crise do coronavírus

Prefeituráveis de Gravataí, segurem seus ’carluxos’, não politizem o vírus; culpem Deus!

Letreiro de Gravataí vandalizado | Foto ARQUIVO

Fora um ou outro episódio, o novo coronavírus não tinha sido contagiado pela política, em Gravataí. Nos últimos dias, infelizmente, foi.

Grandes Lances dos Piores Momentos foram protagonizados por dois ‘pitbulls’, de oposição e governo.

É só do que não precisamos, quando temos sete famílias enlutadas, 253 casos confirmados que, potencialmente ao número de testes correspondem a cerca de 24 mil infectados, e uma curva ascendente que cresceu mais de 100% neste julho, que é o ‘pior mês da COVID-19’.

Sem falar da emergência e do hospital de campanha superlotados, como tratei nesta segunda em Emergência do Becker e hospital de campanha estão lotados; superintendente da Santa Casa faz radiografia.

Como jornalismo é dar nome às coisas, e às personagens, vamos lá.

Em maio, o PDT, de Anabel Lorenzi, encarnou a grita de grêmio estudantil em ‘denúncias’ desastradas, como posts de partidários falando em ‘genocídio’ com a reabertura da indústria, principalmente da GM. Mas o partido, que tem uma das principais candidaturas de oposição, pareceu compreender a gravidade do momento e não mais politizou o vírus, optando por críticas pontuais – e aí aceitáveis – como o corte no pagamento dos estagiários.

Só que nesta semana o coordenador da campanha de outro dos principais candidatos da oposição, Dimas Costa, o controverso advogado Cláudio Ávila, e também o vereador Alan Vieira, que apoia Luiz Zaffalon à Prefeitura e é o ‘filho político’ do prefeito Marco Alba no imaginário de quem acompanha política na aldeia, cometeram posts desnecessários, por infantis.

Alan acusou o governador Eduardo Leite de ‘colorir’ o mapa do Estado, ao reclassificar Gravataí da bandeira laranja, de risco médio, para vermelha, de alto risco, no Distanciamento Controlado do Governo do RS. Já Ávila acusou o prefeito de não ter subsídio para recorrer da decisão e, para sustentar sua tese, citou a abertura de leitos em Cachoeirinha e Canoas, cidades onde prefeitos apresentaram recursos ao Estado.

Aparecer um pouco pode ser bom para Alan, candidato à segunda reeleição. Para Ávila também, depois que, com a volta que deu em Daniel Bordignon, como contei em Cláudio Ávila deu um 1º de abril em Bordignon; o habeas corpus, habilmente garantiu seu lugar como coordenador de campanha. Alan aproveitou para vilanizar ainda mais Eduardo Leite na polêmica ‘Mercado Livre é a Ford de Gravataí’, como tratei no artigo (que tem uma série de links detalhando a história) Perder Mercado Livre é pior que Ford, diz Marco Alba a Eduardo Leite; o ’delivery’. Já Ávila defendeu corajosamente o governador em suas redes sociais.

Ok, mas e a COVID-19?

Minha opinião sobre os tais recursos manifestei em Miki joga para torcida ao recorrer, Marco Alba reconhece ’doença’ na saúde; comerciantes, saibam como operar na bandeira vermelha!. Por que então Ávila e Alan não apresentam dados técnicos? Ávila, sobre o que Marco Alba poderia ter feito. Alan, sobre o que o governador poderia ter feito.

Cachoeirinha não é parâmetro, porque são 60 leitos, mas 8 UTIs. O hospital de campanha é um grande centro de triagem e observação. Não só em Cachoeirinha, mas também em Gravataí, quando a barra pesa, é protocolo definido transferir para hospitais referenciados na região. Não é questão de querer, é regra, norma sanitária determinada pelo Ministério da Saúde e regulada pela Secretaria Estadual da Saúde.

