Imagina aquela saudade apertada, de dois anos, e que levava o pensamento da doceira Maria Eduvirgens Barbosa, 42 anos, a quatro mil quilômetros daqui. Daquelas saudades que deixavam tristeza e, vez por outra, a faziam chorar a qualquer momento.
Neste último mês, isso se transformou em alegria plena para esta cearense da comunidade de São Miguel, no interior de Quixeramobim, no Ceará. Com uma ajuda da proprietária do restaurante em que trabalha, no Centro de Gravataí, do pai e da irmã, em meados de dezembro, Maria e os filhos partiram para a sua terra-natal. Ficou um mês por lá e reencontrou a família. Era tudo o que ela precisava para voltar ao sul revigorada.
Pois a história da Maria Eduvirgens inspirou o pessoal da agência de viagens Aldeia Tur, que intermediou a viagem dela até o Ceará. Está iniciado o Projeto Quilômetros de Amor. Até o começo de junho, a agência receberá cartas ou e-mails com relatos de moradores de Gravataí contando suas histórias de saudade da família que não veem há muito tempo. O relato selecionado será premiado com passagens de ida e volta ao destino dsejado. A única limitação é de que seja no Brasil.
— A história da dona Maria, não apenas na sua viagem, mas pelos seus relatos, nos sensibilizou. Foi uma viagem muito batalhada e desejada por ela. Nos sentimos muito felizes por termos ajudado ela a conseguir este reencontro com pessoas queridas — diz Kleber Pereira, da Aldeia Tur.
Amor à primeira vista
É que a trajetória da Maria Eduvirgens começou aqui no Rio Grande do Sul com um amor à primeira vista, em 2000. Foi quando ela conheceu um caminhoneiro gaúcho durante uma festa lá em Quixeramobim.
— Ele estava sem carga para descer para o sul, então foi em uma festa lá na minha cidade. Foi lá que nos conhecemos e, no dia seguinte, eu aceitei viajar com ele para cá. Ele se tornou meu marido e pai dos meus três filhos — conta, com orgulho.
Desde então, Maria Eduvirgens só havia voltado duas vezes ao Ceará. A primeira em 2009 e depois, em 2017. Mas desde então as coisas complicaram-se para a família. Com problemas na coluna, o marido já não conseguiu trabalhar no caminhão, e o sustento da casa ficou com Maria, que é saladeira e doceira no restaurante de Gravataí.
— Comecei a ficar triste, estava chorando no trabalho. E a minha patroa entendeu, ela sabia a saudade que eu sentia de casa. Aí me disse que eu precisava ir ver minha família, mas como, se eu não tinha dinheiro?
Foi então que a solidariedade entrou em cena. As férias da Maria foram antecipadas. O pai e a irmã disponibilizaram-se a pagar parceladas as passagens, que foram retiradas pela proprietária do restaurante na Aldeia Tur. No dia 13 de dezembro, ela partiu em um voo para Fortaleza, e depois rumou até sua pequena cidade.
— Lá no interior, em São Miguel, todo o lugarejo é da minha família. Posso dizer que aquela é a minha casa. Fora de lá, somos só eu, meu marido e meus filhos. Fazer esta viagem foi renovador. Voltei com outro espírito — garante ela.
COMO PARTICIPAR
: Envie o seu relato com a saudade da família que deseja reencontrar depois de muitos anos pelo e-mail aldeiatur@aldeiatur.com.br , ou por carta, deixando-a depositada em uma caixa disponibilizada na agência (Rua Coronel Fonseca, 845 – Loja 6 – Centro – Gravataí).
: Somente uma carta será selecionada a partir da avaliação dos relatos. O prazo para envio é 10 de junho.
: O relato deve ter, no máximo, 15 linhas, contendo nome completo, data de nascimento, endereço que reside, contato telefônico (mínimo dois telefones), destino que deseja viajar, pessoa que irá visitar e o seu grau de parentesco.
: Para participar, é preciso ser morador de Gravataí e maior de 18 anos.
: Mais informações: 51 3484-9516; 51 99455.3997 (whats); 51 99746.7160 (whats).