2020

OPINIÃO | A sucessão nas mãos de Marco Alba

Marco Alba, no gabinete | Foto GUILHERME KLAMT

É um ame-o ou deixe-o o Plano de Infraestrutura, Asfaltamento e Recapeamento de Vias 2018-2020 apresentado por Marco Alba (MDB). Amarra a base de vereadores do governo e mantém nas mãos o poder de decisão sobre quem será o candidato à sucessão na prefeitura – tenha o plano sucesso ou não.

É da caneta do prefeito que sairão, pelos próximos dois anos, não só a assinatura para a duplicação das pontes do Parque dos Anjos, mas as ordens para acelerar o asfaltamento de cada uma das 30 ruas em bairros e vilas de norte a sul da cidade, redutos eleitorais de políticos do A ao Z.

Quem conhece Marco há algum tempo certamente já ouviu a expressão “bom cabrito não berra”. Habilidoso, mas de pragmatismo implacável, dele não se ouviu uma crítica sequer aos vereadores que em 2016 somaram 15 mil votos em suas eleições e reeleições e, em 2018, mesmo recebendo toda estrutura para fazer campanha, não transferiram votos suficientes para a primeira-dama Patrícia Alba, candidata do governo que fez 12 mil votos em Gravataí. Ao contrário, aonde vai elogia a base do governo pela sustentação na câmara, mesmo que não distribua sorrisos para a falta de resultados políticos nas ruas.

– Fazer avaliação para quê? Não gosto disso. Passou a eleição, é hora de olhar para frente – foi a única coisa que o Seguinte: conseguiu tirar de Marco nos dias de ressaca eleitoral.

 

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Mas o prefeito parece emitir sinais. No anúncio do Plano de Obras, a ausência sentida foi de Jones Martins, um indicativo de que apesar de ter nas mãos a ficha 1 da sucessão será necessária a bênção final do ‘padrinho’ – como o ex-deputado federal chama Marco. Dos outros nomes cogitados nos corredores da câmara e do palacinho amarelo da José Loureiro, apenas o vice-prefeito Áureo Tedesco (MDB) estava presente, ao lado dos vereadores governistas, exceto um: Nadir Rocha, apelidado ‘camerlengo da sé vacante’ por ter sido prefeito interino em 2011 e 2017, e que já se apresenta como candidato a candidato em 2020. Alison Silva (MDB), secretário de mobilidade urbana, também não estava lá. O procurador-geral Jean Torman (MDB) só chegou ao fim da apresentação.

O Plano de Obras amarra os vereadores porque para qualquer um deles experimentar um provável sucesso será preciso fidelidade, algo que os mais veteranos sabem que diminui na mesma progressão com que se aproximam novas eleições. Atípicas, por serem as primeiras das últimas duas décadas sem o tradicional GreNal político da aldeia entre Marco e Daniel Bordignon. O que faz multiplicarem-se candidatos crentes que podem ganhar, conspirações de bastidores por alianças inimagináveis e aproximam-se dos novos favoritos toda sorte de vigaristas, interesseiros e interessados. Enfim, cada um já trata de usar o presente para arranjar um futuro.

Ao fim, o recado de Marco parece claro: o candidato do governo terá que ser o candidato do governo, com suas recompensas, mas também sacrifícios. Ninguém será ‘candidato de si mesmo’ ou do ‘contra tudo que está aí’. É caro para o prefeito o legado que pretende entregar ao fim dos oito anos, onde terá pago R$ 250 milhões em dívidas (seu sacrifício), mas projeta concluir obras nunca antes feitas, como as pontes (recompensa para o governista que for às ruas pedir votos).

A vida não foi fácil para Marco, politicamente falando. É bom não esquecer de lembrar que em 2015 qualquer buquemeque feito no Argeu, ou outro bar, o colocava sempre como azarão. Resiliente, chegou em segundo no pleito anulado em 2016, recompôs apoios e venceu a eleição suplementar de 2017 aumentando em 15 mil a votação.

Nem Marco, nem Bordignon chegaram tão longe apenas ganhando curtidas no facebook. Como os dois estão fora das urnas em 2020, as crianças não serão tiradas da sala. Mas tanto um quanto o outro seguirão com controle remoto nas mãos. Quem tiver mais pilha, se não decide quem vence, decide quem perde.

Isso se não assistirem a mesma trama de Netflix.

 

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