Sinto-me confortável para fazer a crítica porque antecipei uma semana a bandeira vermelha, e alguns chamaram 'coveiro de plantão', em Bandeira vermelha pode fechar comércios em Gravataí e Cachoeirinha; efeito ’pior mês da COVID’

E quem me lê sabe que sou um crítico, quase que solitário na mídia gaúcha, ao Distanciamento Controlado do Governo do RS, que identifico como um ‘experimento meio descontrolado’. Só que minha crítica não é relativa ao fechamento de atividades com a bandeira vermelha, e sim devido à abertura incontrolável em momento de ascendência da curva.

Usamos um modelo sueco, de transferir a responsabilidade para as pessoas, com uma cultura brasileira de desobediência às regras – pilhada por um ‘napoleão de hospício’ que ocupa a Presidência da República e não tem noção de que o peso de suas palavras mata. Vale lembrar que nem na Suécia funcionou, já que em sua vizinhança é o ‘país infectado’.

O Governo do RS repassou às prefeituras a fiscalização dos protocolos, o que é inviável.

Ao fim, entendo que está tudo errado. Fingimos fechar e nos prejudicamos sanitária, e economicamente. E assim seguimos. A segunda onda chegou quando nem a primeira atravessamos no Brasil – assim como nosso primo rico, os Estados Unidos.

Humanamente, baixamos a guarda. Eu baixei, não me eximo da responsabilidade. Paguemos o preço e peçamos desculpas a quem seguiu as regras, principalmente comerciantes que vão quebrar. Mas a bandeira vermelha é inevitável.

Achar vilões e politizar o vírus é deplorável, até porque tanto Marco Alba, em Gravataí, como Miki Breier, em Cachoeirinha, tem feito o possível, e as pesquisas mostram aprovação, como o Seguinte: publicou em Pesquisa mostra aprovação a medidas de Marco Alba na pandemia, siga na íntegra e Pesquisa mostra aprovação a medidas de Miki na pandemia; siga na íntegra.

Gravataí parecia livre desse contágio político. Se Anabel, Dimas e Zaffa, os principais candidatos à Prefeitura em 2020, não segurarem seus carluxos, perdemos todos. Se, no balanço entre Freud e Lacan, precisarmos do 'Grande Outro', do 'papai-sabe-tudo', mais justo seria então culpar a Deus, exista ou não.

A pandemia, sim, existe. São mais de 1 milhão de casos e 50 mil mortes com velório restrito e caixão fechado.

 

LEIA TAMBÉM

Com o dobro de mortes e curva ascendente, região Gravataí-Cachoeirinha está em bandeira vermelha; saiba como ficam comércios

Miki joga para torcida ao recorrer, Marco Alba reconhece ’doença’ na saúde; comerciantes, saibam como operar na bandeira vermelha!

Hospital de campanha não é lugar de celular; O Urinol de Maiakóvski

Como funciona o hospital de campanha de Gravataí; assista

Miki joga para torcida ao recorrer, Marco Alba reconhece ’doença’ na saúde; comerciantes, saibam como operar na bandeira vermelha!

Cachoeirinha tem segunda vítima; mortes pela COVID 19 se espalham pelo ’eixo da 118’

A COVID 19 está espalhada por Gravataí; siga o ranking dos bairros infectados

Gravataí ultrapassa 200 casos da COVID 19 e média diária salta de 1,9 para 7,7 em junho; potencialmente são 23 mil infectados

Cachoeirinha ultrapassa 200 casos; incidência é maior que ’epicentro’ Porto Alegre e regiões de bandeira vermelha

Marco Alba pede ajuda à comunidade para não ter que fechar comércios; contágio cresceu 90 por cento em 2 semanas.

’Gripezinha’, ’carreatas da morte’, Páscoa, reabertura e Dia das Mães; a progressão da COVID 19 em Gravataí e Cachoeirinha

Perdi meu pai para COVID 19; o depoimento de uma gravataiense

Clique aqui para ler a cobertura do Seguinte: para a crise do coronavírus

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade