Que bagunça está o PSB de Gravataí!
Vamos aos fatos, os chatos que atrapalham argumentos – e versões.
Na eleição para a mesa diretora da Câmara, o socialista Wagner Padilha foi eleito segundo secretário com os votos da base do governo Marco Alba (MDB). É o vereator que se notabilizou pelo personagem Tô de Olho no Buraco, cujas esquetes, travestido como o gaúcho Floriano Flor de Tuna, e críticas ao prefeito, garantiram uma eleição na rabeira dos socialistas e dos 21 eleitos.
Até aí, normal, coisas da política. O próprio Padilha fala a quem quiser ouvir – e já usou inclusive a tribuna – que durante a campanha extrapolou nas críticas a Marco (e inclusive paga indenização por isso, após perder ação judicial), mas ao conhecer os números da prefeitura, começou a elogiar os esforços do prefeito para colocar as contas em dia e fazer obras. Inúmeras vezes, vota com o governo, como também fazem outros vereadores de oposição, já que Gravataí não tem – e isso é bom – oposicionistas que votam contra tudo que o governo apresenta.
O problema político é que o PSB tinha candidatos na eleição para a mesa diretora. À presidência, nada menos que o presidente do partido em Gravataí, Paulo Silveira, concorria contra o governista Clebes Mendes (MDB). Para aumentar a crise, o outro vereador da bancada, Carlos Fonseca, concorreu ao mesmo cargo que Padilha, ao lado de Paulo, como candidato da chapa lançada pela oposição para marcar território – já que o governo tinha garantidos 13 votos, entre os 21.
O constrangimento reinou entre os socialistas no Kinder Ovo da José Loureiro porque Padilha não só votou em Clebes, como foi lançado por ele como segundo secretário. Ao fim, com 14 votos, o ‘Bolsonaro da Aldeia’ venceu a eleição, Padilha também. Para aplausos do prefeito Marco Alba, que foi até a Câmara assistir a sessão onde o socialista ainda reclamou de, enquanto Luis Stumpf circulava pelo legislativo, estar sendo ameaçado de expulsão "por um dirigente partidário".
LEIA TAMBÉM
Tempos de guerra no PSB de Anabel e Paulo Silveira
Que o PSB de Gravataí não se entende, a divisão na eleição deste ano mostrou. Se na escolha de Paulo para o comando do partido, em 2017, os três vereadores estiveram juntos contra Anabel Lorenzi, em 2018 a candidata a prefeita nas três últimas eleições, com 40 mil, 25 mil e 23 mil votos, e Padilha, se aliaram para apoiar seus candidatos, e Paulo e Carlos fizeram campanha para outros.
Mesmo que os partidos, todos, estejam desacreditados e vivendo crises de identidade Brasil afora, o comentário sobre tantos desencontros é óbvio, e os fatos descritos acima indubitavelmente sinalizam: Paulo Silveira tem a presidência do PSB conquistada no voto, mas o comando moral só faz esmorecer! Aqui não tem nada a ver com imoralidade (até porque nada consta sobre Paulo neste sentido), mas com desmoralização política.
Faça um exercício: imagine se em 2019 o candidato de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência da Câmara Federal não tiver os votos dos deputados do partido do presidente. Crise, não? De Jornal Nacional.
Rolos ou armistícios partidários não botam comida na mesa de ninguém, mas servem como termômetro da unidade, e do balanço das forças e fraquezas, dos políticos para a próxima eleição. Falta muito até 2020, mas o PSB só faz ampliar sua crise interna.
O PT tem, ou tinha um grito de guerra: “Partido, Partido, é dos Trabalhadores”. Nada mais adequado para quem conhecia os diferentes enredos no desfile – quase sempre nada amigável – de alas partidárias. Aos socialistas da aldeia, uma adaptação cabe perfeitamente, literalmente até, se você observar onde estão maiúsculas e minúsculas: “Partido, partido, é o PSB”.
O leitor que acompanha mais a política de Gravataí pode cobrar:
– Por que não fala do PSD, onde aconteceu a mesma coisa, com vereadores se dividindo entre governo e oposição na eleição para a presidência da Câmara?
É que Bombeiro Batista (governo), Dilamar Soares (independente) e Dimas Costa (oposição), os três vereadores do insípido, inodoro e incolor PSD, não fazem nenhum esforço para convencer sobre a unidade do partido – partido desde sempre, e onde Dimas, pelo menos em relação aos vereadores, sabe que é presidente só dele próprio.
No PSB, Paulo Silveira ainda se esforça.
LEIA TAMBÉM