Dois meses depois do encontro da menina Eduarda Herrera de Melo, de nove anos, morta nas proximidades da RS-118, às margens do Rio Gravataí, no limite entre Gravataí e Alvorada, o crime permanece misterioso e com a investigação sob sigilo pela Polícia Civil. De acordo com a delegada Andrea Magno, da Delegacia de Proteção da Criança e Adolescente Vítima, do Deca, não há prazo para encerrar o inquérito, que até o momento não chegou a um suspeito concreto. Ninguém foi preso até o momento.
— Fizemos uma série de diligências, inúmeras oitivas, dados colhidos a partir de exames periciais e tudo isso está sob análise pela nossa equipe de investigação. Não podemos informar mais detalhes sobre o caminho da apuração em virtude do sigilo judicial do inquérito — aponta a delegada.
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Dias depois do assassinato, a polícia divulgou um retrato-falado do homem apontado como responsável pelo rapto da menina, na zona norte de Porto Alegre. Isso provocou uma enxurrada de denúncias. De acordo com a delegada, todas as informações foram checadas cuidadosamente, o que tomou boa parte do tempo da apuração ao longo dos últimos dois meses. Chegaram à polícia pelo menos 50 relatos dando conta de homens parecidos com o retrato-falado. A delegada evita detalhar o resultado das apurações, mas assegura que mais da metade já foi descartada.
— Não significa que temos algum suspeito concreto. Tudo está sob investigação no momento — explica.
Na mesma onda de denúncias, o caso da menina Eduarda também despertou uma série de relatos com casos de supostas tentativas de raptos de crianças na região metropolitana. Entre Gravataí e Cachoeirinha, inquéritos foram abertos para apurar as denúncias, mas nenhum caso se confirmou. Segundo Andrea Magno, também não foi constatada qualquer semelhança entre estas investigações e a apuração do assassinato de Eduarda.
A maior parte dos depoimentos colhidos pelos policiais até o momento envolveu crianças que conviviam com a menina, exigindo, com isso, um tratamento diferenciado e também mais cuidadoso por parte dos investigadores. O auxílio técnico que eles esperavam contar, a partir de imagens de câmeras de monitoramento, ajudou muito pouco, pelo horário do crime.
— Ainda não podemos afirmar publicamente sequer uma motivação clara para o crime — diz a delegada.
O crime
Conforme a ocorrência policial original, Eduarda brincava na frente de casa, no Bairro Rubem Berta, na noite de 21 de outubro, quando a mãe recebeu um eletricista na casa e acabou deixando a menina em torno de sete minutos sozinha, brincando de roller na calçada. Foi o tempo suficiente para que um homem em um carro vermelho a atraísse e raptasse.
Testemunhas relataram à polícia terem ouvido o grito de socorro de Eduarda, mas não conseguiram parar o carro do suspeito. Ela teria sido levada do Rubem Berta por volta das 20h45min. Já na manhã de segunda, dia 22 de outubro, quando o Deca já estava mobilizado nas buscas durante uma madrugada inteira, o corpo da menina foi encontrado dentro da água do Rio Gravataí, bem próximo da margem, sem marcas de tiros aparentes e com roupas. O corpo estava a cerca de 20 quilômetros do local do rapto.
Segundo apontou a perícia, a causa da morte de Eduarda foi afogamento. A polícia não esclarece até o momento, porém, se ela sofreu algum tipo de abuso ou como foi provocado o afogamento que a levou à morte.