RAFAEL MARTINELLI

O ‘prefeito gerentão’, perimetral, escolas cívico-militar, gestão privada nas escolas, 24H, aeródromo e a continuidade do governo: o que Zaffa prometeu no Sindilojas

Luiz Zaffalon, candidato a prefeito de Gravataí pela coligação “Gravataí melhor” (PRD / PODE / REPUBLICANOS / PRTB / UNIÃO / PSD / PP / NOVO / PL / PSDB / CIDADANIA), participou na noite de quarta-feira do Fala Candidato, promovido pelo Sindilojas, Observatório Social e Giro de Gravataí.

Usando a memória viva de seu legado como prefeito, também se apresentou como ‘gerentão’ dos governos desde 2011 para pedir voto para a reeleição e dar continuidade ao projeto que chama “Gravataí, melhor cidade para viver e investir”.

Entre as principais propostas, projeta uma Perimetral ligando as RSs 020 e 030, mais duas escolas cívico-militar, reformas e gestão privada nas escolas, um serviço de saúde 24 horas na região da Caveira, apoio à busca de recursos para a Santa Casa construir um novo hospital, parcerias com os governos federal e estadual para obras de diques e antialagamentos, um novo Distrito Industrial na GM, o aeródromo, além do que chama de resgate da dívida dos últimos governos com a cultura.

A sabatina de duas horas, por sorteio realizada após Daniel Bordignon (PT) e Marco Alba (MDB), além de respostas às críticas, permitiu perceber seu antagonismo presente em relação ao seu ‘Grande Eleitor’ de 2020. Também foi repleta de recados políticos, como ao saudar a esposa Marlene, dizendo que ela não concorreria a nada e tem ele “um projeto para Gravataí, não um projeto pessoal” – as esposas dos adversários são políticas; Patrícia Alba deputada estadual e Rosane Bordignon ex-vereadora e candidata novamente em 2024.

– Estou na Prefeitura desde 2011. Chamavam-me de gerentão porque conhecia administração pública e privada, tenho três carteiras de trabalho cheias, o que alguns não conhecem. Tinha mais conhecimento para gerenciar o governo como um todo – disse Zaffa, identificando sucesso no projeto de transformar em realidade a frase que diz aonde vai: “Gravataí é a melhor cidade para viver e morar”.

– Minha principal proposta é continuar esse projeto, olhando para frente, para o parabrisa e não para o retrovisor. Ainda falta muito a fazer, mas além de investimentos de 300 milhões por ano no mercado imobiliário, é perceptível a sensação de pertencimento, de orgulho de morar em Gravataí – disse, acrescentando ser inspirado em Loureiro da Silva “o melhor prefeito da História de Gravataí”.

– Em Gravataí é o prefeito quem atende os empresários. Telefono, vou atrás de investidores – disse, lembrando ter saído às 4h de Gravataí para ir a Passo Fundo e, já no dia seguinte após saber do interesse do empresário Pedro Brair, negociar a vinda do centro de distribuição das Farmácias São João.

– Depois da enchente, somos procurados diariamente por empreendedores. Quem ficou com a cabeça de fora? Gravataí – disse, citando também o interesse de investidores de São Paulo em um negócio que une um aeródromo, já aprovado pelos vereadores, e terrenos com mais de 1,5 mil metros quadrados na zona rural, além de outro projeto imobiliário de bairro-cidade que prospectou em Santa Catarina junto à Acigra.

– Cada obra gira a economia e gera emprego. Tira da fila da assistência social e coloca na fila do supermercado – disse, numa casa de empresários saudando Gravataí ter os melhores indicadores de segurança da região metropolitana e garantindo que a aposta no crescimento da receita é a partir da atração de investimentos, sem aumento de impostos e com cortes de gastos.

– Fui à Justiça e até ameaças recebi por rescindir contrato com empresa que por 20 anos recebia 100% da planilha das patrolas, retro, caminhões. Não tinha hora improdutiva, prevista no contrato. Não chovia, não furava pneu. Coloquei GPS na frota inteira – disse, calculando um prejuízo de “40, 50 milhões”.

– Sempre digo: o roubo está na execução do contrato. Com sistemas de controle, temos economizado alguns milhões – disse.

