RAFAEL MARTINELLI

O ‘prefeito exterminador de dívidas’, novo hospital, UPA na Caveira, mais médicos, Plano Diretor e valorização dos professores: o que Marco Alba prometeu no Sindilojas

Marco Alba no Fala Candidato / Foto VITOR VILELLA

Marco Alba, candidato a prefeito de Gravataí pela coligação “Gravataí pode muito mais (MDB / PDT / AGIR)”, participou na noite de terça-feira do Fala Candidato, promovido pelo Sindilojas, Observatório Social e Giro de Gravataí.

Usando a memória de seu legado como ‘exterminador de dívidas’ quando foi prefeito por dois mandatos, entre 2013 e 2020, disse querer voltar à Prefeitura para enfrentar um desequilíbrio financeiro que uniria os projetos dos adversários Daniel Bordignon (PT) e Luiz Zaffalon (PSDB) e buscar recursos para construção de um novo hospital e de uma terceira UPA, além de ampliar as equipes médicas e de acolhimento na saúde.

Marco Alba também projetou a retomada da usina de asfalto para uso principalmente em trechos mais curtos de vias em bairros pobres, além de assumir compromisso com a valorização dos professores e com a elaboração com a participação dos empreendedores de um Plano Diretor sustentável ambientalmente, mas que permita a atração de investidores interessados em Gravataí no pós-enchente.

– Se a Prefeitura não atrapalhar, Gravataí só cresce – disse, demonstrando preocupação com que chamou de “velha política” que “contagia as estruturas públicas”.

– É preciso compromisso com a gestão, não com a próxima eleição – disse, avaliando que os indicadores mostraram aos investidores a seriedade de seus governos e reforçaram Gravataí como pólo metalmecânico, logístico e de novos condomínios.

– O município hoje surfa e vai surfar mais. É a pujança de Gravataí, de mais de 30 anos, as rodovias estratégicas, a Eletrosul, a transferência que conseguimos da praça de pedágio. Não há pai de todos. Mas é preciso gestão – disse, citando ter encerrado o governo com Gravataí na quarta economia; hoje é a nona.

Ao dizer sempre ter tido boas relações com o governo federal, de Dilma a Bolsonaro, e com governadores, Marco Alba fez uma ressalva a Eduardo Leite (PSDB), a quem culpou por Gravataí perder em 2019 o investimento de R$ 450 milhões e 2 mil empregos do Mercado Livre, que anunciou novos investimentos de R$ 25 bilhões no Brasil a partir de 2025.

– A maior parte vai para o município catarinense de Governador Celso Ramos. Já tínhamos alvará liberado e a empresa tinha contratado 200 funcionários – lembrou, dizendo que “por incompetência, ou outra coisa”, o governador não regulamentou o e-commerce e a empresa foi embora, como a Ford.

– Depois de 45 dias fez a regulamentação, permitindo shopping da Amazon. Aqui fomos desrespeitados pelo governador – disse, revivendo a polêmica estadual que à época travou com Leite.

Ao falar sobre a proposta mais ousada, Marco Alba disse que o novo hospital pode ser o Barbara Maix, projetado pela Santa Casa em um complexo de R$ 203 milhões.

– Um hospital é nossa meta número 1 – disse, acrescentando que, na negociação com a Santa Casa, as irmãs da Congregação Imaculado Coração de Maria, que administravam o Dom João Becker, recusaram proposta de R$ 60 milhões de grupo médico paulista e doaram a área, que foi escriturada em 2018 para construção de um novo hospital que carregaria o nome da fundadora da congregação.

Marco Alba lembrou que, após reuniões em Porto Alegre com a direção da Santa Casa, em 10 e 12 de março, ao lado da deputada estadual Patrícia Alba (MDB) e do deputado federal Alceu Moreira (MDB), anunciou a perspectiva do novo hospital de 66 leitos de atendimento pelo SUS.

– Estranhamente forças políticas rechaçaram como fake news – lamentou.

– Agora a Santa Casa está remodelando o projeto, com uma previsão ainda maior de leitos. Gravataí tem tamanho para novo hospital e capacidade para buscar recursos. Vamos mobilizar o Estado, Brasília, os empresários da cidade – disse, explicando a atração da Santa Casa, em 2018, com um aumento de R$ 10 milhões nos repasses para o HDJB, como um movimento para melhorar a gestão da área hospitalar.

– Não significa que não tenham problemas, mas tem excelência na gestão financeira, fiscal e administrativa. Recebem metade dos recursos federais que o Grupo Hospitalar Conceição e produzem o dobro – comparou, lembrando que a Santa Casa optou por uma “transição aos poucos” e “demorou a perceber que o hospital era um shopping de clínicas e médicos”.

– Está melhorando – disse, citando a nova Emergência e lembrando ter articulado junto ao governo federal 10 novas UTIs na pandemia, que conforme ele não constavam na lista do governo Eduardo Leite.

O ex-prefeito, responsável político pela instalação de duas unidades de pronto atendimento, prometeu também uma terceira UPA 24H, para atender a região da Caveira e Parque dos Anjos, além de mais médicos e servidores na saúde.

