RAFAEL MARTINELLI

O Mercado Público de Gravataí será uma boa realização do prefeito Luiz Zaffalon; As críticas e a ‘memória autobiográfica de rodoviária’

Zaffa com a primeira-dama Marlene e o vice Dr. Levi Melo, na assinatura do início das obras do Mercado Público

O Mercado Público será uma realização do prefeito Luiz Zaffalon que ficará na história de Gravataí. Nos bytes bons, avalio. Há críticas, por oposicionistas na Câmara de Vereadores, e também no Grande Tribunal das Redes Sociais, que reputo, quando não figadais, simplistas ou apenas memória autobiográfica.

Antes dos argumentos, vamos às informações.

Zaffa assinou no fim da tarde desta sexta-feira a ordem de início para a construção do Mercado Público, a partir de uma reforma da estrutura do Ginásio Municipal, o Aldeião, local escolhido com base em levantamento técnico de construções do município e a localização central de 2,7 mil metros quadrados na interseção da rua Adolfo Inácio de Barcelos com a avenida Centenário.

Na parte interna, no térreo, estão previstas 24 bancas, administração, sanitários e espaço cultural com palco para apresentações. No segundo piso haverá uma área para feiras e eventos, copas e terraço. Será também construído um estacionamento externo, com 144 vagas.

O investimento será de R$ 8,8 milhões, com conclusão estimada entre 10 meses e um ano. A empresa responsável será a Elo Construções e Instalações.

– Vamos recuperar uma estrutura hoje sem utilidade e fazer dela mais uma referência para nosso povo. Este prédio aqui atrás de mim ganhará vida; muito em breve, a população poderá fazer compras em um espaço amplo e com variedade enorme de produtos; comprar erva a granel charque, um peixe barato e de qualidade, planejar o churrasco e ainda aproveitar gastronomia e lazer – disse o prefeito, prevendo a criação de empregos e ampliação de opções de lazer e cultura, “aumentando o sentimento de pertencimento dos moradores à cidade”.

– Buscamos consolidar Gravataí como o melhor município para empreender e morar. Isso passa pelo resgate do orgulho em ser gravataiense, passa por viver as coisas da nossa terra. Daqui um ano este será um espaço de convívio e com a identidade do nosso povo – argumentou.

Sigo eu.

É saudável a crítica a um projeto que é caro – R$ 8,8 milhões, ou, para efeitos de comparação, o custo final, com juros do financiamento, das simbólicas pontes do Parque dos Anjos –, mas os R$ 200 milhões em investimentos em infraestrutura, que contemplam as duas áreas com postos de saúde, escolas infantis e salas de aula, mitigam a simplista cobrança por “mais saúde e educação”.

Salvo engano, não consigo identificar elitismo em um Mercado Público. Pelo contrário: além de ser uma oportunidade de negócio para produtores locais, aposto será ponto de circulação, por exemplo, de muitos moradores do Breno Garcia, que não experimentam a rotina de pegar um dos carros na garagem e ir a Porto Alegre comprar ou passear.

Há também a crítica pela extinção do Aldeião.

Reputo seja esse sentimento, mais do que nada, “memória autobiográfica” – o que a psicologia explica.

São aquelas recordações que criamos inadvertidamente, inconscientemente, que não correspondem à realidade, mas que se adequam à história que construímos sobre nossa vida, personalidade e, por consequência, comunidade.

Recomendo Por que criamos memórias do que nunca aconteceu?, entrevista dada à BBC por Martin Conway, professor de psicologia cognitiva da City University of London, no Reino Unido, e diretor do Centro de Memória e Direito da mesma universidade, que estuda o tema há 40 anos.

Fato é que ouvi e li lamentos por Gravataí perder seu “histórico” ginásio municipal. Mas a verdade é que a história do Aldeião resta parada em pelo menos duas décadas atrás. Se goteiras, pisos rachados e um ambiente insalubre são símbolos do esporte local, mal estamos.

Um ginásio municipal decente teremos, como reafirmou a promessa o prefeito, ontem, sobre usar a estrutura do campus universitário da Ulbra, área adquirida recentemente pela Prefeitura e que será aos poucos adaptada para receber o Centro Administrativo Municipal, como já tratei em O grande negócio de Zaffa ao ‘comprar a Ulbra’ para transferir a Prefeitura de Gravataí.

Ao fim, lembra-me as críticas da época do fechamento da tenebrosa rodoviária; hoje uma lúdica foto em preto e branco, que para muitos se transformou em recordações a cores que nunca existiram.

Saudando o novo Mercado Público, e, como sempre, aberto a ser convencido do contrário (como argumentos tenho recebido sobre a compra da Ulbra, por exemplo), concluo compartilhando citação de poeta anônimo pelo genial Juan Arias:

El ayer fue/ el hoy es/ el mañana nada/ temblor de amanecer

O MERCADO PÚBLICO EM IMAGENS

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