RAFAEL MARTINELLI

Frankenstein da Realpolitik pode unir em Gravataí o ‘Vereador do Lula’ e o ‘Vereador do Bolsonaro’; A Dialética, a Tialética e o Silvio Santos

Não é o monstro bondoso de Mary Shelley, e sim obra dos patriotas Ciro Nogueira e Luciano Bivar, um Frankenstein da Realpolitik que pode inserir nos anais dos Grande Lances dos Piores Momentos da política de Gravataí um híbrido do ‘Vereador do Lula’ com o ‘Vereador do Bolsonaro’.

Não ria, o Carnaval ainda vai começar.

Antes de dar nome aos nossos políticos aldeanos vamos às informações.

A notícia de “O Antagonista” é que o PP e o União Brasil fecharam acordo nacional por federação, o que garantiria a maior bancada da Câmara Federal.

Como a ‘criatura’ da obra considerada a primeira história de ficção científica, redivivo a partir de restos humanos o choque que une os dois partidos representaria 108 deputados federais e 15 senadores.

Conforme o site, os presidentes de PP, Ciro Nogueira, e do União Brasil, Luciano Bivar “mantém as suas estruturas iniciais, mas unem-se em um consórcio e são obrigados a ter o mesmo posicionamento no Congresso Nacional”.

“Esse movimento aumenta o poder de barganha da federação por espaços na Esplanada dos Ministérios. Hoje, o União Brasil comanda três pastas: Comunicação, Turismo e Integração Nacional. O partido está de olho também em autarquias como Codefasf e Sudene, por exemplo”, segue a notícia.

E conclui: “Além disso, o casamento entre os dois partidos também facilita o embarque de Ciro Nogueira no governo Lula. O ex-ministro da Casa Civil participou da campanha de Jair Bolsonaro e alguns auxiliares vinham buscando uma reaproximação de Ciro com integrantes do governo Lula”.

Voltemos à aldeia.

Apelidei Cláudio Ávila (União Brasil) de ‘Vereador do Lula’ porque era a única voz na Câmara a defender a inocência do atual presidente quando ainda era um presidiário condenado pela republiqueta do juiz corrupto, Sérgio Moro.

Já o ‘Vereador do Bolsonaro’ é aquele que se apresenta com a alcunha de Policial Federal Evandro Coruja (PP). Basta olhar suas redes sociais: pouco fala em Gravataí. A obsessão é defender o ‘capitão’ e atacar Lula.

Reputo um Frankenstein ainda mais tragicômico porque Ávila é oposição ao governo Luiz Zaffalon (MDB), assim como foi, pelos tiros de crítica, um inimigo do ex-prefeito Marco Alba (MDB); e, Coruja, que tem cargos no governo, ganhou até uma escola cívico-militar meio fake para chamar de sua conquista familiar.

Não dá para esquecer de lembrar que o União de Ávila também tem o vereador mais votado, Bombeiro Batista, já apresentado como pré-candidato a prefeito em 2024. Um ex-militar… bolsonarista!

Além de Fernando Deadpool, que bolsonarista não é, tem vergonha de dizer que é lulista e se esconde atrás da capa ao manifestar admiração por… Enéas!, como já analisei em Vereador de Gravataí coloca Enéas na parede; O Bolsonaro com QI.

Como vai ficar essa engenharia Frankenstein na eleição pela Prefeitura em 2024, aguardemos. Na contabilidade eleitoral, a federação encurta os candidatos. Serão 11 para cada partido, menos da metade da última eleição.

Fosse hoje, teríamos Ávila, Bombeiro, Deadpool e Coruja concorrendo juntos; e, quem sabe, por ordem da federação, apoiando uma reeleição de Zaffa, a volta de Marco Alba, ou até Bordignon.

Inegável é que esse susto de Frankenstein pode acelerar a saída de Coruja do PP. Ele recebeu convite do Republicanos, e vindo do deputado estadual mais votado, Gustavo Vitorino.

Foi no infame 7 de setembro de 2022, que reportei em Sobre Zaffa e Dr. Levi no palanque do Bolsonaro em Gravataí, e postei na SEGUINTE TV o vídeo machista, no qual o dj da festa bolsonarista no Parcão de Gravataí botou tocar jingle que em 2019 estreou em uma ‘Marcha pela Família’ e, em trecho, dizia “…dou para CUT pão com mortadela e para as feministas ração na tigela / As minas de direita são as top mais belas, enquanto as de esquerda têm mais pelo que cadela…”.

Ao fim, se Ávila – que já foi vice de Daniel Bordignon (PT) na eleição a qual venceram, mas foi anulada em 2016 devido à suspensão dos direitos políticos do ex-prefeito pela contratação julgada irregular de servidores públicos – e Coruja – que é bolsonarista raiz de cantar alto o hino nacional na Câmara – moldarem-se ao Frankenstein, não será nenhum crime, mas a Realpolitik.

Já que rimos até aqui, permitam-me lembrar uma do Millôr, que me pega também, como jornalista que não permite aos políticos apenas a presunção de culpa que muitos deles incentivam no Grande Tribunal das Redes Sociais.

É “Dialética e Tialética”, de 1986:

“Nós somos flexíveis, cara. Por que, enquanto lutamos para levar ao extremo as contradições de nosso tempo, não comer do bom e do melhor? Sempre se pode atacar o que defendemos e defender o que atacamos. Veja a televisão. Vendida ao comercialismo mais reles. Mas os que ficam de fora, com raiva, não compreendem o heroísmo que é combate-la por dentro, forçando o sistema a nos dar um bom ordenado, casa, comida e beijo na boca dos rapeize. Agora estou num programa de idéias do Silvio Santos. Grande comunicador, exemplo a ser seguido – inventou a vigarice explícita. A última da dialética: não devemos deixar a reação para os reacionários”.

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