Dimas Costa (PSD) experimenta o agridoce da política, com a ‘pauta-bomba’ do pedágio, que tratei ontem em Bomba! ERS-118 pode ter pedágio; O senhor é ‘sem palavra’, governador Eduardo Leite?.
Secretário-adjunto do Esporte do Estado, precisa fazer malabarismos verbais para explicar o inexplicável: como seu governador, Eduardo Leite (PSDB), disse que a ERS-118 não seria pedagiada e agora a cobrança está em estudo; claro, num palavreado gourmet, como ‘free flow’.
O tamanho de Dimas na relação Gravataí-Palácio Piratini dimensionei em artigos como Dimas já é secretário-adjunto de Esportes do RS; Quer ser ‘embaixador de Gravataí’ no governo Leite e Dimas estreia ao lado de Leite e Gabriel Souza; O boné do governador e a coroa de espinhos para a eleição de 2024 em Gravataí.
Inegável é que, procurado pelo Seguinte:, o gravataiense não se escondeu de sorver o amargo de agora ser governo, mesmo após, na campanha eleitoral, ter afiançado à sua comunidade a declaração de Leite negando o pedágio.
Para além da defesa política de Leite como “o governador que mais investiu em Gravataí”, admitiu diatribes do passado, quando degustava o doce sabor de ser oposição, e, agora com a responsabilidade de ser governo, usa como suporte para seu argumento entrevista dada ao Seguinte: pelo prefeito de Gravataí Luiz Zaffalon (MDB) defendendo pedágios como única saída conhecida para manter rodovias com trafegabilidade e serviços para os usuários.
– Tudo que eu falar são especulações. O governador não anunciou pedágio na 118. São notícias na imprensa. Há, sim, um estudo sobre o free flow em diferentes pedágios. É um sistema de cobrança mais justo onde você paga conforme a quilometragem que usa. O próprio prefeito de Gravataí já disse para ti que não conhece alternativa a não ser pedagiar rodovias. Não sei se a 118 terá alguma cobrança, mas pergunto: qual a saída para, como disse Luiz Zaffalon, não jogar fora os R$ 400 milhões investidos na 118? Inicialmente fui contra os subsídios de milhões ao transporte coletivo. Mas estudei estudei e estudei e admito que era única saída. Por isso considero um desafio do governo fazer da 118 uma rodovia de primeiro mundo. Vamos aguardar o estudo técnico e tratar do tema pensando no interesse público, sem demagogia – disse, lembrando dos subsídios de cerca de R$ 20 milhões para a Sogil pelos governos Zaffa e Leite, e enviando vídeo onde, a partir dos 3 minutos, o prefeito fala sobre pedágio na ERS-118.
Assista ao vídeo e, abaixo, sigo.
Dimas escapa de tratar do componente político do ressurgimento da possibilidade de pedagiar a 118: o fato de Leite, na campanha eleitoral, ter assinado documento se comprometendo com o Movimento RS-118 Sem Pedágio, como reportei em EXCLUSIVO | Eduardo Leite diz que 118 não terá pedágio em Gravataí caso seja eleito e ‘Efeito Seguinte’: Leite e Onyx assinam documento garantindo que ERS-118 não terá pedágio em toda sua extensão; Leia o compromisso.
– Não há anúncio de pedágio na 118. Como vou responder sobre uma especulação? – despista, fazendo a defesa de intervenções do governo estadual em Gravataí.
– É o governador que entregou a 118 duplicada; ainda neste mês anuncia a iluminação de led em toda rodovia; está fazendo a elevada de acesso ao Distrito Industrial que era uma reivindicação de décadas; viabilizou a nova Central de Polícia; está resolvendo o problema de interdição na escola Tuiuti; pagou atrasados da saúde para Gravataí e, além de colocar os salários do funcionalismo em dia, agora propõe reajuste para o magistério – lista, argumentando que Leite “recolocou Gravataí no mapa de investimentos” e, na Secretaria de Esportes, pela qual responde, projeta para este ano começar a construção da primeira pista pública de atletismo, o que o Seguinte: reportou em Primeira pista pública de corrida de Gravataí será entregue em quatro meses em parceria entre Estado e Prefeitura.
Ao fim, é como desvelo na abertura do artigo. Dimas, que sempre foi oposição, desde eleito em 2012 como um dos ‘vereadores de Daniel Bordignon’ após o golpeachment que cassou a prefeita Rita Sanco (PT), agora é governo.
O sabor é agridoce; por vezes, a ‘ideologia dos números’, ou a ‘ideologia do necessário’, se impõe.
Fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos: mesmo que seja brutamente necessário um pedágio para a 118 não voltar a ser uma sucursal da Lua, Leite prometeu e assinou que não faria.
Reputo essa polêmica é infinitamente mais política do que técnica. Quem tem que se explicar é o rei, não seus súditos.