– Nunca tinha visto uma insatisfação tão grande. Pessoas reclamam da falta de médicos, de acolhimento, a demora nas UPAs. É preciso melhorar o atendimento – disse, identificando os 10 postos de saúde abertos pelo atual governo como novas estruturas em substituição às já existentes.

Mesmo sem citar nomes, Marco Alba criticou a gestão fiscal dos projetos do PT e do atual governo. Lembrou ter pago R$ 400 milhões em dívidas ao assumir após as administrações petistas, sendo 70 milhões em contas de curto prazo e 7 meses de atraso no pagamento de fornecedores, e “com a maior austeridade da história” reduziu o endividamento de 56% para 14%, entregando com 26% “devido à pandemia”.

O ex-prefeito também alertou para um comprometimento de 54,4% da receita pelo atual governo.

– Hoje fornecedores não recebem e o Orçamento Municipal vai estourar em outubro. Não se observa no Portal Transparência porque os gastos não são empenhados – disse, reforçando crítica feita por seus vereadores, como Alison Silva (MDB), de que Zaffa vai entregar a Prefeitura “pior que o PT”.

– Orçamento não pode ser brincadeira do gestor. Desequilíbrio só acontece por incompetência. Fizemos gestão e conseguimos investir não só com financiamentos, mas com recursos próprios – disse.

Numa casa de empresários, descartou aumento de impostos, projetou aumentar o policiamento comunitário com a Guarda Municipal e elaborar um Plano Diretor com diálogo com empreendedores, que seja sustentável ambientalmente ao identificar áreas alagadiças e áreas possível para atração de investimentos no pós-enchente.

– É simples: ter rigor com áreas de alagamento e prospectar a ocupação de áreas com risco inexistente – disse, lembrando a transferência em seus governos de 750 famílias que viviam em áreas de risco de enchente para o Breno Garcia.

Marco Alba prometeu “diálogo” para recompor as perdas salariais de 30% nos salários dos professores, apontada em questão apresentada pelos organizadores da sabatina.

– Não tenho mais nenhuma dúvida da necessidade de valorizar os professores, que hoje além da questão pedagógica são psicólogos, tios, tias e até pais e mães dos alunos. Só a educação emancipa e liberta para cidadania – disse, citando ter escolhido um vice professor, Thiago De Leon (PDT), e reforçando ter sempre dialogado com o sindicato dos professores.

– É um sindicato organizado, firme nas suas convicções, e não há nada de errado nisso. Sempre dialogamos. Assim será para recomposição salarial. Encerramos o governo com um plano de carreira aprovado pelos professores, com a criação de dois níveis e uma diferença de 10%, que o atual governo revogou – disse, citando também a aprovação aos modelos pedagógicos, alvo de uma polêmica de R$ 100 milhões.

– Contestado ou não, apresentamos um modelo pedagógico e submetemos para aprovação da rede. 57 escolas aceitaram – disse, também apontando aumento no Ideb de 4.9, 6.19 e listando o pioneirismo na entrega de uniformes, além de gradis nas escolas, vigias, patrulha escolar e materiais escolares.

– Alguns canalhas dizem às famílias que vamos terminar com o cartão escolar. Na verdade vamos dobrar o valor, porque o material foi reduzido à metade – disse.

Durante a sabatina de duas horas, Marco Alba também disse que a continuidade de projetos positivos é uma obrigação do cargo de prefeito, porque “ninguém é dono da Prefeitura”.

– No Centro é um desastre o que aconteceu, a revitalização que projetávamos não era essa. Mas não vamos destruir nada: o que está bom fica, o que pode ser melhorado será – disse.

Na conclusão, ao ser perguntando sobre o porquê de querer ser prefeito novamente, o pragmatismo implacável de Marco Alba foi substituído pela emoção.

 – Hoje Gravataí é uma das cidades mais comentadas do Rio Grande do Sul e do Brasil. Assumi com a 494ª pior gestão fiscal do país em 2013 e, em 2020, chegou 47ª. É preciso recuperar o modelo de gestão que nos foi tomado e hoje é compartilhado com políticos que por décadas foram oposição – disse, em referência obvia ao rompimento entre ele, o ‘Grande Eleitor’ de 2020, e o prefeito Luiz Zaffalon, que formou uma frente de 11 partidos, 14 vereadores e lideranças políticas, entre as quais estão ex-oposicionistas como Dimas Costa e Cláudio Ávila, por exemplo.

– Será que fiz tanto mal a Gravataí para todos tentarem impedir minha volta? Sei o que deve ser feito, não o que quero seja feito. Não me acho acima dos outros ou melhor do que alguém. Me preparei por 30 anos para honrar minha mãe e o eleitor dessa cidade. Queria ela estivesse viva, porque sei que estaria orgulhosa – disse, embargou a voz e lágrimas correram pelo rosto, ao lembrar mais uma vez da dona Suely, que já tinha sido sua primeira citação como referência, ao contar sua história na abertura da sabatina.

Suely faleceu aos 81 anos em 5 de fevereiro de 2013, apenas dois meses após a posse do filho como prefeito.


Assista à sabatina completa, onde Marco Alba conta sua história e fala também de outros temas como Corsan e Sogil


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