Levantamento da Famurs mostra que 75% das prefeituras gaúchas tem carência de pelo menos um profissional em suas equipes médicas. Gravataí está entre elas, e a deficiência de médicos pode piorar até o fim do ano, como revelei em Gravataí pode perder 17 médicos; O porquê do ‘Menos Médicos’. O que o governo Luiz Zaffalon (MDB) está fazendo? Reporto.
Um concurso abriu inscrições nesta segunda-feira, até 18 de agosto. As provas estão previstas para 18 de setembro.
Com salários que variam entre R$ 1.880,71 e R$ 17.157,76, e acesso pelo www.consulpam.com.br, o edital prevê cargos para os níveis fundamental, médio, técnico e superior, entre médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde.
Hoje Gravataí tem 200 médicos, incluindo especialistas.
Além de dois por plantão nas UPAs, um para noite no Hospital Dom João Becker e nove nas unidades básicas de saúde, há 50 equipes habilitadas na Estratégia de Saúde da Família (ESF), com uma deficiência de sete médicos. A Prefeitura tentou contratar emergencialmente, mas não houve interessados.
Conforme o secretário da Saúde Régis Fonseca, a projeção é chamar oito médicos imediatamente, após o concurso.
Para atrair profissionais foi enviado projeto à Câmara de Vereadores, que já aprovou por unanimidade, aumentando o salário dos médicos de 40h de R$ 14 mil para R$ 17 mil, além de transformá-los em estatutários, um atrativo por aumentar o vínculo trabalhista com o município.
O secretário também lidera um movimento junto à Granpal, a associação as prefeituras da Grande Porto Alegre, e o Cosems, o conselho das secretarias municipais de saúde, para evitar a perda de profissionais com a redistribuição de vagas do Médicos Pelo Brasil, substituto do governo Jair Bolsonaro para o Mais Médicos.
A projeção dos gestores da saúde da Grande Porto Alegre é de que, a partir de novembro, regiões metropolitanas percam até 60% dos profissionais, entre redução de vagas do programa e direcionamento para municípios do interior.
Pelos novos critérios do Médicos Pelo Brasil, Gravataí perderá metade dos 34 médicos, que atuam na atenção básica principalmente nas periferias.
– Quando você tira médicos da atenção básica, o impacto é direto nas urgências e emergências. Será um caos, já que toda região enfrenta dificuldade de contratação de profissionais para atenção básica – alerta o secretário, que conseguiu junto à secretária estadual Arita Bergmann enviar ofício ao Ministério da Saúde pedindo a manutenção dos médicos na região; hoje sobrecarregada por um inverno que começou cedo e ainda com sequelas da pandemia da covid pela virulência da omicrom.
Um dos novos fatores que contribuem para a dificuldade na contratação de profissionais é que as prefeituras passaram a concorrer com planos de saúde pelos médicos de 40 horas, necessários para os postos de saúde.
– Os planos perceberam que investir na atenção primária reduz custos com procedimentos mais caros. É um concorrente privado para municípios que já disputavam esses médicos, até então mais voltados para a estrutura pública. Uma prefeitura sobe o salário, a outra banca, e assim vai. Agora os planos de saúde também estão no mercado – explica Régis Fonseca.
Hoje a dificuldade de contratação de médico para 40h para os postos é maior do que de pediatras, um dos problemas recorrentes na rede pública de saúde da região metropolitana.
– Neste momento a pediatria não tem problemas de escala em Gravataí. No início do inverno enfrentamos dificuldades com aumento da demanda, já que profissionais optam pelos seus consultórios aos plantões – explica o secretário.
Para enfrentar a sobrecarga nas emergências das duas UPAs e do HDJB, a Prefeitura lançou a Operação Inverno, que estendeu o horário de nove unidades básicas de saúde até às 19h e duas até às 22h.
– Tivemos um inverno antecipado e um pico de omicrom que quase dobraram a demanda nas emergências, mas as últimas três semanas são de estabilidade. Hoje atendemos 240 pessoas por dia. Há um tempo de espera bem menor – informa, apontando também a redução nos casos de covid-19, cuja testagem é oferecida nas 29 unidades de saúde.
– Com um investimento de mais de 24% da receita, e investimentos na saúde entre os R$ 200 milhões que o prefeito financia até 2024, temos a ousadia de projetar a melhor rede de saúde do Rio Grande do Sul. Hoje já estamos entre as melhores da região metropolitana, com uma cobertura de 70% da atenção primária – diz, elogiando a gestão da Santa Casa nas UPAs e no Hospital:
– Não abrimos mão de ter a experiência de 219 anos do terceiro maior prestador de serviços SUS no Brasil gerenciando as três portas de urgências e emergência, o que facilita também a transferência de pacientes, que tem aumentado a cada mês.
Entre os investimentos, o secretário aponta a construção em andamento de quatro novas unidades de saúde da família (Vila Branca, Erico Verissimo, Itatiaia e Granville), além das ordens de início para a nova central de ambulâncias, base da Samu e do Centro de Referência às Vítimas de Violência Sexual (CRVVS), todos em um complexo de saúde junto à UPA da parada 74, como reportei em Os 100 BBBs do Zaffa: entre asfalto, postos de saúde, escolas e creches, avança plano de 200 milhões em investimentos em Gravataí; A ‘herança’ de Marco Alba.
– Também já temos uma nova UTI e uma Nova Emergência do Becker em construção – acrescenta.