Para o ‘camerlengo da sé vacante’, está na hora da ‘fumaça branca’.
Nadir Rocha (MDB), decano da Câmara com cinco mandatos, quatro presidências e duas vezes prefeito interino, faz o que ninguém tinha feito ainda: questiona publicamente a estratégia do prefeito Marco Alba (MDB) de adiar indefinidamente a escolha do candidato do governo à sucessão.
O vereador de 61 anos não poupa a emoção, mesmo estando ainda em recuperação de um grave problema cardíaco. Sem meias palavras, manifesta sua contrariedade, e, pelo seu relato, de outros políticos do partido, com uma filiação do Dr. Levi, hoje no Republicanos e, desde 2014 fora do MDB, para concorrer à Prefeitura em 2020.
Nadir ligou para questionar o artigo Alan líder da bancada é ’ganhada’ de Marco Alba; ruim para Jones, que publiquei domingo no Seguinte:, e no qual apontei como uma inteligente articulação Alan Vieira ceder a vice-presidência do legislativo para Alex Tavares e ficar com a liderança da bancada.
Como líder, o voto de Alan valeria por dois no caso de uma 'prévia' no diretório para escolher o candidato – e, quem acompanha a política da aldeia sabe, Alan é ligado ao prefeito e mais simpático às candidaturas de Levi Melo e Luiz Zaffalon, do que Jones Martins.
– Alan não é o líder da bancada. Sou eu ainda. Só vamos tratar disso quando o ano legislativo recomeçar em fevereiro – resume o ‘vereador do povão’, que diz ter sido cobrado pelos colegas Clebes Mendes e Paulinho da Farmácia pela presidente Sônia Oliveira ter enviado ofício à Câmara comunicando a escolha de Alan Vieira como líder antes mesmo dos cinco vereadores manifestarem oficialmente uma posição ao partido.
Siga declarações fortes de Nadir, que mostram que as placas tectônicas estão se mexendo nos subterrâneios do MDB e pode chegar à superfície um terremoto durante a escolha do candidato à sucessão de Marco Alba em 2020.
“Almoçamos eu, Clebes e Paulinho no sábado e fui cobrado por eles. O Alan até pode ser o líder, mas sem atropelos. Vamos tratar disso em fevereiro”.
“O MDB vai ter candidato. E o candidato precisa ter sempre defendido esse projeto que começou em 2011, com a cassação da prefeita (Rita Sanco)”.
“O prefeito é nosso líder maior, escolheu bons secretários e teve uma bancada dando sustentação política. Mas Marco Alba é um voto no partido”.
“O prefeito é o treinador do time, e como no futebol, manter o esquema e o grupo é o caminho do sucesso. Lembro que quando a direção do meu Colorado tentou um ‘fato novo’ levamos 5 a 0 num Grenal”.
“Se fomos competentes, por que trazer alguém de fora para concorrer? Ou no MDB não há gente confiável? Tem o Jones, tem eu com cinco mandatos, quatro vezes presidente da Câmara, duas vezes prefeito, tem os outros vereadores, que trabalham como cavalos e pegaram a carne de pescoço, ficaram ao lado do governo, votaram coisas impopulares. Não estou entendendo. Não dá para confiar na hora ruim, e na boa não ter mais confiança”.
“O candidato tem que ser um político, não um técnico”.
“Tenho 61 anos e toda uma história, então vou falar: nós, vereadores, estamos constrangidos. Está ficando chato. Nós estamos no governo, trabalhamos nas ruas, nós temos votos e sabemos o quanto mudamos Gravataí, e do que Gravataí ainda. Queremos participar da escolha e achar um caminho dentro do MDB”.
“O Dr. Levi é um baita cara, fez 20 mil votos, e, como pessoa de bem, queremos ao nosso lado. Mas não como candidato a prefeito. Eu, os vereadores, o Jones, comemos o pão que o diabo amassou. Somos todos incompetentes?”
“Está na hora de decidir. Não concordo com a estratégia de esconder nosso candidato de ataques. Tem que defender o governo e nosso projeto desde já, no peito e na raça. Inauguramos 2 mil casas, as pontes do Parque dos Anjos, fizemos obras contra alagamentos, estamos asfaltando ruas, mudando Gravataí, e as pessoas perguntam: “quem é o candidato?”. Ninguém sabe”.
