lado claro, sempre fui transparente, convicto e as pessoas sabem o que penso ser melhor para o Brasil. Cachoeirinha não é uma ilha, uma bolha. Quero governar junto com Lula. Com um governo Lula podemos avançar, por exemplo, em trazer um instituto federal para Cachoeirinha, um campus tecnológico da Uergs, fortalecer as políticas sociais. Mas também temos recebido apoios de pessoas que não são identificadas com a esquerda. Há uma compreensão geral de que o desafio de reconstruir Cachoeirinha é uma coisa maior.

Seguinte: – Um símbolo é o apoio do conhecidíssimo filósofo e cabelereiro Roberto Teixeira?

Almansa – Sem dúvida. Muito me orgulha. Sou candidato do Lula e do PT, mas principalmente sou o candidato da mudança. Há quem me fale que não gosta do PT e do Lula, mas me identifica como a única candidatura a romper esse ciclo político, que trata as pessoas como moeda de troca, que age com o “vou te conseguir isso e tu me apoia naquilo”. Nossa candidatura tem mobilizado diferentes setores sociais.


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Seguinte: – O Agente Kauer (Rede), que faz parte da tua coligação, costuma chamar os políticos ligados a Miki, Stédile, Vicente, Cristian e Rubinho de ‘Situação A e B’. Concordas?

Almansa – Vou além. O Cristian é a continuidade piorada do governo Miki. No governo Miki tinha, por exemplo, um Juliano Paz, um cara da grande política. Agora vemos gente sem projeto, um consórcio que fazia pressão em Miki por mais espaço, que se aliou ao bolsonarismo que não apresenta nenhuma alternativa para a cidade. E o Rubens saiu deste governo, não dá para negar. Boa parte do programa de governo dele é o mesmo, da terceirização. Ele se distanciou para se apresentar como alternativa, mas fez uma aliança com o passado recente que produziu esse desastre em Cachoeirinha. Estão com ele secretários do governo Miki, como Joaquim Fortunatto, Valdir Matos e João Tardeti, além de dois ex-prefeitos responsáveis pela tragédia que vivemos. Foram Stédile e Vicente a terceirizar tudo, a permitir que chegássemos um momento em que crianças são liberadas da escola por não ter almoço, onde professoras estão exaustas por até limpar banheiro. Gastaram muito e mal, e permitiram uma bagunça na cidade, com loteamentos sem critério algum. Tem gente que comprou sua casa e viu ônibus meses depois. Foram aprovados loteamentos sem serviços básicos, sem posto de saúde, sem escola. Enfim, são duas faces da mesma moeda, da política tradicional.

Seguinte: – O pleito suplementar acontecer em meio às eleições gerais no país, e com votação no dia marcado para o segundo turno, não mascara o debate sobre os problemas locais?

Almansa – Somos a única candidatura que faz o debate nacional. Qual dos adversários fala sobre o Bolsonaro? Insisto: Cachoeirinha não é uma ilha. Defendemos a eleição do Lula e um governo que ajude as prefeituras, tenha um olhar social e tenha conexão com nossas propostas. Entendo que Cachoeirinha não pode perder a oportunidade de mudar. Os mesmos governam por 20 anos, há famílias que estão no poder por 40 anos. Olha o ex-prefeito Gilso Nunes, por exemplo. Nossa candidatura busca uma unidade do povo, com os servidores, as entidades e o setor produtivo para governar para toda cidade. Somos a mudança e vamos fazer em dois anos o que não fizeram nos últimos cinco.

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