A estratégia de Eduardo Pazuello na CPI, antes do desmaio, surpreendeu quem mais fazia torcida do que prospectava possibilidades sobre seu depoimento.
A torcida esperava que Pazuello saltasse fora e largasse tudo no colo de Bolsonaro.
Se ele tinha a garantia de que não precisava responder perguntas que o incriminassem, esperaram que o general comprometesse outros das facções do governo e até Bolsonaro.
Todo mundo sabe que todas as suas ações ou omissões foram, é claro, determinadas pela conduta de Bolsonaro. Mas Pazuello disse que não, que tudo que ele fazia não tinha orientação nenhuma de Bolsonaro.
O general preferiu apresentar o chefe como um sujeito omisso, ausente e indiferente à maior tragédia brasileira, do que como cúmplice das suas decisões no Ministério da Saúde sobre disseminação de cloroquina, sabotagem das vacinas e negligência diante da falta de oxigênio em Manaus.
Pazuello matou no peito e assumiu tudo. O general aposta que todos os inquéritos que o envolvem são o custo a pagar por ter sido ministro. Ele assume a bronca da cloroquina, do oxigênio de Manaus e dos rolos com vacinas e segue em frente.
Porque Pazuello está certo de que não vai dar nada, nem com as denúncias recentes do Jornal Nacional sobre contratos falcatruas com amigos no Ministério da Saúde.
O general mentiu além do que esperavam que mentisse, livrou o chefe e se convence de que vai ficar impune.
É o que ele acha que vai acontecer e que, pelo histórico dos processos contra a extrema direita, talvez aconteça. É só não desmaiar de novo, porque pode ficar chato.