Em reunião com a base do governo durante a crise climática da enchente de maio, o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) brincou, ao confirmar no cargo o secretário de Assistência Social, Artêmio Airoldi, cuja demissão era especulada no meio político:
– Martinelli, Martinelli, o secretário fica – disse, mais ou menos assim, olhando em volta, como se o Seguinte: estivesse filmando a reunião.
Ironizava vazamentos.
Pois eu não estava na última reunião do secretariado, mas apurei que Zaffa disse a eles que alterações serão feitas na formação do novo governo, o que é natural, e, o principal, o prefeito quer dos aliados “qualidade” na indicação de nomes para o primeiro escalão.
O prefeito prepara uma reforma administrativa para ser votada pela Câmara de Vereadores neste ano, antes de começar a definição de nomes que ocuparão os quase 300 cargos e funções de indicação na Prefeitura.
Tem como vantagem melhores salários, apesar de ainda abaixo do ‘mercado da política’, a partir da aprovação do aumento nos subsídios de vereadores e secretários, aprovado em fevereiro, como reportei em Aprovado aumento de salários para vereadores, prefeito, vice e secretários a partir de 2025 em Gravataí; O debate necessário foi escondido.
Vamos à análise.
O apelo por “qualidade” me parece obvio acontecimento. Por mais engenharia política precise ser feita para acomodar a maior coligação já montada na história de Gravataí, com 11 partidos, 14 vereadores e um deputado estadual, é o governo do Zaffa.
Se em 2021 assumiu com a coordenação política ligada a seu ‘Grande Eleitor’, Marco Alba (MDB), na montagem do atual governo as digitais serão suas.
E quer o prefeito, como já disse, inscrever o Zaffa 2 como um governo de excelência, inspirado no histórico Loureiro da Silva.
Não é Zaffa um Bob Kahn e Vint Cerf inventando a internet. É uma fórmula que pode dar certo, quando o prefeito tem autoridade pessoal e popularidade delegada pelas urnas – o que hoje tem ele.
Já foi testada em Gravataí nos governos Daniel Bordignon 1 e Marco Alba 1, que tinham secretários que ou já tinham ocupado, ou vieram a ocupar altos cargos estaduais e federais, no Executivo, Legislativo e Judiciário.
O comunicado de Zaffa pode ser lido como um recado de que, ‘O Gerentão’, descrição que assumiu inclusive em peças da campanha eleitoral, quer secretários que apresentem condições de produzir resultados, despachar com ele e serem cobrados diretamente, independentemente de padrinhos políticos.
Hoje com 71 anos, provavelmente não será candidato a mais nada ao encerrar em 2028 o mandato que conquistou nas urnas com 64.125 votos, 51,17%.
Reputo Zaffa vai cuidar de seu grupo político e seus apoiadores nas eleições de 2026 e 2028, mas antes de tudo certamente vai cuidar de seu governo.
Até porque os ‘confirma’ das urnas deixaram evidências de que ninguém é ‘dono’ dos votos. É governo bom que elege.
LEIA TAMBÉM
#DasUrnas | Zaffa foi reeleito porque faz um bom governo em Gravataí, e mais
#DasUrnas | Marco Alba foi ‘vítima’ do que construiu – e bem. Ou: Pelé errou o pênalti