Por um ano, nos bastidores dos preparativos da Rio 2016, a pira olímpica foi um dos segredos mais bem guardados e aguardados do evento. Não sem razão: a cada Olimpíada, o acendimento da chama é sempre o clímax da cerimônia de abertura. E até 2012, o mundo já assistira surpreendentes formas de acender a pira. Desde os jogos de Londres a expectativa era uma só: como a Rio 2016 iria abrir a Olimpíada na Cidade Maravilhosa? Como o planeta inteiro viu, foi memorável. Agora o Seguinte: revela alguns detalhes dessa espetacular escultura.
Após a grandiosa festa de abertura, inovadora até no desfile das delegações (jamais foram tão bem recebidas quanto nesta vez), o acendimento começou com anti climax: o ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima (aquele que perdeu o ouro em Atenas ao ser agarrado por um maluco) subiu a escadaria e com a tocha acendeu um modesto caldeirão de pequenas labaredas.
O suspense durou pouco: logo o caldeirão aceso foi erguido até o alto e, lá, uma enorme flor de metal envolveu a chama. A escultura desabrochou em pétalas ao redor e em movimentos contínuos hipnotizou o planeta: a pira olímpica da Rio 2016 foi concebida como um sol refletor, na sua típica carioquice. Resplandescente, a pira cinética levou o público ao delírio.
A obra é do artista americano Anthony Howe, que tem várias séries de esculturas cinéticas. No caso da pira olímpica, a escultura é composta de centenas de esferas e placas reflexivas, distribuídas concentricamente em torno do caldeirão, apoiado por um anel de metal. Cada peça roda independente em torno do anel, num movimento pulsante, com milhões de reflexões da flama.
Anthony Howe conceitua: " A escultura cinética reside na interseção de inspiração artística e complexidade mecânica. Cada peça baseia-se na expressão criativa e na produção em metal, lento processo em partes iguais. Destina-se a alterar a experiência do tempo e do espaço. Precisa resistir a ventos de 90 km/h e ainda se mover na brisa a uma milha por hora e fazê-lo por centenas de anos."
A escultura pesa 1.815 kg e tem 12,2m de diâmetro. Por volta de agosto/2015, Anthony Howe recebeu a consulta do Comitê Olímpico Internacional, se ele gostaria de fazer a pira dos Jogos Olímpicos 2016. “O Comitê Olímpico não especificou o design exato do que queriam que eu fizesse. Me deram bastante liberdade”. Depois de várias interações, o projeto foi definido nesse formato de sol.
Em paralelo, também foi concebida outra inovação: uma pira menor, situada na Candelária. A ideia era deixar a chama olímpica visível no centro do Rio, acessível à população. Virou atração, diariamente cercada por milhares de adoradores do reduzido mas potente sol. A escultura, erguida numa coluna esbelta, segue o visual e a mecânica da pira maior no Maracanã.
As duas piras olímpicas têm tudo a ver com nossa época: por serem relativamente pequenas, queimam menos combustível e emanam menos CO2 na atmosfera. E se ajusta a um dos temas da cerimônia de abertura, o aquecimento global. Os organizadores do evento procuraram exibir uma pira olímpica que refletisse a preocupação com essa realidade.
Anthony Howe, natural de Salt Lake City, Utah, é famoso por suas esculturas cinéticas. Ele desenvolveu e construiu o projeto olímpico no seu estúdio caseiro em Orcas Island, estado de Washington. A escultura foi concluída em Montreal, Quebec, antes de ser transportada para o Rio para os jogos. A partir de agora, ficará implantada para sempre na memória de quem assistiu ao evento. Inesquecível.
Para conhecer as esculturas cinéticas e a trajetória de Anthony Howe, acesse seu site e seu perfil na Wikipédia.
Assista vídeo em close da pira olímpica:
Assista vídeo de 36min sobre as esculturas cínéticas de Anthony Howe:
Assista minientrevista de Anthony Howe na Rio 2016:
Assista a vídeo com acendimento de piras desde Seul/1988 até Londres/2012:
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