Até quando serei segredo?
Com o avançar da idade só aumenta o medo
É o gole da cachaça que não relaxa
É o sapato gasto que a gente gosta
É o mais prosaico da prosa
É o mais perverso de ser parvo
É o amparo no despreparo
É a inutilidade do alfa macho
É o rogo fiel ao rei infiel
É o peso morto do vivo
É o amor vivo ao morto
E só ao morto
É a boca pavorosa da fome
É o olho colapsado da ansiedade
Que nos come
E a gente acredita na coca
E a gente acredita na coca-cola
E a gente acredita no cigarro mais caro
E a gente acredita que fará diferença
Ao mundo
Sobrevivermos a um acidente de carro
E a gente acredita na tv igreja
E a gente acredita no que quer que seja
A gente.