Zaffa disse negou que haja desequilíbrio orçamentário em seu governo, crítica feita por Marco Alba no Sindilojas. Conforme o prefeito, “Gravataí está pagando pela onda lá de atrás, do fecha tudo e depois a gente vê como fica a economia” – referência aos lockdowns na pandemia que custou mais de mil vidas de gravataienses vítimas da covid –, além de perdas com eventos climáticos, como o vendaval de janeiro e a enchente de maio, reduções de receita calculadas por ele entre R$ 70 a 80 milhões/ano.

– Estamos lidando bem. Mantivemos os R$ 240 milhões em investimentos, nenhuma obra parou, os salários sempre foram pagos em dia, vamos honrar os compromissos até o fim do ano e temos ótimas perspectivas para 2025 – disse, criticando candidatos “a prefeito, vice e vereadores” que o responsabilizaram por Gravataí cair da quarta para oitava economia gaúcha.

– Não é culpa minha. Basta conhecer um pouquinho para saber que quando para o motor da nossa produção, que é a GM, Gravataí vai cair. Mas Gravataí já é de novo a quarta economia, não por mim, mas porque a GM começou a produzir com números superiores a 2019 – disse.

Na saúde, assim como Bordignon no Sindilojas, Zaffa não assumiu compromisso com um novo hospital, como fez Marco Alba, mas disse “abraçar” a proposta da Santa Casa de construir e operar o Bárbara Maix.

– É factível, viável, mas não temos em Gravataí benfeitores como em Porto Alegre, que construíram o Nora Teixeira – disse, projetando mobilizar sua base de 11 partidos, mais deputados e senadores para buscar recursos calculados em R$ 220 milhões apenas para a construção.

– Gravataí precisa um novo hospital, mas é uma busca permanentemente – disse, lembrando que seu vice, Dr. Levi Melo (Podemos), “que diferente de alguns tenho orgulho de mostrar em todas as peças de campanha”, foi diretor do Dom João Becker e inaugurou a UTI em 1999.

– Agora inauguramos a nova UTI, com 20 leitos, e a nova Emergência. Ficaram 22 anos de braços cruzados para o hospital – disse, lembrando ter investido “inéditos 50 milhões na saúde”, em obras como 10 unidades de saúde novas, entre elas o complexo municipal de saúde.

O candidato disse que há necessidade de “corrigir o erro histórico” de ter duas UPAs no mesmo lado cidade. O projeto é transformar a nova USF Sagrada Família em 24h.

– Todos os 10 postos tem condições de ser transformados em 24H – disse, lembrando que, conforme o Ministério da Saúde, Gravataí tem a melhor nota na atenção básica entre município gaúchos com mais de 100 mil habitantes.

Na educação, Zaffa projeta mais duas escolas cívico-militar, na Morada do Vale e na Vila Rica.

– É um sucesso estupendo. Tem 700 vagas e 300 na fila – disse, sobre a Murialdo, que instalou na zona rural.

O candidato apontou a necessidade de reformas em escolas e tem como projeto uma parceria público-privada, elaborada junto à Caixa Econômica Federal (CEF), para gestão financeira das escolas por empresa contratada, “liberando os diretores para gestão pedagógica”.

– Há escolas caindo aos pedaços. Tenho visto cada coisa que assusta – disse, exemplificando com escolas com salas com risco de desabamento e sem estrutura elétrica para suportar lousas digitais e ar-condicionado.

Zaffa disse que vai manter o uso do programa de livros gratuitos do Ministério da Educação, sem a contratação de planos pedagógicos como Positivo e Moderna, encerrados por ele no final de 2023 após uma polêmica de 100 milhões.

– Dinheiro botado fora, com resultado pífio no Ideb – disse ter constatado após ouvir a secretária da Educação Aurelise Braun.

– Por anos quem comandava a Secretaria da Educação era o diretor administrativo. As secretárias eram pessoas de boa índole, respeitadas, mas não mandavam nada. Colocamos uma secretária oriunda do pátio, ex-diretora, com autonomia – disse, destacando o papel da secretária na elaboração de projeto para evitar que crianças cheguem à quarta série sem alfabetização completa.

Zaffa também apresentou investimentos na educação especial, com a contratação de monitores, “eram 200, hoje são 430”, e explicou o atraso na construção do complexo Irmã Soledade.

