O Ministério Público investiga o que o prefeito Cristian Wasem (MDB) fez com 439 aparelhos de ar-condicionado, adquiridos por R$ 1,4 milhão em setembro do ano passado, mas ainda não instalados nas escolas da rede municipal de Cachoeirinha.
É Dos Grandes Lances dos Piores Momentos: conforme denúncias, os alunos, professores e funcionários estão sem ar-condicionado pela falta de rede elétrica adequada nas escolas do município para suportar os equipamentos.
Foram comprados 270 aparelhos de 18.000 BTUs, 86 de 30.000 BTUs e 83 de 12.000 BTUs.
O Seguinte: teve acesso a ofício pelo qual a promotora Thomaz de La Rosa da Rosa, “visando instruir o Procedimento no 01504.000.952/2023”, solicita que, “no prazo de 30 (trinta) dias, comprove a regularização efetiva em torno da destinação de todos os aparelhos de ar condicionado adquiridos, com a sua devida instalação nos departamentos e salas de aula, mediante o devido preparo elétrico”.
A investigação pelo MP de Cachoeirinha acontece a partir de denúncia feita pelo vereador David Almansa (PT) ao Ministério Público de Contas no ano passado.
O parlamentar, que fez uma vistoria nas escolas, apresentou relatos de que equipamentos ficaram armazenados por falta de estrutura adequada nas escolas para instalação.
O vereador alertou também para o risco de furto, lembrando caso ocorrido nas dependências da Secretaria Municipal de Educação, de onde foram subtraídos uma caixa de som, sete telas interativas de 65 polegadas e quatro condensadoras (parte externa do ar condicionado) 12.000 BTUs, com prejuízo calculado em R$ 85 mil.
Clique aqui para ler a denúncia completa, que inclui fotos dos equipamentos mal estocados.
– Denunciamos a falta de eficiência. Compraram os aparelhos sem planejar um cronograma ou verificar se redes elétricas comportavam a instalação – resumiu, ao Seguinte:, David Almansa, que na petição entregue em Porto Alegre ao procurador-geral do MPC, Geraldo da Camino, faz a ressalva de que, “ao que tudo indica, o procedimento licitatório transcorreu de forma Legal, pois a Ata do Pregão Eletrônico registrou a participação de 32 empresas que enviaram propostas e disputaram lances”, porém “observa-se total falta de planejamento da contratação, o que, na prática, contraria ao princípio da eficiência da Administração Pública”.
O vereador adverte também para a perda do prazo de garantia dos equipamentos, que vence em outubro deste ano.
– É praticamente impossível a instalação até o verão – lamenta, lembrando que a Câmara de Vereadores, um prédio dos anos 2000, precisou refazer toda rede elétrica e evitar quedas de energia devido ao uso de ar-condicionado em dias quentes.
Até o fechamento do artigo, a Prefeitura não respondeu ao contato do Seguinte: para esclarecer quais medidas tomadas pelo prefeito.
Reputo é notória a falta de planejamento para a compra, feita às vésperas da eleição suplementar de 2022. Ou a maior parte dos equipamentos não restaria ainda encaixotada.
Fica pior: as escolas restaram abandonadas.
Como a Prefeitura tem optado pelo som do silêncio frente a questionamentos da imprensa, ficamos com a denúncia do vereador ao MPC, que relata que “tão logo as escolas começaram a receber os respectivos equipamentos, algumas equipes diretivas solicitaram à Secretaria Municipal de Educação providências para a correta instalação dos mesmos, no entanto, foram avisados pela SMED que caberia à própria escola providenciar esse serviço”.
Se me permite, recomendo: fala, prefeito! Abra as portas do castelo onde comanda e/ou é comandado pela ‘República dos Vereadores’. Saia da bolha dos elogios de CCdependentes, garotos de programa online ou PIXidas. Preste contas por meio da imprensa com CNPJ. O senhor estará falando à sociedade. A ‘Pobre, Cachoeirinha!’ merece mais que sorrisos de Instagram.
Ao fim, o som do silêncio grita um erro político. Até porque, para órgãos de investigação judiciária, o silêncio não resta uma opção.