Nem o 'Seu Sogil', nem o Zaffa, acham adequado para um momento de pandemia a passagem do pingão Gravataí-Porto Alegre subir a partir desta quinta-feira para R$ 9,20, o que para quem ganha um salário mínimo corresponde a um gasto de 1 real a cada 10 percebidos para uso do transporte público. É a realidade que se impõe. E os valores estão aqui.
É preciso ir além da narrativa malandra disseminada nesta quarta-feira no Grande Tribunal das Redes Sociais da aldeia, que mistura o reajuste de 4,83% nas tarifas intermunicipais à promessa – cumprida pelo governo Luiz Zaffalon (MDB) – de congelamento em R$ 4,80 das passagens municipais (os ônibus branquinhos), após a Prefeitura garantir um subsídio de R$ 5 milhões para o transporte público, na conta da concessionária Sogil.
Fato é que a passagem Gravataí-Porto Alegre subiu porque o governador Eduardo Leite (PSDB) ainda não se convenceu de, não pela pandemia, mas pela uberização da economia, a única saída para manter baixas as tarifas é o poder público compensar perdas contratuais das concessionárias e/ou comprar passagens para equilibrar o orçamento que foi previsto na licitação do transporte coletivo.
Aí, por lógica, o que não combina com demagogia, não dá para críticos do subsídio para a Sogil em Gravataí postarem-se críticos ao aumento na passagem do GTI-POA – se defendiam deixar o preço ao livre ao gosto do ‘Deus Mercado’, o que chegaria a R$ 7,22 – e agora achar absurdo o pingão custar mais caro por definição de Leite e sua Agergs, a agência reguladora dos serviços públicos.
Salvo engano, na conta que faço, se Zaffa aportou um subsídio de R$ 5 milhões para congelar a tarifa nas linhas municipais, R$ 100 milhões evitariam o aumento nas passagens intermunicipais.
O exemplo de Gravataí está dado.
Ao fim, é um bom debate para o segundo semestre de 2021, porque o novo aporte para a Sogil manter o sistema virá até março. Como ganho palpável para a população, calculo que R$ 20 milhões do caixa da Prefeitura permitiriam que os ônibus municipais ofertassem tarifa zero. Para os intermunicipais, talvez dez vezes mais, mas aí dos cofres do Estado.
Como não sou caça-cliques, antecipo a polêmica e a solução. Reputo ao povo importe pagar menos, mesmo que no Grande Tribunal das Redes Sociais metralhando críticas a uma empresa impopular.
É a hora do subsídio, mesmo mesmo que seja o pesadelo, ou paraíso dos demagogos.
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