O processo de troca de toda equipe materno-infantil do Dom João Becker foi completado nesta segunda-feira. Os 24 novos profissionais já trabalham no único hospital de Gravataí.
O que reputo uma notícia importantíssima, foi comunicado como uma coisa normal pelo superintendente da Santa Casa, nesta quinta, ao ser sabatinado por vereadores na Comissão de Saúde da Câmara de Gravataí.
Como jornalismo tem como dever dar nome às coisas, se o polido Antônio Carlos Weston não o faz, explico: é o efeito da morte do bebê Theo, e do parto feito no saguão do hospital.
Tratei dos dois episódios lamentáveis, mesmo que eventualmente explicáveis, em artigos como ’Meta’ de partos normais não é autorização para matar; cuidado!, CPIs sobre hospital de Gravataí tem assinaturas necessárias; uma já abre terça, Santa Casa de Gravataí na mira de CPI, convocação de diretor e audiência pública; dor de mãe é mais que voto, Mãe que perde bebê em hospital sempre tem razão; é preciso respostas e Alô, Dr. Pasa: bebê morto e parto no saguão? Câmara tem que convocar diretor da Santa Casa de Gravataí.
Até uma CPI foi instalada, apesar de virtual, pela investigação não ter saído do Facebook nem para depoimentos remotos, devido à pandemia.
Hoje, Weston, há um mês e uma semana no cargo, relatou aos parlamentares os investimentos na obstetrícia, com protocolos que trazem para Gravataí residência médica (graduação, pós e doutorado), além de anunciar profissionais experientes também na pediatria e ortopedia.
Com a pandemia, o superintendente disse não poder dar prazos para execução dos planos de obras físicas, como uma ampliação da UTI e a abertura de uma nova emergência pelo SUS, promessas de mais de um ano da Santa Casa.
– Perdemos 80% da receita.
Como há uma semana respondeu ao Seguinte:, no vídeo Entramos no hospital de campanha de Gravataí e mostramos como funciona; assista, Weston diz trabalhar para que a percepção da ‘grife Santa Casa’ seja uma nova etapa, neste momento em que se completa um ano e meio da compra do hospital filantrópico.
– Temos um padrão de atendimento.
O HDJB não tinha investimentos de peso há pelo menos cinco anos.
– O padrão Santa Casa aos poucos será percebido. A primeira etapa foi manter aberto o hospital de Gravataí. Sem a parceria com a Prefeitura, poderíamos não ter mais o Dom João Becker e atender a 80% SUS – disse, aos vereadores.
Ao fim, Weston foi bem em uma concorrida sabatina. Todos os vereadores participaram, e fizeram questionamentos importantes, que você assiste clicando aqui. Alto nível, refratário a grosserias, político até, não deixou pergunta sem resposta, mesmo as mais duras, mas entendo que apresentou poucos dados e números – o que pareceu não incomodar os vereadores.
Pelo que apurei, a criação da superintendência em Gravataí é parte de uma estratégia da Santa Casa para melhorar a comunicação com a ‘aldeia’.
Weston não chega como um interventor, e sim joga junto com o diretor médico Marcelo Pasa, profissional competentíssimo na administração do hospital, e que, testemunho, respondeu de forma transparente, mas solitária, aos questionamentos sobre a morte do bebê Theo, o parto no saguão e a infame ocorrência de racismo ocorrida sob os olhos dos quadros de Bárbara Maix (o que também levou a demissões de funcionários).
Weston cumpre o papel de receitar esperança em dias melhores, a partir daquele que é o único hospital de Gravataí, e que, por receber R$ 40 milhões por ano de dinheiro público e ter ‘porta aberta para o SUS’, é, como descreveu “a referência da saúde em Gravataí”.
Não será fácil, com um sistema de saúde brasileiro ‘doente’.
Já pedi entrevista com o superintendente para avançar um pouco nos indicadores – repasses, gastos e projeções.
Inegável é que a Santa Casa merece crédito por se preocupar em melhorar a comunicação com a comunidade e, em três casos polêmicos, ter tomado providências.
Bem-vindo, dr. Weston, seu celular não vai parar de tocar, como aconteceu hoje, durante o seu depoimento na Câmara.
Assista como funciona por dentro o hospital de campanha de Gravataí
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