: Sônia se despediu de Nanda e Carla (à frente) em Praga e de Tuca (atrás) no aeroporto de Barajas, em Madri.
Sábado, despertamos cedo, pois havíamos agendado, para as 8h15min, a devolução do apartamento em que ficamos alojadas em Praga e, para as 8h30min, um táxi que nos levaria ao aeroporto.
Estava chegando a hora dura da nossa separação, pois minhas filhas ainda viajariam para a Polônia, a Estônia, a Lituânia e a Letônia; minha amiga Tuca tinha de voltar para o Equador, onde vive, e eu, para o Brasil.
O céu estava cinzento e ventoso, mas a chuva esperou nossa partida para cair. Os quatro dias que passamos na cidade foram ensolarados e super proveitosos.
Tuca e eu nos despedimos da Carla e da Nanda, no aeroporto, e rumamos para Madrid, onde teríamos uma larga espera pelas nossas conexões. Até poderíamos ter deixado nossas maletas no guarda-volumes, e saído a bater perna pela cidade, mas, depois de passar 14 dias fazendo uma média de 11,5km de caminhada, o que estávamos era precisando de um pouco de descanso.
Para enfrentar os três trechos da viagem de volta (Praga/Madri. Madri/São Paulo e São Paulo/Porto Alegre), comprei dois livros — Carta ao pai, de Franz Kafka, e O leitor de Júlio Verne, da espanhola Almudema Grandes, além de dois jornais, pois, como havia resolvido dar um tempo das notícias, nas férias, precisavam saber que Brasil estaria me esperando.
No Le Monde, havia uma página inteira sobre as últimas trapalhadas dos nossos “líderes políticos” e, no El País, uma matéria de meia página. A repercussão dos escândalos de corrupção é bastante grande, mas fiquei feliz ao constatar, nas quatro cidades da Europa Central que visitamos, a simpatia que existe com relação ao povo brasileiro.
Fiquei com vontade de ler o livro do Kafka — sobre o qual falarei na minha próxima coluna para o Seguinte:, já que este Diário de Viagem termina aqui —. depois dos free walking tours que fizemos pela cidade, pois suas marcas ainda estão em toda parte.
Ao chegar no aeroporto de Barajas, confirmou-se algo que disse Miguel, um dos nossos guias de Praga: “Idiotas há em todos os países do mundo”. Imaginem que decidimos jantar em um restaurante e, como não havia ninguém no balcão, entramos direto e nos acomodamos em uma mesa.
Em segundos, o maitre veio em nossa direção, aos gritos, dizendo que não poderíamos ter entrado direto, sem o devido “permiso”, como é costume na Espanha (É?), e que essa era uma norma para evitar roubos.
O sujeito foi tão arrogante que fomos comer em outra parte e, naturalmente, registramos nossa reclamação no site Trip Advisor e na página do Facebook da empresa, onde, em seguida, um peruano comentou que também havia sido tratado de forma hostil naquele local. Para mim, foi um caso de preconceito contra latino-americanos. Não dá para deixar barato…
Embarquei, enfim, à meia-noite, deixando a Tuca à espera do seu voo, que sairia ainda mais tarde. Na viagem até São Paulo, terminei de ler o livro do Kafka e assisti a dois filmes. Na de São Paulo a Porto Alegre, comecei a ler o segundo livro, mas, lá pelas tantas, não houve clima para prosseguir com a leitura, pois o comandante pediu que colocássemos os cintos de segurança, já que “as condições climatológicas não estavam ajudando”, e iríamos entrar em uma zona de turbulência.
Mas, apesar da chuva e dos fortes ventos, chegamos sãos e salvos e na hora prevista.
Voltar para casa também é bom demais…