opinião

Retira a Polícia Legislativa, presidente!

Câmara de Cachoeirinha protegida pelo Choque, em 30 de março de 2017

A tragicômica criação da 'Polícia Legislativa' na Câmara de Cachoeirinha acabou na… Polícia!

Metralhado no Grande Tribunal das Redes Sociais, o presidente Fernando Medeiros registrou BO com base no artigo 139 do Código Penal: “Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação; Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa”.

Obviamente, e não me refiro a baixarias e fake news, o político deve estar pronto para receber críticas depois de apresentar, ao lado dos colegas Cristian Wasem, Duda Keller e Jack Ritter, a Resolução 7/2019 que prevê a criação de cargos de ‘policiais legislativos’ na Câmara, mesmo que o preenchimento não se dê por indicação política, mas sim por concurso.

Para piorar, o projeto, que usa como modelo a prima rica Assembleia Legislativa, na versão inicial incluía como função dos policiais a segurança de vereadores em viagens e do presidente da Câmara em qualquer localidade do território nacional e no exterior.

O projeto foi revelado pelo site O Repórter, em reportagem que você lê clicando aqui.

O presidente explicou em post em seu Facebook que o objetivo é “a segurança das pessoas que vão à sessão e não a segurança dos vereadores, como foi difundido por algumas pessoas mal intencionadas”.

– A Câmara é responsável pela segurança dos presentes e deve fornecer estrutura para zelar pela segurança de todos. Alguns órgãos públicos requisitam a Brigada Militar, por ter o porte de arma, para esta tarefa. Temos o entendimento que a BM deve estar nas ruas e não a disposição da Câmara – argumenta.

Não me convenceu.

É uma argumentação que não se sustenta.

Antes de analisar esse teatro do absurdo, pergunto: por que alguém precisa arma dentro da Casa do Povo?

Se há evidências disso, um detector de metais custaria bem mais barato do que contratar funcionários de carreira, com estabilidade, vantagens e aposentadorias pagas ao longo dos anos pelo contribuinte de um município que já gasta seis em cada dez reais da receita com funcionalismo público.

E já seria um gasto de difícil justificativa.

Frequentadores assíduos da Câmara me reputam como suficiente o atual serviço terceirizado de segurança – que não seria cancelado com a criação dos cargos!

Como meias verdades são meias verdades; é preciso cuidar para que o que se diz não seja, mesmo que com boa fé, confundido com aquela parte mais próxima da mentira.

Sabemos que votações com potencial de confronto são bissextas na Câmara, e a Brigada Militar continuará a ser chamada, já que os tais ‘policiais legislativos’ não poderiam atuar como policiais da porta para fora.

Enfim, buscando um exemplo no passado das covardias: não seriam policiais legislativos a usar de spray de pimenta e distribuir cadeiradas em professores, como aconteceu em 2017 na gestão de Marco Barbosa, em dia de votação do ‘pacotaço do Miki’.

Seriam PMs a receber condecoração!

O momento da apresentação da Resolução 7 também pode provocar um constrangimento adicional aos políticos. Como a maioria dos idealizadores se mostrou simpático, pegaria muito mal criar empregos na Câmara logo após o golpeachment contra o prefeito Miki Breier e o vice Maurício Medeiros ser praticamente sepultado pelo Ministério Público e a Justiça – o que, pelo menos em teorias da conspiração, impede Cachoeirinha de repetir Gravataí, onde depois do impeachment de Rita Sanco e Cristiano Kingeski os cargos da Prefeitura foram loteados entre a ‘República de Vereadores’.

Ao fim, deu ruim: retira a resolução, presidente!

E os colegas de mesa diretora batam palmas e agradeçam por teres apanhado sozinho.

É um bom jeito de protejam o parlamento, já que fiascos políticos constuma respingar em todos os parlamentares.

Insistir nessa história de ‘Polícia Legislativa’ permitirá importar para Cachoeirinha aquele aforismo do Millôr:

– Nossos legisladores, ressabiados, legislam pisando em ovos. Do povo.

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