Vamos às informações e depois comento, porque o caso é gravíssimo e está sendo subestimado pelo governo do Estado.
Nota da Prefeitura (pelo menos é assim que fico sabendo) informa que o prefeito Marco Alba, acompanhado pelo engenheiro Guilherme Ósio e pelo secretário municipal de Mobilidade Urbana Alison Silva, levou à Superintendência de Estudos e Projetos do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) uma solução emergencial para o entroncamento de acesso da Avenida Centenário com a RS-118 e a junção com o Distrito Industrial.
Diz o texto que “a iniciativa se deu por conta da constante insatisfação e medo da comunidade de Gravataí, principalmente dos motoristas, em ter que trafegar pelo local” e “por saber que a obra de duplicação da ERS-118 passa por dificuldades na sua conclusão, já que o Estado enfrenta restrição de recursos para a continuidade, a Prefeitura contratou uma empresa e fez um projeto que pode ser chamado de paliativo, para que os motoristas tenham segurança ao trafegar por aquele trecho”.
O prefeito, recebido pela superintendente, engenheira Bibiana Cardoso Fogaça, e outros técnicos, apresentou um estudo já finalizado, que o jornalista Eduardo Torres revelou com exclusividade em fevereiro no Seguinte: na reportagem em Gravataí projeta o fim do gargalo no acesso ao Distrito.
– É uma solução de curto prazo, onde a Prefeitura instala semáforos, o que reduzirá consideravelmente o número de acidentes registrados no local. Não há semana em que não tenhamos algum registro de acidente ali, inclusive com mortes. Precisamos fazer algo para proteger a nossa comunidade e os motoristas que por ali passam – apelou Marco Alba.
Neste projeto apresentado pela Prefeitura ao órgão estadual há, inclusive, o tempo que os semáforos terão de ter para que o trânsito tenha fluidez tanto na RS-118 quanto na Avenida Centenário.
– Neste caso, o Daer precisaria intervir minimamente, fazendo mais uma pista de rolagem, sinalização e outras poucas ações que resolveriam emergencialmente o nosso problema de segurança ali – apontou o prefeito.
Analiso.
A equipe da qual fazia parte no Correio de Gravataí batizou trecho da parada 60 da Dorival de Oliveira como ‘quilômetro da morte’, no rastro do sangue da tragédia que matou cinco jovens, mutilou, feriu e traumatizou outros cinco em uma madrugada de 2004 – episódio que serviu de coroa de flores para a sequência de acidentes no local.
Inegável que há um novo ‘Km da Morte’ em Gravataí e é no gargalo do acesso ao Distrito.
O Daer já conhece o projeto da Prefeitura. Não é coisa nova. Foi feito após, no ano passado, o diretor de Relações Institucionais da Dana, Luís Pedro Ferreira, e um grupo de representantes de indústrias do distrito, levar a reivindicação ao prefeito.
Só que precisou o prefeito ir hoje até Porto Alegre! Pela gravidade do caso, e pela Prefeitura entregar tudo pronto para o governo estadual, não deveria ser necessário Marco Alba estar lá. É caso para o governador Eduardo Leite saber, porque se trata não apenas do acesso ao Distrito Industrial da quarta economia gaúcha, mas de um cemitério de gente que pode ser velada sob a Cruz Missioneira ali instalada.
Na nota da Prefeitura, Marco é bonzinho e humilde. Mas, mesmo adepto à teoria do ‘bom cabrito não berra’, no mínimo desconfia que não deveria ser necessário o prefeito ir até o Daer – talvez entre as estatais gaúchas o Saara dos desertos – para pedir “por favor” para resolver um problema onde a Prefeitura apresenta a solução pronta e com um custo baixíssimo ao Estado, já que é o contribuinte de Gravataí que pagará a maior parte da conta.
Francisco Pinho, ex-vice-prefeito e secretário de Serviços Urbanos, que é o político mais experiente do PSDB em Gravataí poderia avisar Leite. O governador deveria ligar agora para o celular do Sívori Sarti da Silva, que é o chefão no Daer, e mandar tocar, para ontem, o projeto de Marco.
Antes que mais alguém morra ou fique aleijado.
Até porque, historicamente, no Daer, se depender da burocracia, se tem filhos em três vias.
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Siga o vídeo com as propostas da Prefeitura que o Seguinte: antecipou em fevereiro