A convivência com as margens do Rio Gravataí tem me propiciado o conhecimento de novas e surpreendentes emoções, até então não imaginadas pelos meus conhecimentos técnicos sobre a bacia hidrográfica do Gravataí.
Há aproximadamente quatro anos fui contemplado com uma gravação de um morador do bairro Mato Alto sobre a existência de bandos de macaco Bugio e sua relação com um pomar de frutas existente em sua propriedade que sofria constantes ataques.
Mais recentemente, fui procurado por uma moradora da Paragens Verdes Campos que relatou a existência de bandos de Bugio que frequentavam os corredores de vegetação que circundam o loteamento e que poderiam ser prejudicados por um novo empreendimento que será instalado em breve aos seus arredores.
Com a possibilidade de frequentemente estar pela parte da manhã junto ao Barco Rio Limpo no Mato Alto, estas agradáveis surpresas têm cada vez mais me surpreendido ao não somente escutar seus roncos, mas criar a convicção de que necessitamos urgentemente proteger a sua existência.
Com a urbanização avançando para os locais de seu habitat, não podemos negar que esta variável deve ser considerada na aprovação de novos empreendimentos imobiliários no distrito do Barro Vermelho e os limites entre a área urbana e rural não podem ser simplesmente modificados para atender a especulação imobiliária.
Considerar a existência deste primata e garantir com que ele se mantenha em condições protegidas é fundamental para a sua alimentação.
Divulgarmos a sua existência é essencial para podermos garantir o ecossistema equilibrado e que não venhamos a ter que frequentar zoológicos para podemos conviver com nossos ancestrais.
No planejamento urbano, necessitamos primeiramente conhecer as características naturais dos ambientes a serem ocupados e modificados, procurando-se quando for extremamente necessário, minimizar o impacto se sua ocupação.
Inverter esta lógica, com certeza é construir uma cidade insustentável, que não preserva suas riquezas naturais.
Licenciamento ambiental não pode ser apenas cartorial para atender as necessidades dos que juram entender de planejamento e se atribuem a si uma visão estreita de ocupação do espaço territorial.
Salvemos o BUGIO!