– É um case de como não se faz uma obra pública – disse, informando que a obra foi licitada em R$ 8 milhões no governo anterior, quando assumiu estava em 14 mi e seria preciso aditivo contratual de 6 mi.

– Precisei ir me confessar no Tribunal de Contas. Comprovamos a necessidade de novo contrato, reiniciamos as obras e a conclusão está prevista para março, abril do ano que vem. É uma mancha na administração não conseguir terminar essa obra – lamentou.

Sobre o salário dos professores, Zaffa disse ter pago o piso a um custo de R$ 14 milhões após revogar “lei absurda, irresponsável e fora da Lei de Responsabilidade Fiscal” aprovada no governo Marco Alba, que teria um custo de R$ 60 milhões.

– Se há defasagem de 30%, não é só para os professores, é para todos. Vamos dialogar. Mas não vamos fazer farra com dinheiro público – disse.

Zaffa também avaliou estar resgatando uma dívida com a cultura municipal.

– Participei dos governos desde 2011 e lembro o preconceito que o ex-prefeito tinha com a área de cultura. A Fundarc tinha um teatro, que deixaram apodrecer e cair. A Cultura ficou órfã – disse, citando ter repassado à área cultural o prédio histórico da Prefeitura, o cinema do Schmitz, além de projetar a adaptação do auditório do novo Centro Administrativo em teatro e ter revitalizado o Casarão dos Bina como um museu.

– A Acadêmicos de Gravataí foi a primeira escola de samba de fora de Porto Alegre a ser campeã do Carnaval. Já falei com o presidente para retomarmos as muambas – disse.

Ao falar sobre a relação com os governos estadual e federal na busca por investimentos, Zaffa destacou ter articulado junto ao governador Eduardo Leite (PSDB) a obra da elevada na ERS-118, que atrasou devido à enchente e tem conclusão projetada para até julho do ano que vem.

– Vai mudar radicalmente a vida dos gravataienses que precisam sair e voltar da cidade para trabalhar – disse, também citando projeto, em conversa com Leite, “eu faço a metade, o senhor a outra”, para abrir ligação à Av. Brasil, cujo acesso foi fechado a partir da duplicação da 118.

Zaffa também disse estar inscrito no PAC do governo Lula, que prevê R$ 2,9 bilhões para a Bacia do Rio Gravataí em obras contra secas e cheias – que disse enfrentar com desassoreamento de arroios em toda cidade e drenagem nas obras de asfaltamento, além de ter em elaboração um Plano de Drenagem e Manejo de Águas e um Plano Diretor que vai apresentar “quando passar essa burulheira”.

– O sonho de todos é asfalto na rua. Tem candidato que disse que vai asfaltar a cidade toda. Ou mora em Glorinha e vai ser prefeito lá, ou não vive Gravataí. São 350 quilômetros de asfalto. Seria preciso 20 anos. Não se faz isso, não se ilude as pessoas – disse, sobre promessa de Bordignon, no mesmo Sindilojas, de asfaltar toda zona urbana até o fim do mandato.

Zaffa também projeta construir a primeira Perimetral de Gravataí, ligando as ERSs-020 e 030. Conforme ele, o projeto está quase pronto e começaria como contrapartida de empreendimento ainda em fase de liberação.

Anunciou também um novo Distrito Industrial em área de 40 hectares retomada judicialmente pelo município junto à GM, a revitalização de zonas comerciais nos bairros, usando como exemplo o que fez no Centro, com Rua Coberta, Rua Aberta e Mercado Público, além da transferência completa da Prefeitura para o novo Centro Administrativo, comprado junto à Ulbra por R$ 20 milhões, “tirando os trabalhadores do Carandirú”.

Ao responder a pergunta sorteada junto à platéia, que dizia que Marco Alba tinha dado visibilidade a Gravataí e ele potencializado, Zaffa teve sua deixa na sabatina.

– O ex-prefeito dizia que eu e Levi faríamos mais e melhor. Acho que ele tinha razão. Acertamos. Conquistamos esse direito continuar fazendo – disse.


Assista abaixo a entrevista completa, na qual Zaffa conta sua história e fala também sobre ter sido “o único” a apoiar a privatização da Corsan, os subsídios à Sogil e sua identificação ideológica de direita e conservador


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