veraneio das urnas

Na carona de Marco Alba

Marco Alba com o prefeito interino Nadir Rocha

Há cerca de duas semanas conversava com Marco Alba (PMDB) sobre as críticas dos adversários por ele estar nas ruas em “obras de véspera de eleição”.

– Antes eu era prefeito, cumpria expediente. Nunca fiz da Prefeitura, nem do meu dia, palanque político. Se fizéssemos as obras pensando em eleições, por que não teríamos feito antes de outubro? – respondeu, com uma afirmativa e outra pergunta, referindo-se à ‘eleição que não terminou’.

– As dívidas e a maior crise econômica, política e social da história do país fizeram com que as coisas demorassem um pouco mais a acontecer do que tínhamos planejado – explicou, observando que as obras e serviços realizados, todos previstos no Plano Plurianual, acontecem após o enfrentamento de um cenário de meio bilhão em contas antigas, sete meses de fornecedores atrasados, R$ 62 milhões em dívidas de curto prazo, os primeiros depósitos de um débito de R$ 50 milhões nunca recolhidos para o instituto de previdência (Ipag) e uma quebra anual de R$ 300 milhões na receita.

– Se Gravataí tivesse crescido os mesmos 16% da média entre 2002 e 2012, teríamos R$ 1 bilhão de orçamento – observou, alertando para a progressão negativa da receita municipal nos últimos quatro anos, apesar da ascensão de Gravataí de quarta a terceira economia gaúcha.

– Apesar da crise, estamos mostrando que uma gestão responsável dá resultados – avaliou o candidato a reeleição, convidando o Seguinte: para, naquele dia, percorrer em sua caminhonete algumas obras, feitas por ele ou em curso no governo que entregou ao prefeito interino Nadir Rocha e sob o qual exerce notória influência.

Como não tínhamos feito nenhuma entrevista de balanço ao fim dos quatro anos de gestão, embarcamos.

A primeira parada foi no Centro Administrativo, onde Marco mostrou os investimentos no Escritório de Tecnologia da Informação.

– Quem nunca viu como era não acredita. Sem falar das gambiarras pelo chão, quando chovia era preciso jogar uma lona por cima – lembrou, apontando para os equipamentos, que instalados em um novo espaço, permitem oferecer cerca de 800 serviços online aos contribuintes.

– Te trouxe primeiro aqui porque uso isso como um exemplo simples de como deixamos para trás a época do bilhetinho, do empenho na gaveta, dos dados na cabeça do gestor da vez. A Prefeitura não tinha um software de gestão, acredita? Para o prefeito saber do orçamento, precisava de uma pilha de papéis trazidos pelos secretários – comparou, antes de dirigir para as avenidas feitas com recursos próprios.

– Aqui é o que aparece, a obra física. Mas não é o mais importante. Poderíamos ter feito centenas de Jorge Amado, Itacolomi e Brasil, se não tivéssemos que pagar as contas e tirar a prefeitura do ‘spc’, o que garantiu a possibilidade de receber recursos externos e contrair financiamentos – argumentou, entusiasmado com a habilitação para captação de mais de R$ 100 milhões para infraestrutura junto à Comissão Andina de Financiamento, que permitirão obras como a da Centenário.

– Muito se falou nos buracos, que atrapalharam motoristas e talvez tenham estragado amortecedores. Mas foram necessários três anos para fazer funcionar a Usina de Asfalto, penhorada por dívidas da CDG. De outubro até agora, umas 50 ruas já foram asfaltadas e, em quatro anos, é possível que quase toda a cidade receba algum tipo de pavimentação – explicou, em seguida acrescentando que a ‘impopularidade dos buracos’ nunca lhe desviou da prioridade traçada no início do governo de “colocar a casa em ordem”, mantendo os investimentos em saúde e educação.

– Mais da metade dos alunos chegava ao 3º ano sem saber ler e escrever direito. Agimos desde a entrega de uniforme escolar para todos, até um necessário plano pedagógico, igual ao das principais escolar particulares. Encerramos o governo com o melhor Ideb da história de Gravataí.

– Na saúde, além de ampliar de 24% para mais de 50% a cobertura do Programa de Saúde da Família, que é o que funciona de verdade na prevenção, temos a UPA Abílio dos Santos pronta na 74, outra que abre no fim do ano na Morada do Vale, unidades de saúde modelo abertas, como na Cohab C, reformadas ou retiradas de prédios insalubres, como no São Geraldo, além de um novo Centro de Obstetrícia, a Farmácia Municipal, o cumprimento do contrato com o Hospital e como resultado uma mortalidade infantil nos índices dos Estados Unidos – listou, enquanto passava pelos prédios e serviços, parando para conferir os trabalhos e conversar com operários a cada obra atrasada de escola municipal de ensino infantil (emeis).

– Não fosse o balão dado pela empresa que o governo federal nos empurrou goela abaixo, e que no Rio Grande do Sul concluiu apenas quatro em mais de 200 Emeis, teríamos hoje mais de mil novas vagas. Mas temos seis creches com obras em andamento, e procuramos abrir salas alternativas, alugar espaços e comprar vagas, para não deixar famílias desamparadas – justificou, entendendo ser “o prefeito que mais investiu nas crianças”.

Ao passar pela Morada do Vale, inevitável falar sobre falta de água, em um bairro símbolo do histórico desabastecimento. Se reeleito, Marco vai buscar judicialmente o rompimento do contrato descumprido pela Corsan para abrir concorrência para água, esgoto e a preservação do Rio Gravataí com um sistema de barragens.

– A Corsan não tem capacidade de investimento. Aplica ao ano menos de 10% dos R$ 70 milhões que arrecada em Gravataí. E desperdiça mais da metade da água – calculou, revelando ter apresentado sugestões, não postas em prática pelo governo nos anos 2000, de alteração na empresa pública e no sistema de abastecimento e saneamento gaúcho quando comandou a Secretaria de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento de Yeda Crusius.

No longo trajeto até a área de 50 hectares na Estrada Lino dos Santos, onde será o Parque de Eventos Acimar da Silva, em uma área que compensa a construção de um condomínio fechado no Centro, Marco foi às memórias.

– Em 78, logo que comecei a trabalhar como topógrafo na Prefeitura, pensei: “um dia quero ser prefeito”. Trinta e cinco anos depois, realizando um sonho, não me permitiria ser mais um. Governei contrariando interesses e sem pensar nas eleições. O que planejamos, desde o Nadir, o Acimar, estamos cumprindo – avaliou, considerando ter feito “em quatro anos o que o RS vai demorar 20 a fazer”.

– Puxei minha mãe. Se é difícil, é pra nós. Separada em 64, criou os filhos sozinha, numa época em que nem os vizinhos chegavam perto – emocionou-se ao lembrar que a dona Sueli faleceu dois meses após testemunhar sua posse na Prefeitura.

Em regra, os políticos preferem versões aos fatos. Cabe ao eleitor ir além dos discursos, tanto de quem está no governo, e apresenta suas dificuldades e realizações, como de quem apresenta seu histórico passado de gestão ou soluções mágicas na oposição.

Inegável dizer que, no ‘veraneio das urnas’, Marco Alba tem um legado para colocar a prova.

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