Não tem trégua para o prefeito Miki Breier (PSB). Em uma assembleia com cerca de 600 pessoas presentes, só 11 votaram pelo fim da greve que nesta terça-feira (18/4) chegou ao seu 43º dia de duração, a mais longa paralisação nos 50 anos de história de Cachoeirinha.
— É greve até a vitória — bradaram os servidores que rejeitaram a proposta firmada em reunião do último dia 13 em porto Alegre, entre o Sindicato dos Municipários (Simca) e representantes do governo, com intermediação do Ministério do Trabalho.
Os servidores não aceitaram o pedido de trégua da Prefeitura, que queria 60 dias de prazo para negociar com o funcionalismo um plano de ações para ajudar a recompor as finanças do Executivo – ‘pacotaço’ aprovado na Câmara em 24 de fevereiro.
E também rejeitaram o resultado de duas reuniões realizadas ontem à tarde e hoje pela manhã, com o governo, para tratar da reposição salarial, dos dias parados, aos servidores municipais.
Ontem a proposta feita pelo secretário de Governança e Gestão, Juliano Paz, e equipe, era restituir o equivalente a cinco dias do total de dias da greve, por mês. Hoje a proposta aumentou a compensação para sete dias do tempo parado, a cada mês.
: Servidores se revezaram ao microfone na assembleia conduzida pelo presidente do Simca, Guilherme Runge.
A única trégua admitida pela categoria foi em relação à presença na sessão da Câmara de Vereadores de daqui a pouco, que estava na programação de greve da categoria. A decisão foi por voltar para casa, hoje, e marcar presença maciça às 8h desta quarta na frente da Prefeitura.
Uma comissão do Simca liderada pelo presidente Guilherme Runge vai entregar ao governo municipal um documento relatando as decisões tomadas há pouco no ginásio coberto da Escola Municipal de Ensino Fundamental Jardim do Bosque.
: Ampla maioria – foram só 11 votos pelo fim da greve – decidiu continuar o movimento que já dura 43 dias.
A categoria já foi para a assembleia com a disposição de manter a paralisação que exige a revogação do pacote de medidas do governo Miki aprovadas no final de fevereiro e da lei que promoveu um escalonamento na concessão do vale-alimentação.
Além disso, o Simca e os grevistas – a maioria das áreas da educação e saúde – não aceitam a decisão do governo de não pagar pelo menos parte dos dias parados. De acordo com o Simca, há jurisprudência que manda pagar pelo menos o equivalente a 30% dos dias da paralisação.
Com uma charanga e buzinas, além de muitas camisetas com frases diversas, os servidores municipais de Cachoeirinha que estiveram na assembleia demonstraram firme disposição de manter o movimento até que o governo retroceda.
— Se eles querem nos ganhar pelo cansaço, pelo desgaste, podem ter certeza que do lado deles (Prefeitura) também há cansaço e desgaste. Talvez até eles estejam mais cansados e mais desgastados do que nós — disse um dos quase 40 servidores que foram ao microfone defender a continuidade da greve.
O agente de trânsito Luiz Giovani Kauer, membro da comissão de negociação do Sindicato dos Municipários, foi um dos que pregou a necessidade de manter a coesão e atrair mais colegas ao grupo dos grevistas como forma de derrotar o governo.
— Essa greve não é do Simca, é de todos os servidores. Se a ideia do governo é enfraquecer o movimento, temos que mostrar cada vez mais forças, e esta assembleia é uma demonstração da nossa união e da nossa capacidade de articulação — disse Kauer, ao microfone.
Frases nas camisetas
— O sindicato é forte quando eu participo.
— A direção da luta se define pela base.
— Professor merece salário de vereador e prestígio de jogador.
— Quem não luta pelos seus direitos não é digno deles.
Aula de matemática
O Sindicato dos municipários – e parte dos grevistas – insistiu, na assembleia de hoje, que o movimento chegou ao seu 44º dia nesta terça-feira. Vamos à aula!
A greve iniciou no dia 6 e o primeiro dia só se completou na manhã do dia seguinte. Assim sendo, e como março teve 31 dias, o movimento teve no mês passado um total de 25 dias completos.
Some-se, então, aos 25 dias de março, os 18 dias de abril que correspondem a esta terça-feira. Se chegará a um total de 43 dias em greve, hoje. Amanhã se completarão 44 dias. Depois de amanhã, 45 dias, e assim por diante.
Sugestão de pauta
O servidor Claudemir Sá, da secretaria de Planejamento e Captação de Recursos, é um ferrenho defensor do movimento e foi o primeiro a se manifestar. Na sua fala, ele apresentou um conjunto de propostas que chamou de “sugestão de pauta", entregue ao presidente Guilherme Runge, do Simca.
O que Claudemir sugere:
1
Que seja revogado todo o pacote com as medidas que mexem na composição do salário dos servidores.
2
Redução do salário de todos os CCs do Executivo em no mínimo 40% definido em lei (aprovada pela Câmara).
3
Redução do número de diretores de forma que cada secretaria tenha apenas um.
4
Exigência de nível superior e comprovação de atuação profissional na área de formação para nomeação de secretários e diretores.
5
Que todos os CCs tenham salário e formação equivalente, pelo menos, ao funcionário concursado e em fase inicial na carreira, na área de atuação de ambos.
6
Que seja feita uma avaliação de todos os CCs do Executivo, exigindo documentação comprovando que não há pendências judiciais em seu nome, e que sejam exonerados os que tiverem problemas com a lei.
7
Que seja reduzido em 80% o número de estagiários – “cargos que são todos políticos e que depois vão ser cabos eleitorais”, afirmou – e que eles atuem efetivamente na área correspondente ao curso que estão fazendo.
8
Criar uma força tarefa para a fiscalização de forma a aumentar a arrecadação através da cobrança dos contribuintes inadimplentes.
9
Criar um grupo de trabalho para avaliação das isenções concedidas nos últimos oito anos.
10
Que o prazo para avaliação das medidas necessárias para adequar as finanças municipais seja ampliado para 120 dias.
11
Que seja criada uma força tarefa integrada por representantes do Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado e deputados para apurar a existência, ou não, de nepotismo cruzado.
12
Fim da concessão de recursos públicos para promoções de CTGs, igrejas, associações e outras entidades.