crise do coronavírus

É exagero falar em greve contra volta às aulas em Gravataí?; A resposta

Em 2019 professores de Gravataí entraram em greve na ’crise do Ipag’

O SPMG/Gravataí pediu ao prefeito Luiz Zaffalon o adiamento da volta às aulas da próxima segunda-feira, 8, pelo menos até após o Carnaval. Reputo que não há justificativas técnicas, nem políticas para o governo não atender.

CLIQUE AQUI para ler o manifesto que o sindicato dos professores entrega nesta sexta ao prefeito, elaborado após reunião extraordinária do Conselho Geral de Representantes e que coleta assinaturas de apoio.

Pedi ao prefeito um comentário para o Seguinte:

– Há alguma possibilidade de adiamento?

Zaffa respondeu pelo WhatsApp:

– Se conseguimos atender os requisitos necessários não adiaremos.

Fui ouvir Vitalina Gonçalves, presidente do sindicato.

Siga trechos da entrevista.

 

Seguinte: – É exagero falar em possibilidade de greve caso o governo não adie a volta às aulas, como ameaçam professores em outros municípios e estados? Antecipei a possibilidade em Acho arriscado volta às aulas dia 8 em Gravataí; São 90 mil pessoas-alvo.

Vitalina – Sim, é exagero. Não pulemos etapas. Não falamos em greve. Neste momento estamos em um processo de construção junto ao governo. Entregaremos nosso pedido de adiamento da volta às aulas para que possamos verificar a estrutura das escolas e o plano pedagógico para o modelo híbrido de aulas presenciais e remotas. Esperamos sensibilidade do governo. Não nos contrapomos a voltar às aulas online.

 

Seguinte: – Pergunto porque reportei em Aulas não!; o anticorpo da greve em Gravataí que, em agosto, "98,7% das trabalhadoras e trabalhadores em educação de Gravataí consideram inviável a retomada das aulas presenciais durante a pandemia da COVID-19". O que mudou?

Vitalina – Estamos construindo a volta às aulas. Como disse antes, não pulemos etapas.

 

Seguinte: – Como mostrei em Pandemia piorou em janeiro em Gravataí; O tsunami chegando, os indicadores da pandemia pioraram.

Vitalina – O governo tem sustentado a volta às aulas pela estabilidade nos indicadores.

 

Seguinte: – Mas é uma estabilidade, um platô, na altura do Morro do Itacolomi…

Vitalina – É necessário que toda comunidade escolar absorva que vivemos uma rotina completamente diferente. Dou um exemplo: a escola Vânius vai instalar o refeitório em um amplo saguão coberto, onde é possível manter o distanciamento. Outras escolas não tem esse privilégio. Não temos neste momento um diagnóstico completo da realidade de cada escola. Não sabemos o número de profissionais em home office. Por isso o pedido de adiamento da volta às aulas.

 

Seguinte: – Os mesmos professores terão que ensinar de forma presencial e à distância.

Vitalina – Essa é a pergunta que mais nos fazem. Como conduzir a parte pedagógica? Em algumas escolas a adesão ao ensino presencial será menor, mas em outras não. E a presencialidade tende a aumentar assim que as famílias observarem alunos indo à escola. É um organismo vivo. Algumas pessoas falam: “Mas e a praia lotada?”. Verdade, mas na sala de aula é diferente. Há como engessar cada um em seu quadrado?

 

Seguinte: – A Prefeitura já entregou os equipamentos necessários?

Vitalina – Alguns, não todos. Mas não podemos resumir tudo a EPIs. Não há como comparar escolas públicas com privadas, que se estruturam pela lógica do comércio, da disputa de mercado. Hoje a maior parte dos jovens entre zero e 17 anos estão na escola pública.

 

Seguinte: – Governador Eduardo Leite estuda obrigar o retorno às aulas presenciais em escolas públicas e privadas.

Vitalina – É um absurdo. O governador deveria focar mais nas testagens e nas vacinas. Do jeito que está atingiremos a ‘imunidade de rebanho’ só em 2022.

 

Seguinte: – Professores ainda não entraram nos grupos prioritários para vacinação.

Vitalina – Acredito na ciência e nos protocolos sanitários, mas não entendo professores não estarem entre as prioridades. A comunidade escolar envolve quase toda cidade. Ainda em dezembro lançamento a campanha “Vacina para todos e todas”.

 

Seguinte: – Os professores estão assustados com a volta às aulas?

Vitalina – Sim, super amedrontados. Criou-se uma rotina que faz com que a pandemia pareça naturalizada. Não são o que os indicadores mostram e muito menos é o que acontece em sala de aula. Só sabe quem já deu aula.

 

Seguinte: – É mais difícil fazer com que crianças ou adolescentes cumpram os protocolos?

Vitalina – Os dois. Como negar um abraço a uma criança? Como negar uma conversa com um adolescente que precisa desabafar? Como evitar que se toquem, o que é coisa da idade?

 

Seguinte: – A tendência é que os mais pobres e sem acesso à tecnologia voltem às aulas antes, como tratei em Ideia é mandar os alunos pobres antes para sala de aula; O bode preto da Grande Porto Alegre​. Não é uma derrota de todo sistema de educação?

Vitalina – Sim. Não falo só em Gravataí, mas no país. O debate que precisamos começar a fazer é sobre uma rede de apoio no pós-pandemia. Nesse período sem aulas temos jovens que abandonaram a escola, que caíram nas drogas, que sofrem violência em famílias desestruturadas, que perderam sua referência. Nunca fomos contrários à volta às aulas. É a realidade que se impõe.

 

Seguinte: – Há segurança para voltar às aulas segunda?

Vitalina – Hoje não.

 

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