RAFAEL MARTINELLI

Dimas é recebido pelo todo-poderoso Kassab em São Paulo: o que isso significa para política de Gravataí

Dimas foi recebido em casa, por Kassab, nesta quarta

Dimas Costa foi recebido na tarde desta quarta-feira por Gilberto Kassab, em sua mansão em São Paulo. Além da conversa partidária com o presidente nacional de seu PSD, o deputado estadual gravataiense tem agendas sobre mobilidade urbana hoje e amanhã com integrantes do governo Tarcísio de Freitas, de quem Kassab é secretário de governo e o ‘número 1’ na articulação política.

Dimas busca alternativas para o gargalo da entrada de Porto Alegre pela Av. Castello Branco, que prejudica motoristas de toda região metropolitana.

– Quero subsídios sobre o funcionamento do modelo de rodoanel – disse ao Seguinte:, sem revelar o conteúdo político da conversa com aquele que é hoje um dos todo-poderosos da política nacional.

Elocubro.

Dimas certamente conversou com Kassab sobre a possibilidade do governador Eduardo Leite (PSDB) se filiar ao PSD para concorrer à Presidência da República ou ao Senado pelo Rio Grande do Sul. Ele e o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) aguardam uma definição de Leite.

Caso o governador não saia do partido, Dimas deve se filiar ao PSDB para concorrer à reeleição em 2026, possivelmente como candidato preferencial do prefeito. Já se Leite disser sim ao convite feito há mais de um ano por Kassab, Zaffa deve se filiar ao PSD. No Almoçando com a Acigra, na quinta passada, o prefeito e o deputado anunciaram que acompanham a decisão do governador.

A visita de Dimas à casa de Kassab, que não é a primeira, mostra o prestígio do gravataiense junto ao político que pode decidir a eleição nacional do ano que vem. Kassab tem três ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas é o principal articulador de Tarcísio de Freitas (Republicanos), potencial candidato ao Palácio do Planalto com a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A proximidade com Kassab também mostra que o gravataiense não perdeu força após o afastamento de Danrlei de Deus, de quem era secretário-adjunto.

A crise eclodiu após o deputado federal precisar sair da Secretaria de Esportes do Estado para Gaúcho da Geral assumir como secretário e abrir a vaga para Dimas na Assembleia Legislativa – engenharia feita pelo governador Eduardo Leite para buscar fidelidade de votos na base de governo e que também serviu como reciprocidade por Dimas ter desistido de concorrer a prefeito para apoiar a reeleição de Zaffa.

Na sexta, colocando o afastamento em imagens, Danrlei enviou vídeo de parabenização pelos 60 anos do vice-prefeito de Gravataí, Dr. Levi Melo (Podemos), também candidato a deputado estadual, assim como Dimas, o que provocou rumores de que o médico poderia ter seu apoio e até se filiar ao partido.  

A força – e o pragmatismo – que podem seduzir Leite

Para se ter uma idéia do feito de Kassab, o PSD tomou do MDB, pela primeira vez desde a redemocratização, em 1988, a liderança no número de prefeituras conquistadas em eleições municipais.

O partido criado em 2012 desbancou a legenda histórica e emergiu como a maior força política nas cidades brasileiras, com ao menos 877 municípios vencidos nas eleições de 2024, segundo dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O MDB, que por décadas dominou o cenário municipal, elegeu 844 prefeitos — ainda assim um avanço em relação aos 793 de 2020.

A chave do sucesso do PSD de Kassab está em sua habilidade de se entrelaçar com governos de diferentes matizes. No estado de São Paulo, tornou-se o principal aliado de Tarcísio, vinculado a Bolsonaro, e de quem pode ser vice caso o governador concorra a reeleição. Ao mesmo tempo, integra o governo de Lula, indicando os ministros da Agricultura, com interlocução com o poderoso agro, de Minas e Energia e da Pesca.

Leite, não eleito à Presidência ou ao Senado, possivelmente teria um ministério para chamar de seu, qual seja o próximo refém a vestir a faixa verde-amarela no presidencialismo de coalizão brasileiro.

Como perfeitamente analisa Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria, em entrevista para a BBC, “o PSD já nasce como um projeto de virar um novo MDB, uma figura central para a governabilidade”.

A estratégia garante acesso a recursos públicos e influência em projetos estratégicos, fortalecendo redutos eleitorais.

A política de dupla face do partido já motivou críticas de Valdemar Costa Neto, presidente da legenda bolsonarista, que acusa Kassab de “estar nos dois lados”, a que o ex-prefeito de São Paulo rebate: “É compreensível que radicais não entendam o papel do centro”.

Concluo.

Ao fim, é neste jogo grande que um gravataiense, Dimas, está inserido, pragmaticamente.

É seguidor de Kassab, que é o número 1 do Tarcísio que pode ser o candidato do bolsonarismo, não deleta o passado de esquerda e eleitor do Lula em eleições anteriores, ajudou na reeleição e é fidelíssimo integrante do grupo político de Zaffa, além de ser o ‘embaixador’ de Leite em Gravataí.

– Quero ser visto como um político de resultados – diz Dimas.

Na ferradura ideológica, resta no que chamo ‘extremo centrismo’.

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